Mendanha ‘abre mão’ do governo por apoio ao Senado em 2026

Felipe Cardoso e Francisco Costa

Que o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (Patriota) está em rota de aproximação com o vice-governador de Goiás, Daniel Vilela (MDB), isso todos sabem. Há tempos as lideranças estudam uma maneira de se reconectar de olho nas próximas eleições. Sabem, no fundo, que, apesar das diferenças, caminhar de mãos dadas renderia mais frutos. 

Daniel e Mendanha eram — e voltarão a ser em um futuro não muito distante — irmãos inseparáveis. A briga pelo governo goiano, em 2022, os afastou. Daniel viu no governador Ronaldo Caiado (UB) uma ponte para poder em quatro anos. Mendanha, por sua vez, apostou em ocupar o vácuo da oposição ao então governador. Daniel levou a melhor. 

A Mendanha resta a missão de se reorganizar politicamente para dar sustentação a seu projeto político em 2026. A princípio, desejava, de novo, concorrer ao governo. Teria, lá na frente, o ex-irmão como adversário — Daniel é o candidato natural à sucessão de Caiado. Neste caso, mais uma vez, um dos dois perderiam. “Até que ponto valeria apostar em uma nova queda de braço?”, tal é a reflexão. 

Ambos são jovens, mas astutos. Não é à toa que tiraram do papel o plano de reaproximação alimentado desde o resultado das eleições, em outubro de 2022. Juntos, de fato, podem mais. Mendanha está disposto a voltar ao MDB, mas o fará de maneira segura. E não restam dúvidas que Daniel pagará pelo passe do irmão. 

Se Daniel é o candidato natural do governo em 2026, qual seria então o lugar de Mendanha nesse velho novo time? Senado. O ex-prefeito já disse que “tem perfil para o Executivo” — e provou ter. Mas, como o disparar de um estilingue, terá que dar dois passos para trás se quiser ser impulsionado à cadeira mais almejada do Estado. A vez é de Daniel. E Mendanha sabe disso. 

Ao O HOJE, Mendanha confirmou essa engenharia. O ex-prefeito disse que abriria mão da disputa pelo governo por “garantias na majoritária”. A história que tem com Daniel, segundo ele, ajuda a pavimentar esse cenário de segurança que deseja ter para fazer o caminho de volta ao partido. Aos que consideram, ante a essa possibilidade, que o ex-prefeito teria se “vendido” ao governo, Mendanha rebate de maneira sucinta: “não falamos sobre aproximação com Caiado”. 

Capital 

Mendanha, em paralelo, desenha um outro plano. Ele quer ser candidato à prefeitura de Goiânia em 2024. Por ter sido reconduzido ao mandato de prefeito de Aparecida em 2020, a legislação o proíbe de brigar pela cadeira. Mas o ex-prefeito aposta em uma brecha legal. Se conseguir reverter, na Justiça, o impedimento, pode figurar como candidato forte na disputa do ano que vem.

Seria ele, então, o candidato do MDB na Capital? Tudo dependerá do entendimento da Justiça e dos próximos encontros com Daniel. Pensando em entender melhor as possibilidades jurídicas, Mendanha viaja nesta quarta-feira, 26, para Brasília. A ideia é conversar com especialistas sobre o assunto.