Maioria dos goianos votou contra urgência do PL das fake news

Para cientista político, deputados contrários demonstram preocupação com membros de sua base de apoio, “que fazem uso desse expediente de notícias falsas”

Postado em: 27-04-2023 às 08h10
Por: Francisco Costa
Imagem Ilustrando a Notícia: Maioria dos goianos votou contra urgência do PL das fake news
Para cientista político, deputados contrários demonstram preocupação | Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados

Dos 15 deputados federais goianos que participaram da sessão, nove votaram contra o pedido de urgência para o projeto de lei (PL) das fake news. O texto, contudo, passou com 238 votos favoráveis e 192 contrários na Câmara Federal, na noite de terça-feira (25).

Foram contrários: Célio Silveira (MDB); Daniel Agrobom, Gustavo Gayer, Magda Mofatto e Professor Alcides, os quatro do PL; Glaustin da Fokus (PSC); Ismael Alexandrino (PSD); além de Silvye Alves e Dr. Zacharias Calil, ambos do União Brasil.

Já os que votaram sim foram: Marussa Boldrin (MDB); Adriano do Baldy e José Nelto, do PP; Lêda Borges (PSDB); bem como Delegada Adriana Accorsi e Rubens Otoni, do PT. Flávia Morais (PDT) e Jeferson Rodrigues (Republicanos) não votaram.

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O goiano Gayer afirmou que, caso o texto passe como está, será o fim da liberdade de expressão. Ele classifica a matéria como PL da censura. Rubens Otoni, por sua vez, chamou o resultado de vitória do governo.

O projeto é alvo de críticas, principalmente de deputados bolsonaristas, e prevê o estabelecimento de medidas de combate à disseminação de conteúdo falso nas redes sociais e serviços de mensagens. O Google chegou a criticar a urgência do projeto, pedindo mais debate antes da sua votação. Texto deve voltar a plenário na próxima terça (2).

Relator da proposta, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) reforçou que no projeto não existe interesse em interferir na liberdade de expressão. “A liberdade de expressão está fortalecida com um processo em que o próprio usuário pode contestar quando se sentir prejudicado”, garante.

As discussões ainda seguirão, conforme o parlamentar. “Vamos nos reunir para aprofundar os debates. Só temos que resolver dois problemas: fiscalização da lei e aplicação de sanções administrativas, se necessário.”

Marcel Van Hattem (Novo-RS), da oposição, criticou projeto. Segundo ele, trata-se de uma “tentativa de amordaçar” os parlamentares opositores. “O objetivo é criar limites que nos calam, nos silenciam e que podem nos levar à cadeia por manifestar opinião política, religiosa ou defender algum setor econômico como a agro”, declarou.

Aprovação

Com a aprovação, o texto pode ir a plenário sem passar pelas comissões temáticas. Trata-se de uma vitória política do governo Lula (PT). Além disso, também foi positivo para o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

Para ele, é necessário a regulação das redes sociais, bem como realizar o combate de fake news. Esta matéria teve o avanço rejeitado pela Casa há um ano por orientação das legendas da base de Bolsonaro (PL). O tema, contudo, voltou aos holofotes com o governo Lula, que defende o aumento na transparência das big techs, além da coibição da propaganda de desinformação.

Análise

Para o professor e cientista político Marcos Marinho, os contrários são os parlamentares mais próximos ou imersos no bolsonarismo. Ele observa que não são todos que disseminam notícias falsas, mas que a prática é comum em suas bases. 

“Pelo menos recortes que tentam equivocar a audiência. Então é um grupo preocupado com membros de sua base de apoio. Esses apoiadores fazem uso desse expediente de fake news de forma deliberada e avolumada com investimentos para garantir domínios de narrativas. Ainda que equivocadas e mentirosas para descredibilizar imprensas e organizações governamentais. Parlamentares que dependem desse apoio deveriam repensar.”

Segundo ele, ele estranha os membros do União Brasil ter apoiado a votação contrária. “Mas é uma dinâmica que cada um terá que justificar a posteriori.”

“É preciso gerar debate sobre o fato. Sobre o que é liberdade de expressão, mas sobre o que é responsabilidade de opinião. Falamos de um processo de desinformação e enganação que é brutal, que temos visto nos últimos anos. Então, é preciso coibir isso. A própria PL tem sido vítima de fake news absurdos, como proibição de versículos da Bíblia e outros.”

BOX: Voto dos deputados goianos na PL da fake news:

Marussa Boldrin (MDB) – Sim

Célio Silveira (MDB) – Não

Daniel Agrobom (PL) – Não

Gustavo Gayer (PL) – Não

Magda Mofatto (PL) – Não

Professor Alcides (PL) – Não

Adriano do Baldy (PP) – Sim

José Nelto (PP) – Sim

Glaustin da Fokus (PSC) – Não

Ismael Alexandrino (PSD) – Não

Lêda Borges (PSDB) – Sim

Delegada Adriana Accorsi (PT) – Sim

Rubens Otoni (PT) – Sim

Dr. Zacharias Calil (União Brasil) – Não

Silvye Alves (União Brasil) – Não

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