Vídeo mostra enviado de Bolsonaro tentando reaver joias retidas

As joias foram apreendidas em 26 de outubro de 2021 na mala de um integrante de uma comitiva do governo Bolsonaro

Postado em: 08-03-2023 às 16h54
Por: Luan Monteiro
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As joias foram apreendidas em 26 de outubro de 2021 na mala de um integrante de uma comitiva do governo Bolsonaro. | Foto: Reprodução/TV Globo

Imagens de câmeras de segurança mostra o momento em que um enviado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta recuperar um conjunto de joias, avaliado em R$ 16,5 milhões, retidos pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O vídeo foi obtido pelo blog da Andréia Sadi, do G1.

As joias foram apreendidas em 26 de outubro de 2021 na mala de um integrante de uma comitiva do governo Bolsonaro que havia ido à Arábia Saudita. Os objetos seriam um presente do príncipe da Arábia Saudita.

Na época, o então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentou recuperar as joias, mas não obteve sucesso. Os itens, um colar, anel, relógio e um par brincos de diamantes da marca de luxo suíça Chopard, continuaram na Receita Federal.

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Em 28 de dezembro de 2022, três dias antes do fim do governo, o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva foi ao aeroporto, em voo oficial pelo gabinete de Bolsonaro, para tentar, mais uma vez, recuperar as joias. A operação, no entanto, falhou.

A conversa

Ao chegar no escritório, Jairo e o auditor se cumprimentam. “Deixa eu pegar [o ofício] aqui no celular… Em cima da hora, correria!”, diz o sargento. “Então, não tá… Não sei… Deixa eu dar uma olhada”, diz o servidor da Receita Federal.

Após isso, o sargento tenta colocar Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, no telefone para conversar com o servidor que afirmou que não poderia “falar no celular”.

Jairo reafirma a “urgência”, diz estar na “correria” devido à “troca de comando”, referindo-se à mudança na Presidência do país.

O sargento também afirma que acabou de chegar de Brasília e foi direto ao aeroporto. “Esse ADM [Ato de Destinação de Mercadoria], que seria para incorporação, seria necessário, não tem. Não tenho conhecimento também dessa liberação. Não sei onde estaria, talvez no cofre, mas eu não tenho acesso, então… Não sei se teve algum atropelo, assessoria, alguma coisa muito de urgência”, diz o auditor.

O sargento, então, diz que tem que “tirar tudo” antes do fim do governo Bolsonaro. “Isso aqui faz parte da passagem, não pode ter nada do antigo para o próximo. Tem que tirar tudo, tem que levar. Não pode, é burocrático, é burocracia”, disse.

Jairo volta a falar no telefone e cita o documento necessário e comunica ao auditor que ele está sendo providenciado. “Ele falou para o senhor ligar para o Fabiano, o Fabiano está ciente. A ADM já está sendo feita e ele vai assinar daqui a pouquinho. E tu conhece: é em cima da hora mesmo”, diz.

O auditor responde que deveria aguardar o documento. “Então vamos aguardar essa ADM, se ela for providenciada e ele mandar. Eu não vou ligar para o [diz o nome de outro funcionário da Receita], porque, assim, eu não tenho acesso direto ao [repete o nome]. [Diz o nome mais uma vez] está na superintendência. Ele não é da alfândega aqui de Guarulhos. Entendeu? Ele tá como superintendente-adjunto de aduana lá na superintendência; com isso, ele ficou como delegado aqui muito tempo”, completa.

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