Goiânia tem ato pró-Lula

Manifestantes do PT, de outros partidos e de movimentos sindicais contrários a prisão do ex-presidente se manifestaram na Praça do Bandeirante

Postado em: 07-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Manifestantes do PT, de outros partidos e de movimentos sindicais contrários a prisão do ex-presidente se manifestaram na Praça do Bandeirante

Lucas de Godoi e Mariana Oliveira*

Um ato na Praça do Bandeirante, no centro da capital goiana, reuniu centenas de pessoas para manifestar contra a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ato, chamado de “Lula Livre – em defesa da democracia”, protestou até o início da noite, sem registro de violência. A mobilização começou ainda durante a madrugada de quinta-feira (5), na sede municipal do PT, quando militantes da juventude do partido se reuniram para discutir as estratégias para mobilizações. 

Ontem os manifestantes se reuniram por volta das 13 horas, em uma vigília, no diretório estadual do PT. De lá seguiram para a Avenida Goiás, onde protestaram em apoio ao ex-presidente. O grupo, formado por entidades sindicais e partidos como PSOL, PCB, PT e PCdoB, também contou com o apoio da Unidade Popular e movimentos sociais como Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MST), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular.

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Com discurso pautado na “defesa da democracia, contra o golpe”, os militantes disseram entender que a prisão do ex-presidente Lula é ilegal. “Foi um processo judicial forjado, as provas não comprovam que ele realmente tenha cometido esse crime, essa prisão quer impedir que ele seja candidato à presidência. Estamos aqui porque acreditamos que é importante que ele seja candidato. Queremos enfrentá-lo nas urnas e não em um golpe que vai impedir que ele seja candidato”, disse João Pulcinelli, militante do PSOL.

São Bernardo

Em São Bernardo do Campo, militantes do PT, de outros partidos e de diversos movimentos sindicais começaram a tomar conta do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ainda na noite de quinta-feira. Depois que o dia amanheceu a concentração foi aumentando, à medida que se aproximando das 17 horas, prazo estipulado pelo juiz federal Sérgio Moro para que o ex-presidente se entregasse voluntariamente na sede da Polícia Federal, em Curitiba. “Fique tranquila. Os justos vencerão”, disse Lula a uma militante que chorava no local. 

Ao menos oito estados tiveram rodovias bloqueadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Segundo o MST, foram interditadas estradas no Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Sergipe. 

Em Belo Horizonte (MG), militantes do MST promoveram o “escracho” do prédio onde a presidenta do STF, Cármen Lúcia, tem um apartamento. Por volta das 16h20, segundo informações do MST, cerca de 450 militantes atiraram bombas de tintas e fizeram pichações nos muros e calçadas do prédio. “Não vamos dar descanso para toda essa corja que deturpa as leis para beneficiar interesses do capital. Assistimos essa semana que o Supremo é tão golpista quanto Temer”, afirmou à imprensa Miriam Muniz da direção do MST.

Enquanto milhares de pessoas se manifestavam em frente ao Sindicato, lideranças políticas se revezavam para discursar de cima de um grande caminhão.  Pelo menos lideranças partidárias do PSOL, PCdoB, da CUT e de movimentos sociais, além de militantes do próprio PT discursaram no ato. “Eu queria deixar claro que não há por parte do presidente Lula nenhum descumprimento da sentença do mandado de prisão expedido pelo juiz Sérgio Moro. Ele tinha a opção dada pelo juiz de ir até Curitiba. Não exerceu essa opção”, disse a senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann. “Ele está aqui no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, em um lugar público. Muitas pessoas sabem onde ele está. Aliás, o mundo sabe onde ele está. Vocês estão acompanhando. Aqui ele permanecerá junto com a militância”, acrescentou Gleisi. (*Especial para O Hoje) 

Manifestações ocorreram em mais de 50 cidades 

Em mais de 50 cidades de todas as regiões do Brasil, centrais sindicais, movimentos sociais, estudantes e apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveram manifestações ontem, contra a ordem de prisão dele, decretada pelo juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná.  Moro havia dado a Lula o prazo até às 17h de hoje para o político se entregar.

Já pela manhã, mais de 50 rodovias foram fechadas em atos promovidos principalmente pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na Paraíba, uma jovem foi baleada na perna por uma pessoa que furou o bloqueio em uma das estradas.

Nas capitais, a Frente Brasil Popular (que reúne entidades como a CUT, o MST e a UNE e o PT) e a Frente Povo sem Medo (formada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e por diversas outras organizações) promoveram vigílias, atos e trancamentos de vias urbanas.

Nas manifestações, os ativistas criticaram a condenação de Lula e questionaram o juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso na 1ª instância e pelo pedido de prisão do ex-presidente, bem como outros membros de cortes onde o processo foi analisado, como o Supremo Tribunal Federal. 

O maior ato ocorreu na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, para onde Lula se dirigiu após a ordem de prisão e onde passou o dia, em negociação com a Polícia Federal sobre sua apresentação. Além da vigília na sede do sindicato, ocorreram atividades na capital, São Paulo, e em Campinas.

No Rio, milhares de pessoas ocuparam a praça junto à Igreja da Candelária. Com o apoio de um carro de som, os militantes discursaram contra a ordem de prisão contra Lula. Militantes se revezaram ao microfone defendendo a liberdade para o ex-presidente. Após a concentração, os manifestantes seguiram em passeata pela Avenida Rio Branco rumo à Cinelândia, onde foi programado um grande ato político. A maior parte do comércio permaneceu aberta e o policiamento ostensivo praticamente não foi visto, com exceção de uma ou outra viatura da PM em algumas esquinas.

Em Minas Gerais, mais de dez cidades tiveram atos a favor de Lula, como Juiz de Fora, Governador Valadares, Viçosa, Uberlândia e Ouro Preto. Na capital, Belo Horizonte, houve manifestação na BR-381, na região metropolitana de Belo Horizonte. No Espírito Santo, um trecho da BR 101 foi bloqueado.

Norte e Nordeste

A Região Nordeste concentrou o maior número de protestos. Na Bahia, foram interditados 11 trechos das BRs 330, 101, 116, 235 e 001, além das estradas BAs 290 e 367. Em Salvador, cinco avenidas foram fechadas, incluindo o acesso ao aeroporto e a via da região da rodoviária, conhecida como Iguatemi. Também houve atividades em Feira de Santana e em Vitória da Conquista.

No Ceará, movimentos promoveram manifestações nas cidades de Caucaia, Cariri, Iguatu, Maracanaú e Tamboril. Na capital Fortaleza, estudantes fecharam a Avenida da Universidade e movimentos sociais se manifestaram na Praça da Gentilândia.

Na Paraíba, ocorreu bloqueio no acesso da BR-230, entre João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba. Uma militante foi baleada. Na capital, o ato ocorreu no Liceu Paraibano. Em Alagoas, as contenções pararam as BRs 316, 101 e 104. Em Sergipe, houve bloqueio na BR 235 e na SE 270. Ativistas fecharam uma ponte na cidade de Propriá. Na capital, Aracaju, houve um ato na Praça General Valadão.

Em Pernambuco, manifestantes fecharam a Avenida Dantas Barreto, no Recife. No Rio Grande do Norte, ativistas se reuniram em Natal em frente ao shopping Midway Mall. No Piauí, houve ato no Parque da Cidadania, em Teresina. Manifestantes trancaram a BR 316, que liga a capital ao sul do estado.

Norte, Sul e Centro-Oeste

No Paraná, militantes do MST trancaram as rodovias BR-158, BR-277, PR-476, PR-170. Em Curitiba, o ato ocorreu na Praça Santos Andrade. Na capital paranaense, um grupo também protestou a favor da prisão do ex-presidente em frente à sede da Polícia Federal. Em Londrina, a manifestação de apoio a Lula foi marcada para a sede do Sindicato dos professores da rede pública (APP). No Rio Grande do Sul, as manifestações foram organizadas na capital, Porto Alegre, e na cidade de Bagé.

Em Brasília, defensores do ex-presidente se concentraram na Praça Zumbi dos Palmares, próximo ao terminal rodoviário do centro da cidade. Em Goiás, a manifestação foi chamada para a Praça do Bandeirante, no cruzamento das duas avenidas mais importantes da cidade. Em Mato Grosso, a BR 364 foi bloqueada. Em Cuiabá, ativistas ocuparam a Praça Alencastro, em frente à prefeitura.

Já a Região Norte teve incidência menor de atividades em defesa de Lula. A exceção foi o Pará. Na capital, Belém, a mobilização tomou conta do Mercado São Brás. Atividades semelhantes foram organizadas nas cidades de Santarém, Cametá, Santa Luzia, Marabá e Altamira. Em Rondônia, atividades também foram organizadas na capital, Porto Velho, e nas cidades de Jaru e Candeias do Jamary. Em Palmas, o ato teve como palco o Memorial Coluna Prestes. (Agência Brasil) 

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