Segunda-feira, 08 de julho de 2024

O desafio do MDB com perdas de lideranças históricas

A legenda que levou nomes como Maguito e Iris Rezende tem a missão de se reinventar

Postado em: 23-02-2023 às 07h30
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: O desafio do MDB com perdas de lideranças históricas
A legenda que levou nomes como Maguito e Iris Rezende tem a missão de se reinventar. | Foto: Reprodução

O velório de Dona Iris Araújo, que morreu aos 79 anos na tarde de terça-feira (21), foi marcado por homenagens de personalidades e anônimos ligados ao partido do qual formou a identidade política da ex-deputada federal, o MDB. 

Pela sigla, Dona Iris foi primeira-dama tanto do Palácio das Esmeraldas quanto do Paço Municipal, quando o marido, Iris Rezende Machado, foi governador e prefeito. Em demonstrações públicas, membros da sigla se manifestaram em agradecimento ao protagonismo da política nos anos em que assumiu posição nos bastidores e publicamente. 

Atualmente presidido pelo vice-governador Daniel Vilela, a legenda é de longe a mais tradicional do Estado, tendo chegado ao auge do poder sobretudo na década de 1990, quando Goiás foi governado por Iris Rezende e Maguito Vilela, numa casadinha política que parecia inquebrável, até que, em 1998, o jovem tucano  Marconi Perillo derrotou Iris Rezende. 

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Em três anos, os filiados e políticos mais atuantes do MDB viram quatro dos mais ilustres personagens emedebistas morrerem, deixando vácuos de representatividade. Maguito Vilela contraiu a Covid-19 durante a campanha eleitoral à prefeitura de Goiânia em 2020. Enquanto estava internado e lutava para sobreviver, Maguito foi eleito – com Rogério Cruz, do Republicanos, na vice da chapa – e tomou posse no leito hospital de São Paulo. Pouco tempo depois, no dia 13 de janeiro de 2021, Vilela morre. 

Em abril do mesmo ano, o ex-deputado estadual e liderança importante em Aparecida, Leo Mendanha, morreu, aos 66 anos, também por conta da Covid-19. Ele era pai do ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha – que, bom lembrar, foi vereador da cidade e chefe do executivo pelo MDB. Deixou a legenda por discordar da posição do partido de compor com Ronaldo Caiado à disputa ao governo. Ele filiou-se ao Patriota, candidatou-se ao governo e ficou em segundo lugar na disputa do pleito. 

Iris Rezende Machado morreu aos 87 anos em novembro de 2021, ou seja, 11 meses depois de ter deixado o quarto mandato de prefeito da capital. Ele tinha sido vereador por Goiânia, governador, senador e ministro nas gestões de José Sarney e Fernando Henrique Cardoso. A internação do político foi acompanhada com apreensão inclusive por Ronaldo Caiado, de quem a família Rezende passou a ser próxima nos últimos anos. Ele foi velado no Salão Verde do Palácio das Esmeraldas. 

Dona Iris faleceu, aos 79 anos, em consequência de uma cirurgia no pulmão, 1 ano e três depois do marido. Os dois se aliaram nas últimas décadas em prol da trajetória política de ambos e aglutinaram em torno do MDB embates importantes na capital e em cidades estratégicas, sobretudo quando ficou acertado que Dona Iris disputaria o cargo de deputada federal.  

O ex-deputado emedebista Euler Morais conversou com a reportagem do jornal O Hoje depois que ele deixou o velório de Dona Iris, no Paço Municipal. Além de lamentar a morte da companheira de partido e reconhecer sua atuação, ele lembrou que o partido, depois do falecimento de alguns de seus expoentes, tem se preparado para uma onda de renovação. 

“O partido vai se reinventando, superando as adversidades, mantendo a bandeira firme”, acredita Euler, que acrescenta: “Acredito que este ano Daniel [Vilela] vai preparar o partido para a eleição do ano que vem. O que não se pode é esquecer do legado, da história que essas lideranças deixam para a história e dar vez para alguns nomes que vão surgindo no decorrer da história do partido”.  

Para citar alguns, Euler lembra da deputada federal eleita de Rio Verde, Marussa Boldrin. “Ela é jovem, representa um setor importante, que é o agronegócio e agora está em um ambiente importante [o Congresso Nacional]”.  

“O Célio [Silveira], não tão jovem, mas representa o entorno [do DF] e tem um papel muito importante. Outro nome importante é o Haroldo Naves, prefeito de uma pequena cidade, mas um grande aglutinador. Ele exerce liderança. Representa para nós muitas conquistas”. Célio, por sua vez, não se esqueceu de nomes mais tradicionais: “Temos reservas de lideranças maduras, como Mário Miranda, Luiz Soyer e Naphtali Alves.” 

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