Preocupado sobre retorno, Ibaneis Rocha pede que apoiadores confiem na Justiça

“Aguardem a apuração dos fatos com a calma e serenidade que o momento exige”, pede que não haja atos públicos

Postado em: 20-02-2023 às 10h00
Por: Francisco Costa
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“Aguardem a apuração dos fatos com a calma e serenidade que o momento exige”, pede que não haja atos públicos. | Foto: Sinduscon-DF

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), segue afastado do cargo. Apesar da expectativa de retorno antecipado, contudo, o emedebista estaria preocupado com os rumos e pediu moderação aos apoiadores pelas redes sociais. 

“Em respeito à Justiça e para não atrapalhar o curso das investigações sobre os condenáveis atos verificados no dia 8 de janeiro, tenho evitado me manifestar. Continuo aguardando com serenidade a conclusão de todo o processo, confiando na decisão final do Poder Judiciário”, iniciou sua fala. 

De acordo com Ibaneis, é percebido que alguns querem manifestar apoio, mas ele prefere que não o façam. “Tenho visto que algumas pessoas querem preparar atos públicos de apoio a mim, mas peço que não o façam, que confiem na Justiça como eu confio e que aguardem a apuração dos fatos com a calma e serenidade que o momento exige”, emenda e reforça: “Agradeço todas as mensagens de apoio, mas peço encarecidamente que sejam evitados quaisquer atos públicos.” 

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A manifestação foi publicada no perfil oficial do governador afastado no Twitter. Entre os comentários, houve apoio à postura do gestor. “Importantíssimo não fazer manifestações. Seria uma imensa armadilha. A manifestação tem que ser virtual e de conduta, dentro da lei e ética. Não consumir absolutamente nenhum produto ou serviço que apoie esse sistema”, escreveu um internauta.

Vale lembrar que na madrugada de 9 de janeiro o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou o afastamento de Ibaneis do cargo pelo prazo de 90 dias. A medida ocorreu após os ataques golpistas e vandalismo aos três Poderes no dia anterior por bolsonaristas radicais que não aceitavam o resultado da eleição de 2022. 

Ele também foi alvo de mandados de busca e apreensão em sua residência. O pedido partiu do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da Procuradoria-Geral da República (PGR) e foi autorizado por Moraes. 

Um mês depois do afastamento, em 9 de fevereiro, a defesa de Ibaneis enviou ao STF um pedido para reverter a decisão de afastamento. O documento enviado ao relator do inquérito sobre os atos antidemocráticos argumenta que a perícia inicial, feita pela Polícia Federal nos aparelhos celulares de políticos, não teriam revelado atos do governador visando facilitar as ações de vandalismo praticadas contra as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.

A Polícia Federal confirmou que a análise dos aparelhos foi concluída e que o relatório já foi encaminhado ao STF, mas não entrou em detalhes, uma vez que o ministro Moraes colocou em sigilo o inquérito.

Na argumentação apresentada pela defesa de Ibaneis, solicitando a revogação da decisão de afastamento dele, foi dito que, no laudo produzido com base na análise dos aparelhos de telefonia usados pelo governador, estaria expresso que “a investigação não revelou atos” deste para “mudar o planejamento, desfazer ordens de autoridades das forças de segurança, omitir informações a autoridades superiores do governo federal, ou mesmo de impedir a repressão ao avanço dos manifestantes durante os atos de vandalismo”. Por fim, os advogados afirmam que “as provas levantadas comprovam que o peticionário [Ibaneis] não participou da empreitada criminosa e golpista”.

Atualmente, a goianiense Celina Leão (PP) ocupa o cargo de governadora do Distrito Federal. 

Julgamento político

A defensiva de Ibaneis demonstra preocupação. Conforme revelado por Wilson Silvestre na Coluna Xadrez, no último dia 16, o governador afastado pode perder definitivamente o cargo. O jornalista apurou nos bastidores que o julgamento para o retorno dele ao governo do DF, pode ser mais político do que técnico. 

“As opiniões vão desde quem lida com os tribunais superiores aos políticos de Brasília. Com exceção dos advogados do governador afastado, os operadores do direito acreditam que existe uma desconfiança na Suprema Corte quanto à inocência de Ibaneis. Soma-se ainda, o fato de que alguns ministros não gostaram quando a ministra Rosa Weber ligou três vezes para ele no dia 8 de janeiro e ele não atendeu.”

O deputado distrital Chico Vigilante (PT) é adversário do emedebista. Ele defende o retorno, desde que não se comprove crime de prevaricação. “A gente não tem muita informação sobre o inquérito, mas confio no julgamento técnico do ministro Alexandre de Moraes. Pode ser que ele tenha mais informações que não sabemos, mas não havendo, Ibaneis precisa voltar ao cargo. Seria muito ruim para o DF um governador eleito ser afastado por crime de omissão.”

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