Segunda-feira, 08 de julho de 2024

O legado de Dona Iris, uma mulher genuinamente política

Dona Iris deixa legado importante do Paço Municipal ao Congresso Nacional

Postado em: 22-02-2023 às 07h30
Por: Yago Sales
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Dona Iris deixa legado importante do Paço Municipal ao Congresso Nacional. | Foto: Reprodução

O coração de uma das primeiras damas mais populares da história da política goiana, Dona Iris Araújo, 77, parou de bater nesta terça-feira (21/2) – apenas um ano e três meses depois da morte do marido, Iris Rezende Machado. 

O casal de políticos – ele advogado e ela expert em artes – provocou euforia em eleitores de todas as classes sociais por quase 70 anos. Mesmo a rotina protocolar de cargos pelo qual o marido passou – governador de Goiás, prefeito, senador e ministro -, Dona Iris, considerada elegantérrima, não deixava de lado o carisma por onde andava. 

Dona Iris adentrou de vez na política quando foi candidata a vice-presidente da República na chapa de Orestes Quércia, em 1994. Era a primeira vez que uma mulher disputava o cargo. Depois foi chamada para ser suplente ao Senado por Maguito Vilela lá em 1999. Em 2003, ela assumiu o cargo temporariamente.

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A popularidade a levou por duas vezes a exercer o cargo de deputada federal. Influente na Câmara, fazia discursos firmes, com dedo em riste, capaz de amedrontar qualquer um que fosse contrária às lutas delas. E suas lutas tinham, sobretudo, bandeiras como as que ajudariam o povo pobre que por quase toda a vida, seu marido, Iris, serviu como líder. 

Existe uma máxima de que Dona Iris nunca foi uma sombra do marido. Dava pitacos não apenas em programas de governo ou na administração propriamente direta. Incomodava qualquer um que a tentasse silenciar dentro do partido pelo qual a vida inteira serviu: o MDB. 

Afiada, gostava de discutir política, construção de alianças e, principalmente, acalmar – ou às vezes colocar fogo no parquinho – os ânimos nas chamadas prévias que definiriam esse ou aquele candidato a prefeito, governador, senador. E sabia onde esse ou aquele se sairia melhor como o candidato do partido. 

Quando se despediu do marido, em uma cerimônia no Salão Verde no Palácio das Esmeraldas, Dona Iris soluçava em reconhecimento ao legado do seu Iris. Naquele dia 12 de novembro, Dona Iris sabia, mas perdia um pedaço do seu próprio legado como uma das mulheres mais importantes da história política goiana. 

Desde então, debilitou-se ainda mais. Usava o Twitter para lamentar mortes e, por vezes, comentar, como se falasse para os amigos, o tamanho da saudade que Iris Rezende havia deixado na sua vida. Há quem comente que, sem Iris não havia Iris. Não interessa quem venha comigo. Os dois caminharam, pé ante pé, por estes anos todos, construindo casas populares, escolas, creches, parques, ruas, bairros inteiros, maternidades – uma tem o nome de Dona Iris.  

Como não podia ser diferente, Dona Iris vai ter um velório com homenagens de Estado. Seu corpo será velado no Paço Municipal, onde foi protagonista de reuniões burocráticas e de idas entusiasmadas à horta que ela contribuiu para instalar por lá. 

Na à toa a trajetória de Dona Iris foi lembrada com deferência por centenas de personalidades ao chegar a notícia de sua morte. O governador Ronaldo Caiado, do União Brasil, de quem se aproximou sobremaneira nos últimos anos, lembrou com carinho dela. “Dona Iris construiu uma trajetória marcada, principalmente, pela defesa de políticas sociais para a população mais vulnerável. Fomos colegas na Câmara Federal e testemunho que ela exerceu seus mandatos com coragem e altivez. Dona Iris foi sempre uma voz em defesa do povo goiano”, disse o governador

Já o prefeito da capital, Rogério Cruz, do Republicanos, ressaltou que “Goiás e o Brasil perdem uma das mais expressivas lideranças femininas, que ao longo de décadas esteve na linha de frente na defesa dos direitos das mulheres e dos ideais democráticos”.

Além dos dois, diversos outros políticos se manifestaram com pesar. Agora, o MDB de Daniel Vilela vive mais uma baixa no seu círculo de grandes lideranças. Com ela, a legenda perdeu os ex-prefeitos e ex-governador Maguito Vilela e Iris Rezende Machado. Dona Iris deixa três filhos, Cristiano, Ana Paula e Adriana e dois netos, Mariana e Daniel

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