Ex-comandante de Operações da PMDF é investigado pela CPI por receber Pix de subordinados e empresas

A CPI dos Atos Antidemocráticos avalia dados da quebra do sigilo bancário do coronel Jorge Eduardo Naime, que foi preso após 8/1

Postado em: 26-04-2023 às 17h33
Por: Redação
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A CPI dos Atos Antidemocráticos avalia dados da quebra do sigilo bancário do coronel Jorge Eduardo Naime, que foi preso após 8/1. | Foto: Reprodução/TV CâmaraDF

Por Larissa Oliveira

Preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), Jorge Eduardo Naime está sendo investigado por suspeita de conivência ou omissão com os atos antidemocráticos que procederam as eleições presidenciais de 2023. Ele era comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e, em 8 de janeiro, dia da invasão e depredação da sede dos Três Poderes, estava de licença. A informação é do portal Metrópoles.

Durante as investigações, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), solicitou a quebra de sigilo bancário. Em seguida, foram levantadas as informações de movimentações financeiras referentes ao período de julho de 2022 a fevereiro de 2023, que começa antes das eleições de 2022 e até depois da invasão e depredação da sede dos Três Poderes.

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Os dados revelam que, no período analisado, Naime recebeu Pix de policiais militares subordinados a ele e de uma empresa de segurança privada. As informações obtidas devem ser enviadas para a Polícia Civil do DF (PCDF) e a corregedoria da PMDF possam investigar a origem das transferências bancárias.

De acordo com o levantamento, o ex-comandante recebeu dinheiro de pelo menos três subordinados no Departamento de Operações da PMDF.

No dia 11 de agosto de 2022, o segundo sargento André Felipe Monteiro Myles transferiu R$ 6,7 mil para a conta do coronel. Segundo o Portal da Transparência do DF, ele era motorista do Naime e, naquele mês, recebeu salário líquido de R$ 8,9 mil.

No dia 27 de setembro de 2022, o primeiro sargento André Luis de Oliveira Jorge mandou R$ 5 mil, via Pix, para o coronel. Ele recebeu salário de R$ 12 mil naquele mês.

No dia 10 de outubro de 2022, o segundo sargento Leonardo Victor Batista fez Pix de R$ 5 mil e mais um depósito de dinheiro, também de R$ 5 mil, totalizando R$ 10 mil. Naquele mês, a remuneração líquida do militar foi de R$ 8,4 mil.

Nos dias 13 de setembro de 2022, 14 de outubro, 9 de novembro, 6 de dezembro e 10 de janeiro de 2023, a empresa de Goiás fez Pix de R$ 3 mil ao Naime. No dia 7 de dezembro de 2022, foi feito um Pix adicional de R$ 635,88.

Além disso, a empresa H&F Vigilância de Segurança Ltda repassou ao coronel, ao longo de cinco meses, um total de R$ 15.635,88.

O lado da defesa

De acordo com Izabella Borges, advogada do coronel Jorge Eduardo Naime, a “defesa esclarece que não teve acesso a esses documentos ainda, mas é importante que se torne público nesse momento que o coronel Naime é pai de um adolescente com hidrocefalia, que já realizou diversas cirurgias para a manutenção de sua vida, com a reposição de válvulas cerebrais.”

“Uma equipe multidisciplinar atende o adolescente e, como todos sabem, manter uma vida nessas condições não é barato. Amigos e familiares já realizaram empréstimos de valores baixos e irrelevantes para auxiliar a família, como é o caso da ajuda familiar de Mariana Fiúza, que girou em torno de R$ 2.000 por alguns poucos meses”, afirmou. Segundo Izabella, a empresa H&F pertence aos tios da esposa do coronel.

Conforme contato com Mariana, o filho “nasceu de 26 semanas, com hidrocefalia e tem diagnóstico de várias más-formações neurológicas”. “Ele já passou por mais de oito cirurgias e, em razão de todos esses custos, minha família me apoia há alguns anos”, declarou.

O diretor administrativo da H&F, Gabriel Fiúza, disse que o coronel possui relação direta de parentesco com os diretores da empresa, “de modo que há mais de 10 anos auxilia no tratamento de saúde do filho, agora com 14 anos”.

“A criança possui um histórico de complicações de saúde como Hidrocefalia, Síndrome de Arnold-Chiari e outros, devido ao seu nascimento de prematuridade extrema após um estado de Pré-eclâmpsia de sua mãe, Mariana”, afirmou Gabriel.

Veja a nota da empresa na íntegra:

O coronel da PMDF Jorge Eduardo possui relação direta de parentesco com os diretores da H&F Vigilância e Segurança, de modo que há mais de 10 anos auxilia no tratamento de saúde do adolescente, agora com 14 anos, mas que possui um histórico de complicações de saúde como Hidrocefalia, Síndrome de Arnold-Chiari e outros, devido ao seu nascimento de prematuridade extrema após um estado de Pré-eclâmpsia de sua mãe, Mariana.

Além da relação de parentesco (tios e primos de primeiro grau) a H&F e seus diretores sempre solidarizaram com a Mariana, que por muito tempo não possuiu condições de trabalho devido a necessidade de auxílio no tratamento do Mateus.

Ressalta-se que o período de auxílio não restringe a Setembro de 2022 a Janeiro de 2023 e sim há mais de 10 anos, como dito, por questões familiares privadas. Todos os valores doados estão devidamente contabilizados e à disposição para quaisquer verificações, caso haja necessidade.

A H&F Vigilância e Segurança, é uma empresa familiar, fundada em 17 de Fevereiro de 1982, sendo uma das empresas pioneiras de vigilância patrimonial privada no estado de Goiás. Possui Know-how e atua exclusivamente em iniciativa privada há mais de 41 anos.

Por fim, repudia-se veementemente todos os atos anti-democráticos ocorridos em 8 de Janeiro de 2023 ficando certo que a justiça prevalecerá e o Brasil restaurará seus símbolos máximos da democracia e a paz nacional.

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