Temer é hostilizado por multidão em prédio incendido em São Paulo

Presidente foi vaiado ao visitar escombros de prédio que desabou na capital paulista na madrugada de ontem. Policiais tiveram que intervir para evitar tumulto

Postado em: 02-05-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Presidente foi vaiado ao visitar escombros de prédio que desabou na capital paulista na madrugada de ontem. Policiais tiveram que intervir para evitar tumulto

O presidente Michel Temer foi hostilizado, ontem, ao chegar de surpresa ao prédio Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, que pegou fogo e desabou na madruga. Ele nem teve tempo de chegar próximo aos escombros do edifício, por causa de manifestantes que atiravam pedras e pedaços de pau em sua direção. Os seguranças usaram pastas como escudo para proteger o presidente até ele retornar ao carro oficial que estava estacionado em uma rua lateral.

Alguns manifestantes, que gritavam “fora Temer”, chutaram o carro tentaram quebrar os vidros das janelas. Diante do clima tenso, ele teve que deixar o local às pressas. Policiais tiveram que intervir.

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Antes, ele concedeu entrevista à imprensa, sobre a tragédia, que provocou a morte de ao menos quatro pessoas. “A situação era uma situação dramática, tanto que aconteceu o que aconteceu. Nós vamos exatamente providenciar assistência àqueles que foram vítimas daquele desastre”, disse.

“Eu não poderia deixar de vir aqui, sem embargo dessas manifestações, porque, afinal, eu estava em São Paulo, e ficaria muito mal eu não comparecer aqui para dar apoio aqueles que perderam suas casas”, afirmou.

Sobre a posse do edifício, que pertence à União, Temer disse que não foi possível pedir a reintegração, “porque, afinal, gente muito pobre, naturalmente, uma situação um pouco difícil. Mas agora serão tomadas providências para dar assistência”.

O presidente afirmou ainda que se colocou à disposição do governo de São Paulo e da prefeitura da capital paulista para a tomada de providencias sobre o caso, no que tange à assistência às vítimas e às famílias que ficaram desabrigadas. 

O prédio era ocupado por famílias da Frente de Luta pela Moradia e havia servido como sede da Polícia Federal e da Previdência Social. 

Os bombeiros estão no local e monitoram a área para evitar a volta de novos focos de incêndio. Imóveis nas redondezas da área, chamada Largo do Paissandu, na região conhecida como centro velho de São Paulo. Segundo a corporação, havia na manhã de hoje um óbito e três desaparecidos.

O incêndio começou no quinto andar do prédio, possivelmente por explosão de um bujão de gás e rapidamente se espalhou pelos demais pavimentos. No local, moravam cerca de 150 famílias. (Redação com Agência Brasil) 

Covas diz que cidade  tem 70 prédios irregulares 

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, disse ontem que a cidade tem atualmente 70 prédios ocupados, em situação similar ao edifício que desabou nesta madrugada após ser atingido por um incêndio. De acordo com ele, a prefeitura chegou a fazer seis reuniões com os moradores do local, alertando-os sobre os riscos. 

“Nós temos 70 prédios em situação semelhante a esse. São 200 áreas invadidas na cidade de São Paulo, uma situação preocupante. Mas hoje a preocupação zero da prefeitura de São Paulo é o bom atendimento a essas famílias”, disse.

As reuniões, segundo Covas, foram feitas pela Secretaria de Habitação de fevereiro a abril. “O núcleo de intermediação da Secretaria da Habitação para áreas invadidas fez seis reuniões com eles, alertando desses riscos. A gente tinha uma ação em andamento com o governo federal para receber essa propriedade. A prefeitura não pode ser acusada de se furtar da responsabilidade”, disse.

O prefeito ressaltou ainda que o governo do estado irá fornecer um auxílio-aluguel para os moradores do prédio. Até a liberação dos recursos, os moradores poderão ficar em albergues da prefeitura. A orientação, segundo Covas, é que as famílias permaneçam juntas. Na manhã de hoje, a prefeitura verificou que 92 famílias – ou 248 pessoas – estavam morando no prédio.

Segundo o Corpo de Bombeiros, na última vistoria foi identificada uma série de problemas no edifício em relação ao acúmulo de lixo, a materiais combustíveis, e ao impedimento de rota de fuga. “Isso foi relatado [às autoridades], o Corpo de Bombeiros não tem o poder de vir aqui e fechar o prédio”, disse o capitão Marcos Palumbo, porta-voz dos Bombeiros.

De acordo com ele, cães farejadores estão ajudando nas buscas. Os bombeiros não confirmam o número de desaparecidos. Os bombeiros chegaram a confirmar a morte de uma pessoa que estava sendo resgatada no momento do desabamento, mas segundo o capitão, um “milagre” pode acontecer.

“Os escombros estão em alta temperatura, estamos resfriando. Os cães estão fazendo buscas tentado localizar vítimas. Não vamos usar máquinas para remoção dos escombros para não atingir possíveis sobreviventes”, disse. (Agência Brasil) 

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