Avança projeto que altera natureza jurídica do Ipasgo

Apesar da iniciativa ter sido travada na CCJ, a proposta avançou ao menos uma fase durante a tarde de ontem

Postado em: 19-04-2023 às 08h00
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: Avança projeto que altera natureza jurídica do Ipasgo
Isso porquê os deputados aprovaram a iniciativa, por 24x7, na Comissão Mista| Foto: Agência Assembleia de Notícias

Após a sessão extraordinária da última terça-feira, 18, os parlamentares se reuniram em um novo encontro da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ). Na ocasião, os deputados Mauro Rubem (PT) e Major Araújo (PL) pediram vista do único processo em tramitação. A, de autoria do Poder Executivo, altera a natureza jurídica do Ipasgo. O texto, segundo o Governo, busca uma solução para a correção das inadequações contábeis e administrativas exigidas pelo TCE-GO.

Apesar da iniciativa ter sido travada na CCJ, a proposta avançou ao menos uma fase durante a tarde de ontem. Isso porquê os deputados aprovaram, na Mista, o projeto do governo. Na ocasião, todos os votos em separado foram rejeitados. Votaram contra a proposta sete parlamentares: Mauro Rubem (PT), Antônio Gomide (PT), Bia de Lima (PT), Major Araújo (PL), Delegado Eduardo Prado (PL), Fred Rodrigues (DC) e José Machado (PSDB). Outros 24 foram favoráveis. 

Vale lembrar que com a alteração de regime jurídico, o Ipasgo passa a ter autonomia financeira e administrativa; imunidade em relação aos impostos federais e municipais; isenção de tributos estaduais; maior participação dos servidores, que integrarão os conselhos de administração e fiscal; além de passar a ser regido pela legislação civil. O instituto será gerido por uma diretoria executiva indicada pelo Executivo estadual. 

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De acordo com o projeto, no Serviço Social Autônomo, o Governo de Goiás continua como controlador do Ipasgo e o serviço prestado será regulamentado e fiscalizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). 

A Governadoria argumenta que, com isso, os 596 mil usuários do serviço de assistência à saúde passam a ter acesso a 879 procedimentos médicos que hoje não integram a tabela do Ipasgo, a outros oito atendimentos odontológicos, 1.758 medicamentos e 740 Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME), insumos utilizados em intervenções médicas, odontológicas, de reabilitação, diagnósticas ou terapêuticas.

O texto também garante a manutenção do sistema assistencial, a exemplo de serviços odontológicos e home care, mesmo com a extinção da autarquia. Em relação à gestão do instituto, o projeto de lei veda ao Ipasgo a alienação da carteira de usuários a outro sistema de assistência à saúde. Além dos artigos que tratam sobre esses assuntos, a redação é constituída por sugestões apresentadas pelos servidores efetivos do Ipasgo e que dizem respeito às carreiras públicas dos mesmos. 

A alteração da natureza jurídica do instituto visa adequar o Ipasgo ao arcabouço legal e às regras de governanças, tal qual determinado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). A Corte de Contas imputou prazo ao Instituto, até o dia 31 de dezembro, para correção de distorção contábil que ocorre desde 2009, quando o Ipasgo deixou de gerir o regime de previdência dos servidores públicos, atribuição assumida pela Goiás Previdência (Goiasprev), e se tornou exclusivamente um serviço de assistência à saúde. Depois de pelo menos uma década de recomendações para correção do desajuste legal causado por essa mudança, o tribunal impôs que o Estado deixe de contabilizar como parte da Receita Corrente Líquida (RCL) os descontos feitos em folha de pagamento dos servidores.

O governador Ronaldo Caiado (UB), autor da matéria, lembra, no entanto, que a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) não reconhece a possibilidade de desvincular a receita de uma autarquia, visto que essa executa atividades típicas da administração pública. A exceção seria se a Corte de Contas consentisse. Em Goiás, no entanto, o TCE avalia não ser possível sem alterar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), ao qual o Governo de Goiás aderiu em 2021. Portanto, para que o Ipasgo continuasse como autarquia, seriam necessárias alterações em leis federais.

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