Os 100 primeiros dias de governo Lula da Silva
A principal missão da gestão do petista é conseguir apoio do Congresso e garantir governabilidade
Por: Yago Sales
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Eleito em um segundo turno marcado por uma arrochada disputa contra o candidato à reeleição de extrema-direita Jair Messias Bolsonaro, Lula da Silva, em seu terceiro mandato, chega, nesta segunda-feira (10), ao 100° dia de governo sob afagos da maioria de apoiadores e uma adrenalina de críticas da oposição.
Enquanto desfaz parte do que a gestão de Jair Bolsonaro implantou, sobretudo na política ambiental, Lula enfrenta ainda a pungente do mercado e da oposição no Congresso Nacional, sobretudo quanto à falta de diálogo sobre a questão das contas públicas, crescimento da economia e controle da inflação. A cobrança não é novidade, a maioria dos ex-presidentes, no início de mandato, são chamados para a responsabilidade dos assuntos que permeiam a sobrevivência da economia nacional.
Ainda na comumente política do toma-lá-dá-cá, já que, para manter uma mínima saúde na relação com o Congresso, majoritariamente da oposição, ofereceu cargos no primeiro escalão do governo, amarrou propostas de emendas e participação de parlamentares e ex-parlamentares em cargos de média importância na administração federal. Tudo em busca de governabilidade.
No início do governo, Lula da Silva teve de pensar rápido diante de uma das cenas mais violentas da República: milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, insatisfeitos com o resultado das eleições, invadiram os principais prédios da Praça dos Três Poderes e provocaram a maior quebradeira vista até então.
Teve de agir rapidamente, quando colocou, às mãos do ministro da Justiça, Flávio Dino, a missão de organizar uma força-tarefa para identificar e prender os responsáveis. Milhares de baderneiros foram presos e muitos dos que estão sendo julgados.
Se o governo tivesse sido posto à prova, sobre como lidaria com a violência dos bolsonaristas contra os resultados da eleição, era a chance de Lula mostrar força e sabedoria. Reuniu representantes dos três poderes, governadores, parlamentares e pregou a mensagem de reconstrução. Não apenas no sentido literal, de reorganizar o espaço público, mas também moral da forma com que se trata a democracia brasileira.
E foi neste tom que, oito dias após tomar posse no mesmo ambiente de baderna, que Lula reuniu aliados e começou, de fato, a montar sua equipe de governo.
Trouxe à mesa presidencial nomes que outrora foram opositores do Partido dos Trabalhadores, ex-aliados que se tornam críticos e, claro, outros de extrema confiança do presidente. Entre eles, Alexandre Silveira, de Minas e Energia; Renan Filho, Transportes; Fernando Haddad, Fazenda; Flávio Dino, da Justiça; Carlos Fávaro, da Agricultura; Alexandre Padilha, de Cidades; Daniela Carneiro, do Turismo; Simone Tebet, Planejamento e Marina Silva, do Meio Ambiente. Claro, a lista é maior, porque são 37 auxiliares do primeiro escalão.
Nos 100 dias de gestão, Lula enfrentou algumas crises, onde opositores e parte da imprensa pressionaram o presidente, mas não deu certo. É o caso da ministra Daniel Carneiro, do Turismo, da cota do União Brasil, de Luciano Bivar, que teve relação com milícias apontadas. E também à pressão contra outro ministro do União Brasil, o de Comunicações, Juscelino Filho, alvo de denúncias por uso indevido de aeronave.
Afora essas questões mais políticas, adotou medidas radicais contra invasão da Terra Indígena Yanomami em Roraima, sem revanchismo, mantendo todo o cuidado para evitar conflitos. Com ajuda humanitária, o governo tem sido paciente com os invasores, milhares de garimpeiros.
Uma das primeiras e difíceis missões de Lula foi a despolitização das Forças Armadas, trocando o comandante do Exército.
Para o deputado federal Rubens Otoni (PT-GO) o maior desafio do governo é equilibrar os anseios e necessidades sociais com a sua capacidade orçamentária: “Lula já demonstrou que tem essa visão antes mesmo de assumir, ao articular a PEC da transição”, lembrou. Nesse pouco tempo o governo já recriou o Bolsa Família, com valor mínimo de R$ 600, lançou o Programa Mãos à Obra, para dar continuidade a todas as obras federais paralisadas, e anunciou a volta do Minha Casa Minha Vida com mais de 2 milhões de moradias populares”.
Na área da saúde, além do programa Mais Médicos, para garantir a presença de médicos em todos os municípios independente da distância, Lula já investiu mais de R$600 milhões para redução da fila de cirurgias eletivas.
Já na área da educação, vale ressaltar que foi liberado pelo governo mais de R$600 milhões para retomada de obras de escolas, creches e quadras de esportes. Além disso, Lula anunciou, no dia 15 de março, o reajuste no valor da merenda escolar após seis anos de congelamento. “É importante lembrarmos que tivemos também o lançamento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que fortalece a Agricultura Familiar e estimula a produção de alimentos saudáveis”, ressaltou o parlamentar.
“Esse é só o começo de um governo que chegou para agir com união, reconstruir o país com muito trabalho e trazer esperança para o povo brasileiro”, completou Otoni.