Prefeitos ameaçam protesto contra baixos repasses do governo federal

Com risco de não pagar Folha, prefeitos articulam movimento para chamar atenção de Lula

Postado em: 13-04-2023 às 07h40
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: Prefeitos ameaçam protesto contra baixos repasses do governo federal
Com risco de não pagar Folha, prefeitos articulam movimento para chamar atenção de Lula | Foto: Divulgação/ Abr

Prefeituras de Goiás correm o sério risco de não conseguirem nem pagar a folha de pagamento do próximo mês. Prefeitos ouvidos pela reportagem do jornal O Hoje garantem que os valores repassados, cada vez menores, criam um clima de instabilidade e prejudicam a governabilidade, sobretudo para aqueles que dependem integralmente do valor vindo do Governo Federal. 

Desde janeiro, o valor repassado não consegue satisfazer os municípios. Em janeiro, foram repassados R$ 418 milhões.. O valor foi menor em fevereiro, chegando a R$339 milhões. Já em março, foi ainda mais preocupante, R$301 milhões. Em abril, conforme apurado pela reportagem, o valor pode ser ainda menor, ou seja, R$250 milhões para serem distribuídos para todos os 246 municípios goianos. 

Embora haja a tentativa de evitar críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), parece que o clima pode mudar, tendo em vista, sem conseguir cuidar da cidade, muitos prefeitos, sobretudo os de primeiro mandatos com prospecção para um segundo, podem se desgastar diante da ineficiência. 

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Tanto o presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM), Carlão da Fox quanto o presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM), Haroldo Naves, já foram avisados das preocupações e se disponibilizaram a organizar, para o início da semana que vem, um movimento que chame a atenção do governo federal. 

A ideia, por enquanto, é que os municípios goianos aderem a uma paralisação que deve ocorrer na próxima segunda ou terça-feira. A preocupação é quanto ao pagamento com pessoal. É o caso do prefeito de Iporá, Naçoitan Leite. Para a reportagem do O Hoje, ele afirma que a situação “é uma vergonha”. “A arrecadação do governo federal está subindo e tomando o dinheiro das prefeituras”, reclama ele. 

Outro prefeito ouvido, mas que não quis ser identificado, afirma que não deve receber nem R$70 mil, correndo o sério risco de não conseguir pagar nem os profissionais da saúde nem da educação. “Estamos em estado de alerta e precisamos chamar a atenção de outros estados para que haja um movimento nacional e tentar convencer o presidente Lula e sua equipe econômica de que a gente precisa ser enxergado”, disse. 

Outro prefeito, comenta que a situação dele pode ser um pouco mais tranquila, já que tem mais de 100 mil habitantes e tem receita própria. “Mesmo assim, a gente precisa desse repasse para sair do vermelho”, comentou. 

Os prefeitos se lembram do entusiasmo de Lula na 84ª Reunião Geral da Frente Nacional dos Prefeitos, em Brasília, cujo tom parecia ser favoráveis aos municípios. Ou seja, o restabelecimento do pacto federativo, a relação direta e transparente com estados e municípios e a capacidade de ouvir e levar em conta demandas de quem atua na ponta em todas as áreas. 

Pelo menos essas eram as falas de Lula que, entre outras coisas, disse: “A gente tem que entender que trabalhando separado a gente é muito fraco e trabalhando junto somos muito fortes. É na cidade que temos que resolver os problemas da educação, da saúde e do transporte. É na cidade que o povo vai na casa do prefeito às 5h da manhã na busca de dinheiro para o remédio, para pagar uma passagem, para comprar um quilo de feijão”. 

Após ouvir os prefeitos, que procuram chamar a atenção do governo federal, a reportagem tentou um posicionamento dos representantes, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. Ainda aguarda o presidente da FGM, Haroldo Naves, e da AGM, Carlão da Fox.

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