Os 100 primeiros dias de governo Lula da Silva

A principal missão da gestão do petista é conseguir apoio do Congresso e garantir governabilidade

Postado em: 10-04-2023 às 08h16
Por: Yago Sales
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A principal missão da gestão do petista é conseguir apoio do Congresso e garantir governabilidade | Foto: Valter Campanato/ ABr

Eleito em um segundo turno marcado por uma arrochada disputa contra o candidato à reeleição de extrema-direita Jair Messias Bolsonaro, Lula da Silva, em seu terceiro mandato, chega, nesta segunda-feira (10),  ao 100° dia de governo sob afagos da maioria de apoiadores e uma adrenalina de críticas da oposição. 

Enquanto desfaz parte do que a gestão de Jair Bolsonaro implantou, sobretudo na política ambiental, Lula enfrenta ainda a pungente do mercado e da oposição no Congresso Nacional, sobretudo quanto à falta de diálogo sobre a questão das contas públicas, crescimento da economia e controle da inflação. A cobrança não é novidade, a maioria dos ex-presidentes, no início de mandato, são chamados para a responsabilidade dos assuntos que permeiam a sobrevivência da economia nacional. 

Ainda na comumente política do toma-lá-dá-cá, já que, para manter uma mínima saúde na relação com o Congresso, majoritariamente da oposição, ofereceu cargos no primeiro escalão do governo, amarrou propostas de emendas e participação de parlamentares e ex-parlamentares em cargos de média importância na administração federal. Tudo em busca de governabilidade. 

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No início do governo, Lula da Silva teve de pensar rápido diante de uma das cenas mais violentas da República: milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, insatisfeitos com o resultado das eleições, invadiram os principais prédios da Praça dos Três Poderes e provocaram a maior quebradeira vista até então. 

Teve de agir rapidamente, quando colocou, às mãos do ministro da Justiça, Flávio Dino, a missão de organizar uma força-tarefa para identificar e prender os responsáveis. Milhares de baderneiros foram presos e muitos dos que estão sendo julgados. 

Se o governo tivesse sido posto à prova, sobre como lidaria com a violência dos bolsonaristas contra os resultados da eleição, era a chance de Lula mostrar força e sabedoria. Reuniu representantes dos três poderes, governadores, parlamentares e pregou a mensagem de reconstrução. Não apenas no sentido literal, de reorganizar o espaço público, mas também moral da forma com que se trata a democracia brasileira. 

E foi neste tom que, oito dias após tomar posse no mesmo ambiente de baderna, que Lula reuniu aliados e começou, de fato, a montar sua equipe de governo. 

Trouxe à mesa presidencial nomes que outrora foram opositores do Partido dos Trabalhadores, ex-aliados que se tornam críticos e, claro, outros de extrema confiança do presidente. Entre eles,  Alexandre Silveira, de Minas e Energia; Renan Filho, Transportes; Fernando Haddad, Fazenda; Flávio Dino, da Justiça; Carlos Fávaro, da Agricultura; Alexandre Padilha, de Cidades; Daniela Carneiro, do Turismo; Simone Tebet, Planejamento e Marina Silva, do Meio Ambiente. Claro, a lista é maior, porque são 37 auxiliares do primeiro escalão. 

Nos 100 dias de gestão, Lula enfrentou algumas crises, onde opositores e parte da imprensa pressionaram o presidente, mas não deu certo. É o caso da ministra Daniel Carneiro, do Turismo, da cota do União Brasil, de Luciano Bivar, que teve relação com milícias apontadas. E também à pressão contra outro ministro do União Brasil, o de Comunicações, Juscelino Filho, alvo de denúncias por uso indevido de aeronave. 

Afora essas questões mais políticas, adotou medidas radicais contra invasão da Terra Indígena Yanomami em Roraima, sem revanchismo, mantendo todo o cuidado para evitar conflitos. Com ajuda humanitária, o governo tem sido paciente com os invasores, milhares de garimpeiros. 

Uma das primeiras e difíceis missões de Lula foi a despolitização das Forças Armadas, trocando o comandante do Exército. 

Para o deputado federal Rubens Otoni (PT-GO) o maior desafio do governo é equilibrar os anseios e necessidades sociais com a sua capacidade orçamentária: “Lula já demonstrou que tem essa visão antes mesmo de assumir, ao articular a PEC da transição”, lembrou. Nesse pouco tempo o governo já recriou o Bolsa Família, com valor mínimo de R$ 600, lançou o Programa Mãos à Obra, para dar continuidade a todas as obras federais paralisadas, e anunciou a volta do Minha Casa Minha Vida com mais de 2 milhões de moradias populares”. 

 Na área da saúde, além do programa Mais Médicos, para garantir a presença de médicos em todos os municípios independente da distância, Lula já investiu mais de R$600 milhões para redução da fila de cirurgias eletivas. 

Já na área da educação, vale ressaltar que foi liberado pelo governo mais de R$600 milhões para retomada de obras de escolas, creches e quadras de esportes. Além disso, Lula anunciou, no dia 15 de março, o reajuste no valor da merenda escolar após seis anos de congelamento. “É importante lembrarmos que tivemos também o lançamento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que fortalece a Agricultura Familiar e estimula a produção de alimentos saudáveis”, ressaltou o parlamentar. 

“Esse é só o começo de um governo que chegou para agir com união, reconstruir o país com muito trabalho e trazer esperança para o povo brasileiro”, completou Otoni.

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