Operação da PF ofusca pautas do Congresso e Governo Federal

Discussões de PL das Fake News e Código Tributário são freadas após ação da PF contra Jair Bolsonaro e ex-assessores

Postado em: 05-05-2023 às 08h01
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: Operação da PF ofusca pautas do Congresso e Governo Federal
Discussões de PL das Fake News e Código Tributário são freadas após ação da PF contra Jair Bolsonaro e ex-assessores | Foto: Marcelo Camargo/ABr

Operação que colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro no centro de um furacão desde a manhã de quarta-feira (3) ofuscou parte de discussões que estavam em pauta no Congresso Nacional, com movimentação do Planalto. 

Entre elas, o Projeto de Lei (PL) que tomou conta do debate público nas últimas semanas, sobretudo das redes sociais, com narrativas distintas. Enquanto à defendida pelo governo de Lula da Silva e, por isso, aliados, é chamada de PL das Fake News, a ala da extrema-direita, ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a classifica como PL da Censura. 

O debate chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), depois que o Google utilizou a home do site, que é o mais acessado do Brasil, para publicar e divulgar um texto contrário ao texto que não prosperou, pelo menos por enquanto, na Câmara

Continua após a publicidade

Na última terça-feira (2), o presidente da Câmara, Arthur Lira, retirou a pauta da votação. Com receio de que a PL não fosse aprovada devido às pressões, Lira decidiu por aceitar a proposta do relator do projeto, o deputado Orlando Silva (PCdoB -RJ). O projeto seria apreciado naquela noite de terça-feira, já que os deputados haviam aprovado um requerimento que dava caráter de urgência à votação. 

“Não tivemos tempo útil para examinar todas as sugestões, por isso gostaria de fazer um apelo para, consultados os líderes, que pudéssemos retirar da pauta de hoje a proposta e pudéssemos consolidar a incorporação de todas as sugestões que foram feitas para ter uma posição que unifique o plenário da Câmara dos Deputados em um movimento de combater a desinformação e garantir a liberdade de expressão”, defendeu Orlando Silva.

Como uma cabeça d´água, a operação que obrigou Bolsonaro a entregar o seu celular a agentes da Polícia Federal, tem gerado repercussões que vão desde a suposto indício de que um dos envolvidos sabe quem mandou matar a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco – que era do PSOL carioca – e de seu motorista, Anderson Gomes até a revelações sobre cronograma para um golpe revelado pela CNN Brasil. 

Outro assunto que se “perdeu” em meio às investidas da PF ao status quo de Bolsonaro, se trata da CPI dos Atos Antidemocráticos, que deve se aproveitar de algumas das revelações da operação envolvendo auxiliares do ex-presidente. 

Ao mesmo tempo, deputados, senadores e ministros de Lula – como Fernando Haddad e Simone Tebet – cavoucam espaço para discutir e entender o melhor caminho para dar caminho para a Reforma Tributária, assunto que também foi ofuscado pela ofensiva contra Bolsonaro e aliados. 

A Operação Venire investiga adulteração em cartões de vacinação. A residência do ex-presidente foi alvo de um dos mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal, na manhã desta quarta-feira (3). Os agentes também recolheram o celular de Bolsonaro. 

Entre os seis detidos está o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. A Polícia Federal informou que também está sendo feita análise do material apreendido durante as buscas e a realização de oitivas de pessoas que detenham informações sobre o caso. “As inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a covid-19 dos beneficiários”, destacou a PF.

“Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa”, completou. Ainda conforme a corporação, o objetivo do grupo seria “manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a covid-19”.

Veja Também