Bancada evangélica caminha sobre ovos com Lula

Em Goiás, há dois parlamentares na bancada, mas sem definição sobre aliança com petista

Postado em: 14-02-2023 às 08h00
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: Bancada evangélica caminha sobre ovos com Lula
Em Goiás, há dois parlamentares na bancada, mas sem definição sobre aliança com petista. | Foto: Ricardo Stuckert

Cada vez mais próxima do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a bancada evangélica – ou da Bíblia – enfrenta resistência por parte de seus integrantes. Os parlamentares que representam o neopentecostalismo foram fiéis escudeiros do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), enquanto esteve na mais importante cadeira do Executivo, durante quatro anos.

A bandeira mais latente desse grupo de parlamentares é o incisivo combate às pautas progressistas no campo da comunidade LGBTQIAP+, aborto de descriminalização da maconha. Claro, esses são alguns pontos mais aclamados pelo conservadorismo costumeiro. 

Os primeiros sinais de que haja uma guinada para garantir uma governabilidade “responsável” de Lula da Silva foi a disputa para a liderança da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) para o biênio 2023/2024. Desta vez, a presidência da frente terá uma alternância a cada seis meses dos deputados federais Eli Borges (PL) e Silas Câmara (Republicanos). 

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Enquanto Eli Borges continua um bolsonarista “raiz”, a bancada conta com o equilíbrio do republicano Silas Câmara, que, sob a ótica do partido da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), busca dialogar com Lula e seu entorno político-ideológico para garantir apoio aqui e acolá, sem perder a veia independente do grupo conservador. 

A bancada da Bíblia, por outro lado, também conta com a participação de lulistas de dentro do partido, como a deputada federal evangélica Benedita da Silva (PT) e do deputado federal André Janones (Avante). O mineiro candidatar-se-ia à presidência, mas devolveu a bola ao projeto que acabaria elegendo Lula para o terceiro mandato. 

No joio da bancada também existem parlamentares de partidos que, desde antes do pleito que elegeu Lula, apoiam o atual mandatário: MDB, PSD e União Brasil. Ou seja, parlamentares que não devem dar nenhum tipo de problema para projetos fundamentais para a governabilidade do petista. Claro, existem as pedras nos sapatos, como já citado acima, de pautas progressistas contrariamente aos interesses dos conservadores de plantão. 

Dos 17 deputados federais de Goiás, apenas dois fazem parte do bloco: o empresário Glaustin da Fokus (Podemos) e o pastor Jeferson Rodrigues (Republicanos).  Glaustin é o único que já foi deputado federal. Ele foi reeleito pela primeira vez. O parlamentar, inclusive, é um dos vice-líderes da Frente Parlamentar Evangélica (FPE). 

Na legislatura que terminou em fevereiro deste ano, havia, na bancada, o deputado federal João Campos (Republicanos). O político, que também atuava pela segurança pública, disputou o Senado Federal na chapa do então candidato a governo Gustavo Mendanha (Patriota), mas não foi derrotado para o aliado do presidente Jair Bolsonaro, Wilder Morais (PL).

Por enquanto, o que se espera da bancada goiana ligada aos evangélicos é uma aproximação – é bom repetir – “responsável” com o governo do petista Lula da Silva. O Podemos nacional pelo menos está de acordo, diferente de parte do Republicanos que, sob alguma influência do bispo Edir Macedo, ainda  anda sobre ovos diante do novo governo.

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