Policarpo escancara cisão entre Câmara e prefeitura

Presidente do Legislativo disse que relação com Rogério Cruz se resume a meros cumprimentos em eventos. “Na gestão do Iris a Câmara tinha outro tratamento”, acrescentou

Postado em: 09-03-2023 às 07h53
Por: Felipe Cardoso
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Presidente do Legislativo disse que relação com Rogério Cruz se resume a meros cumprimentos em eventos | Foto: Câmara Municipal de Goiânia

O ambiente de tensão entre a prefeitura de Goiânia e a Câmara Municipal está cada vez mais claro. Não é de hoje, todos sabem, que os vereadores esboçam insatisfação em relação ao tratamento dispensado pelo Paço. A guerra fria, que antes ocorria de maneira mais discreta, tem ganhado força e os vereadores começam a dar sinais de que devem mostrar as garras nos próximos dias.

Na última terça, por exemplo, o secretário de Governo da Prefeitura, Jovair Arantes (Republicanos), se reuniu com parte dos parlamentares para tratar sobre mudanças na ‘nova base’ do prefeito. A principal figura do Legislativo, ou seja, o presidente da Casa, Romário Policarpo (Patriota), sequer foi convidado para o encontro, o que, nos bastidores, promete desaguar em uma ampliação do desgaste. 

Romário, inclusive, já tem sido chamado por alguns fiéis escudeiros de Rogério como “reclamante” diante das críticas mais contundentes em relação ao Paço, especialmente nos últimos meses. Ao comentar sobre o encontro da tarde de terça foi, mais uma vez, incisivo. “Sei da reunião e não fui convidado. Mas não iria se fosse, acho que até por isso não me chamaram”. 

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Ao argumentar sobre o distanciamento que tomou em relação à atual gestão, disparou: “Já deixei claro que meu posicionamento em relação ao Paço não se resume à distribuição de espaços, se resume a cidade se tornar funcional. Acho que a própria prefeitura entende que isso vai demorar um pouco e por isso decide nem me chamar [para o encontro encabeçado por Arantes]”. 

Em entrevista coletiva, Romário foi questionado se, agora, se comportará como vereador de oposição ao prefeito. “Sempre achei muito subjetivo o termo oposição e base. As minhas críticas à prefeitura vão continuar dentro daquilo que entendo como necessário. Naquilo que a prefeitura acertar, vou apontar como assertivo. Mas se dar espaços a mim foi a forma de negociação da prefeitura pode me constar como oposição pois não vou parar até que a cidade volte aos trilhos”. 

O parlamentar também destacou que não vai à prefeitura desde dezembro do ano passado. E considerou, ainda, que a relação com Cruz se resume à meros cumprimentos em eventos que envolvem os Poderes da Capital. “As conversas que tive nos últimos três meses foram em eventos quando nos cumprimentamos e parou por aí. Não vou à prefeitura desde dezembro do ano passado e também não vejo muitos motivos para ir nesse momento”.

Policarpo chegou a considerar, na mesma entrevista, que é “clara” a insatisfação da população goianiense com a atual administração. E ainda rememorou os tempos em que Iris Rezende (MDB) comandava a capital. “Na gestão do ex-prefeito Iris Rezende a Câmara tinha outro tipo de tratamento”. Ele também descartou apoiar algo que não considere “assertivo”, em alusão à atual gestão.

Em paralelo, a prefeitura dá sinais de preocupação com a CEI que os vereadores se organizam para instaurar. Trata-se da Comissão que vai investigar a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) na Casa de Leis. Inclusive, nos bastidores a informação é de que a reunião do secretário com os vereadores serviu também para organizar um time de apoiadores do prefeito para atuar na linha de frente da Comissão. O clima, porém, segue tenso e novos encontros estão previstos para as próximas semanas. 

A prefeitura foi procurada para comentar as críticas do presidente da Câmara Municipal de Goiânia, mas até a publicação desta reportagem não respondeu aos questionamentos. 

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