Pedido de vista adia indicação de conselheiro

Venceslau Pimentel*

A votação do projeto de lei de indicação do ex-secretário extraordinário de Articulação Política Sérgio Cardoso para o conselho do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Assembleia Legislativa, prevista para ontem, ficou prejudicada com o pedido de vista do processo feito pelo deputado José Nelto (Podemos).

Com isso, a sessão extraordinária, que já havia sido convocada para logo depois da sabatina de Cardoso na reunião da CCJ, para votação do projeto em plenário, não aconteceu. A matéria está prevista para ser apreciada hoje.

Nelto, que anunciou ontem a formação de um grupo de deputados em apoio à pré-candidatura ao governo de Goiás do senador Ronaldo Caiado (Democratas), negou que o pedido de vista tivesse a ver com a relação conflituosa com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB).

“Esse meu pedido não prejudica a indicação de Sérgio Cardoso como conselheiro”, sustentou o parlamentar, ao não atender a apelo de deputados da base aliada para que devolvesse o processo para que a matéria fosse votada ainda ontem. “Não vou abrir mão do meu direito regimental. Vou devolver o processo só amanhã (hoje)”, pontuou.

Durante a sabatina de Cardoso, Nelto disse saber diferenciar política de amizade. Contou que conheceu o ex-secretário desde quando ele era gerente do Banco do Estado de Goiás (BEG). “Sei que é um homem competente e preparado”, destacou, para, em seguida, se posicionar contra os tribunais de contas dos municípios, informando que existem apenas dois órgãos nessa esfera, no país, um deles o de Goiás. “Sou contra, ainda mais pela crise financeira que o nosso país e o estado atravessam. Mas não tenho nada contra o meu amigo Sérgio Cardoso”.

Em entrevista à imprensa, Cardoso minimizou o pedido de vista feito por José Nelto. De igual forma, ele rebateu críticas da oposição, de que a indicação teria partido do ex-governador Marconi Perillo, de quem é cunhado. O ex-secretário é casado com uma irmã de Perillo. “Ora nenhuma Marconi falou que ia me indicar. Quem me indicou foi o governador José Eliton”, afirmou. Além disso, informou ter experiência de 20 anos na vida pública, atendendo todos os municípios goianos, independentemente de cor partidária dos prefeitos.

Projeto

Datado de 9 de abril, o projeto, de inciativa do governador, foi protocolado na terça-feira, de manhã, na Assembleia, e lido em plenário na sessão ordinária da tarde. No texto do projeto, José Eliton explica que a indicação de Cardoso se dá em razão da aposentadoria do conselheiro Sebastião Monteiro, conhecido no meio político como Tião Caroço.

O governador destaca o currículo do indicado, nominando os cargos públicos que ocupou. Foi gerente do extinto Banco do Estado de Goiás, vereador em Guapó, assessor do ex-governador Henrique Santillo, secretário do ex-prefeito Nion Albernaz, secretário de Marconi Perillo e de Alcides Rodrigues, e ainda assessor especial da Presidência da Assembleia Legislativa.

“Nos últimos sete anos, monitorou e fiscalizou todas as obras do Estado, bem como os convênios celebrados com os municípios, tendo, inclusive, coordenado o Programa Goiás na Frente, informações que o credenciam para o exercício do cargo de Conselheiro da Corte de Contas dos Municípios”, pontua José Eliton.

Sabatinado pelos integrantes da CCJ, disse ter dedicado parte de sua vida ao trabalho público. “No Tribunal, terei um papel de orientação aos prefeitos”. Os deputados destacaram o currículo e a experiência do ex-secretário, para mostrar que ele está habilitado a ocupar o cargo de conselheiro. (*Especial para O Hoje)