Oposição fajuta garante conforto ao segundo mandato caiadista

Marconi Perillo é, praticamente, o único ativo na oposição ao governador

Postado em: 28-03-2023 às 07h50
Por: Francisco Costa
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Major Vitor Hugo e Gustavo Mendanha, por sua vez, se ausentaram da linha de frente em oposição ao governo | Foto: Reprodução | Montagem: O Hoje

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) foi reeleito em primeiro turno com 51,81% dos votos válidos em outubro passado. Com isso, não deu margens para discursos e adversários – ou seja, não existe “quase” e não interessa o número de votos dos demais. 

Desta forma, cabe a oposição se organizar e marcar ponto em cima de cada erro que considerem ou desvio que o governador possa cometer. Nesse sentido, as redes sociais facilitam o contato direto com a população, além da exposição para o maior número de pessoas. 

O Jornal O Hoje verificou o mês de março de três nomes que são oposição ao governador pelo Twitter: Marconi Perillo (PSDB), Gustavo Mendanha (Patriota) e Major Vitor Hugo (PL). Quem mais tem feito oposição e marcado presença é o ex-governador tucano.

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Mais recentemente, no último dia 23, ele chamou de “mais uma maldade de Caiado, depois da eleição” a mudança no regime do Ipasgo. Segundo Perillo, trata-se do primeiro passo para a privatização, perseguição aos servidores e piora dos serviços. “E ainda usa a desculpa esfarrapada que é determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE).”

Dias antes, ele afirmou ter sofrido perseguições e acusações, mas “quem faz um reino de corrupção e desvios” é o governo Caiado. Nesta postagem, ele compartilhou uma reportagem sobre uma vencedora de licitação da Saneago que contratou empresas de fachada com preço acima do mercado, segundo a Polícia Civil.

De fato, ao longo do mês Marconi falou sobre perseguição em diversos momentos. Quase sempre sem citar nomes. Também sem nomear ninguém, ele compartilhou uma reportagem sobre vagas de emprego sobrando em Estados e disse que Goiás não estava pronta, apesar dos esforços da gestão dele, pois agora faltava um “governo como indutor”.

Em outra postagem, em 11 de março, ele citou novamente o Ipasgo para atacar a gestão Caiado. “Mais um presente de grego do Des (governo) Caiado para o servidor público, depois que foi reeleito, é claro.” A publicação junto com a legenda foi sobre 18,34% de reajuste na mensalidade do plano de saúde. 

No dia 9, ele criticou o estado das estradas estaduais. “Tudo o que construímos e recuperamos em nossos governos está sendo destruído.” Em 8 de março, disse que o Estado arrecada bilhões com impostos altos, mas investe pouco em obras. Em 3, chamou de enrolação o trabalho de restauração de áreas degradadas na bacia do Rio Araguaia. 

Já no dia 2, criticou os salários bloqueados dos professores; e no dia 1, a Saúde. “O deboche e o descaso continuam sendo a resposta do governo estadual para a educação de Goiás”, escreveu sobre o primeiro caso. No segundo, usou a imagem da chamada de uma matéria: “Bebês que precisam de UTI estão sendo atendidos no centro cirúrgico no Hemu, denunciam funcionários.”

Vale lembrar, Marconi disputou o Senado, mas terminou em segundo lugar, atrás de Wilder Morais (PL), o eleito. O tucano, até o dia da convenção, mantinha o mistério sobre o que disputaria. Para governo, contudo, faltou uma base ampla de apoio para garantir tempo de TV e rádio. 

Os demais

Segundo colocado na eleição para governo com 25,2% dos votos válidos, Mendanha só utilizou o Twitter uma vez, em março. No dia 13, ele fez uma postagem sobre o funcionamento do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia. “Fiquei feliz em ver como o equipamento público que ajudei a entregar tem sido mantido.”

Vale lembrar, ele já tinha dito ao Jornal O Hoje que daria tempo ao governador Ronaldo Caiado e não faria uma oposição raivosa. Aliados consultados pelo veículo de comunicação acreditam que ele deveria estar “marcando ponto nos erros do governador”.

Major Vitor Hugo ficou em terceiro lugar na corrida pelo Palácio das Esmeraldas. Ele teve 14,81% dos votos válidos. O ex-deputado federal, por sua vez, faz mais oposição ao governo federal que o estadual. 

Entretanto, em 8 de março ele criticou a taxação do agro, projeto do fim do ano passado do governo Ronaldo Caiado. “Eu sou contra a taxação do agro. Estou andando pelo estado (…) e este é o assunto que roda as preocupações dos produtores rurais. (…) Precisamos desenvolver a infraestrutura do estado, mas tínhamos muitas outras alternativas”, disse em vídeo. 

Nesse sentido, apenas Marconi Perillo mantém posição de oposição constante ao governo Caiado. Os demais “esfriaram”. Em 2026, vale lembrar, o atual governador encerra seu ciclo à frente do Executivo estadual. Quando chegar o momento, a expectativa é que ele tente emplacar o vice, Daniel Vilela (MDB) para a sucessão. Sem oposição, a avaliação é que o caminho seja mais fácil para o emedebista.

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