Disputa pela presidência da Câmara de Senador Canedo trava votações

Maioria da Casa se nega a votar com o atual presidente, Carpegiane, que é acusado de “ditador”

Postado em: 06-04-2023 às 07h41
Por: Yago Sales
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Maioria da Casa se nega a votar com o atual presidente, Carpegiane, que é acusado de “ditador” | Foto: Reprodução/ Redes

A disputa pela cadeira de presidente da Câmara Municipal de Senador Canedo parece não ter data para ter fim. Judicializada, já existem consequências, como o travamento de pautas importantes para o canedense. 

O imbróglio teve início quando, como ocorreu em outros municípios, houve a antecipação da eleição da Mesa Diretora em novembro de 2021. Na ocasião, foi reeleito o vereador Carpegiane Silvestre (Patriota) para a presidência. 

O resultado, no entanto, é visto por desconfiança por alguns parlamentares, entre eles Reinaldo Alves (PSDB), que judicializou o caso. Em entrevista ao jornal O Hoje, o parlamentar afirma que Carpegiane “não respeita a maioria” e o qualificou como “ditador”. 

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Em dezembro do ano passado, a maioria do parlamento cancelou as resoluções que manteriam Carpegiane no comando do poder executivo municipal e realizou nova eleição, elegendo o tucano Reinaldo Alves. 

Insatisfeito com o resultado do pleito, Cartesiano Silvestre entendeu que poderia judicializar a questão. E, com uma liminar favorável, permanece no cargo, enquanto há tentativas de recursos por parte de Reinaldo. 

Com isso, existe um racha com consequências dentro da Câmara, entre aqueles que apoiam a permanência de Cartesiano ou que pedem que o resultado da última eleição – a de dezembro do ano passado – seja respeitado. 

Segundo Reinaldo Alves explicou ao jornal O Hoje, o atual presidente da Casa tem colocado como prioridade, no início da sessão, a eleição para ocupar a vaga de três membros da Mesa Diretora que deixaram os cargos por conta da rixa. Como o grupo opositor a Cartesiano não quer votação alguma para a Mesa, pois aguardam julgamento de recurso sobre a permanência, ou não, do vereador no comando da Casa, outras pautas ficam prejudicadas. 

Um vereador que pediu anonimato, afirma que não importa qual dos dois fique na presidência, e assume: “Eles têm interesses particulares, de eleição, de protagonizar, de se mostrar”. O parlamentar ainda afirma que a situação pode ficar mais complicada, tendo em vista as eleições municipais do ano que vem. “Vai saber se os dois não estão desesperados para ganhar a prefeitura”, sugere. 

Enquanto isso, Reinaldo afirma ao jornal O Hoje que obedecerá decisão judicial desfavorável. No quarto mandato, Reinaldo acusa: “O Cartesiano está fazendo tumulto. Nós usamos o instrumento legislativo, de obstrução de quórum, e ele está passando uma falsa opinião de que estamos faltando à sessão”. 

E revela a estratégia de Cartesiano, para tentar colocar em pauta a recomposição da Mesa Diretora. “Ele coloca primeiro o projeto dele de recompor a mesa, fazendo com que a gente saia, tumultuando o processo. Há uma intervenção indevida do judiciário na Câmara. Lamentavelmente, o poder judiciário não decide e ainda tumultua.”

Ainda sobre o atual presidente, o vereador dispara: “O presidente tem que parar de ser ditador. Ele governa por atos ditatoriais. Ele não é democrático, enquanto que na Casa Legislativa deveria predominar a opinião da maioria”, diz. 

A respeito das consequências que os embates podem causar ,à população cadense, o vereador reconhece: “De uma forma geral, qualquer conflito complica qualquer ambiente de construção. O que está prejudicando é que ele está usando a Câmara para o projeto de prefeito. Imagina ele lá dentro não respeita o legislativo, imagina se ele for prefeito.” 

Reinaldo afirma que os vereadores, principalmente da base, estão comparecendo às sessões, mas o atual presidente quer aproveitar, não coloca como prioridade projeto do prefeito. “E tem intencionalmente feito isso por questões politiqueiras. E somos a maioria”, diz.  

Cartesiano Silvestre foi ouvido pela reportagem do jornal O Hoje. Ele encaminhou um vídeo em que coloca em pauta o preenchimento de vagas ociosas, mas a bancada governista usou o instrumento regimental obstrução de pauta com esvaziamento de quórum. “O Ministério Público  notificou a Casa para que os vereadores votem, colocando a situação na normalidade. Eu fui eleito e permaneço no cargo, o resto é conversa fiada”, disse.

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