Os desafios de Caiado para se viabilizar à presidência

Governador de Goiás deve romper fronteiras do Estado, unir as direitas e mais

Postado em: 10-04-2023 às 08h11
Por: Francisco Costa
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Governador de Goiás deve romper fronteiras do Estado, unir as direitas e mais | Foto: José Cruz/ABr

Aliados do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) acreditam na possibilidade do gestor concorrer ao Palácio do Planalto em 2026. Para isso, contudo, ele precisará se viabilizar. Cientistas políticos consultados pelo Jornal O Hoje comentam os desafios. 

“Caiado é de longe o nome goiano mais reconhecido no cenário nacional. A atuação dele no Congresso sempre foi muito contundente. Uma imagem consolidada nos grandes centros, tem uma visibilidade boa”, começa Marcos Marinho, professor e cientista político. 

Apesar disso, ele observa que Goiás não pauta o País. Então, para Caiado fazer algo no governo que reverbere na esfera nacional, tem que ser algo realmente muito interessante. “Precisa fazer um governo de muita visibilidade, para extrapolar as fronteiras”, reforça e completa: “Além disso, ele precisa se consolidar no campo da direita. Aglutinar a direita moderada, centro-direita e um pouco da extrema-direita, ou seja, o bolsonarismo.” 

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Ainda assim, ele diz que, conseguindo isso, deverá encarar outro nome que se enquadra nesta descrição: o governador de São Paulo, Tarcísio de Feitas (Republicanos), que gere um Estado maior e com mais visibilidade.

“Em relação a partido, o União Brasil é grande e possui uma grande bancada no Congresso. Se o partido comprar a ideia, tem estrutura para uma campanha presidencial. Mas Caiado precisa se tornar o principal player desse espectro político. Conseguindo fazer isso – nos próximos anos –, se torna um candidato interessante.” 

Marinho lembra, ainda, que o governador de Goiás tem histórico combativo em relação a Lula e o PT, enquanto deputado federal e Senador. Assim, se superar os obstáculos e emplacar o nome como escolhido do grupo das direitas, fica competitivo. “Não é fácil, mas não é impossível.” 

Três pontos

O professor e cientista político Guilherme de Carvalho segue a mesma linha de análise. Segundo ele, o governador de Goiás precisa observar três pontos para chegar forte em 2026 como concorrente ao Planalto. 

“O primeiro deles é se viabilizar dentro da Casa. O União Brasil está naquela dubiedade, se é governo, se não é… O União Brasil tem que decidir se é oposição ou não, pois não haverá tempo de montar um discurso de oposição. Senão, quando disser que é candidato, começarão a aparecer fotos com Lula, em eventos institucionais, o que é um problema para formar uma marca em tempos tão polarizados.”

Em relação ao segundo ponto, ele diz que o Chefe do Executivo goiano deve se viabilizar dentro do campo dele, que é o campo da direita. Nesse espectro, ele repete o nome de Tarcísio e cita Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, como expoentes. “E o terceiro ponto é o tamanho da relevância de onde você vem. O Estado de Goiás é importante para federação em termos econômicos, mas em relação a tamanho de eleitorado é pequeno. Se vender nacionalmente é mais complexo.”

Ele lembra, inclusive, que houve apenas um nome de um passado recente que foi eleito, sendo de um Estado periférico: Fernando Collor, do Alagoas. “Fora isso, nunca houve presidente eleito de um Estado com eleitorado tão pequeno. Goiás tem 3% do eleitorado”, pontua.

Por fim, argumenta que Caiado tem “bastante credibilidade nacionalmente. Talvez menos em Goiás do que do lado de fora. Mas ele precisa se cacifar”. E ele deixa claro, ainda, que o vácuo deixado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não é ocupado por ninguém. “Mas dito tudo isto, Caiado já está atrasado para começar a disputa para presidência.”

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