Cidadania repudia falas de Gayer que causaram demissão de professora em Aparecida de Goiânia

Gayer divulgou em suas redes uma montagem com a imagem da professora com a camiseta e a seguinte legenda: “Professora de história com look petista em sala de aula”

Postado em: 08-05-2023 às 11h26
Por: Ícaro Gonçalves
Imagem Ilustrando a Notícia: Cidadania repudia falas de Gayer que causaram demissão de professora em Aparecida de Goiânia
Gayer divulgou em suas redes uma montagem com a imagem da professora com a camiseta e a seguinte legenda: “Professora de história com look petista em sala de aula” | Foto: Reprodução

O diretório goiano do partido Cidadania repudiou, nesta segunda-feira (8/5), as falas do deputado federal Gustavo Gayer (PL) relacionadas a roupa usada por uma professora de Aparecida de Goiânia, na última semana.

A mulher, que preferiu não se identificar, atuava como professora de história da arte no colégio particular Expressão, na Região Metropolitana de Goiânia. Em uma imagem nas redes, ela aparece usando uma camiseta vermelha com a frase “Seja marginal, seja herói”, do artista plástico Hélio Oiticica (1937-1980).

Após isso, segundo a professora, Gayer divulgou em suas redes uma montagem com a imagem da professora com a camiseta e a seguinte legenda: “Professora de história com look petista em sala de aula”.

Continua após a publicidade

O ato fez com que a mulher fosse vítima de ataques e ameaças em suas redes sociais, culminando na decisão do colégio por demiti-la.

Para o Cidadania, o caso foi uma “abjeta campanha de difamação do referido parlamentar da extrema-direita, que leviana e repetidamente profere discursos de ódio”. Confira a nota na íntegra, assinada pelo presidente do partido em Goiás, Gilvane Felipe.

Nota Oficial Cidadania em Goiás

“No último dia 2 de maio, uma professora goiana foi violentamente atacada pelas redes sociais em função de uma postagem na qual fazia referência a uma obra do célebre artista brasileiro Hélio Oiticica.

Tal atentado foi desferido pelo Deputado Federal Gustavo Gayer (PL), conhecido por suas posições intolerantes. Todavia, é preciso ressaltar que a liberdade de expressão é um dos pilares fundamentais da democracia e como tal deve ser protegida e respeitada, principalmente em se tratando de educação.

Ao mesmo tempo, é importante lembrar que esse direito não pode ser usado para justificar discursos de ódio, discriminação ou violência contra indivíduos ou grupos específicos, como no caso da referida professora que, inclusive, acabou sendo demitida pelo Colégio, em função de abjeta campanha de difamação do referido parlamentar da extrema-direita que leviana e repetidamente profere discursos de ódio em relação à diversidade de pensamento, pré-requisito de um ambiente escolar saudável e democrático.

A escola no Brasil está sob ataque, seja por atentados armados, como vimos recentemente, seja em casos como o atual em que se ataca a escola, atacando seus professores e a sua liberdade de expressão. Em ambos os casos, o bolsonarismo é um contumaz fomentador desses atentados, ao estimular a cultura do armamentismo, da intolerância e da violência.

Diante disso, o partido Cidadania em Goiás vem a público repudiar enfaticamente mais esse grave e irresponsável atentado ao direito de expressão, ao mesmo tempo em que nos solidarizar com a professora, vítima desses grupos extremistas que assolam o nosso Estado e o nosso país. Também conclamamos a que a sociedade civil e todas as suas instituições e organizações reajam a essas ofensivas tão nocivas, em defesa da democracia e de nossas escolas.

Repercussão

No sábado, o Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro Goiás) divulgou nota na qual chamou de “covarde e irresponsável” o comportamento do deputado. Informou ainda que entrou com ação na Justiça Federal pedindo a exclusão das redes sociais do deputado por disseminação de discurso de ódio. Confira:

Nota de repúdio – Sinpro

O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás, Sinpro Goiás, além de repudiar com veemência a atitude covarde e irresponsável do dep. Gustavo Gayer, informa que entrou com uma ação na Justiça Federal contra ele, assinada também pelo Sintego, Fitrae-BC e Contee, solicitando a exclusão das redes sociais disseminadoras de ódio e falsas notícias, incluindo-se a página dele que persegue professores/as em nome do monitoramento da suposta doutrinação.

O Sinpro Goiás também ajuizou outra ação, cível, para que sejam reparados os danos materiais e morais sofridos pela professora Laura Macedo. Está também em fase final de elaboração a ação trabalhista contra o Colégio, em caso de consumação jurídica da demissão da docente.

O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás está dando todo o suporte à docente e entende que o ataque covarde contra ela, protagonizado por esse ignóbil deputado, arquitetado na base da fake news, que distorce o objeto em estudo que é a cultura marginal no Brasil traduzida na resistência do povo excluído contra a opressão, é um ataque a todos os professores e professoras. É um ataque à educação e à sociedade como um todo.

O Sinpro Goiás utilizará todos os meios legais possíveis para defender a categoria docente que representa contra tais ofensivas fascistas desse senhor oportunista que quer fazer crescer suas redes sociais e obter resultados eleitorais por meio da destruição de reputações, da dor e do sofrimento alheios, como fez durante os momentos mais greves da Pandemia da Covid19 ao divulgar notícias falsas sobre a doença, vacinas e tratamentos médicos.

O Sinpro Goiás informa também que já realizou representações contra Gustavo Gayer no Ministério Público de Goiás e Federal. O Sinpro, que completa 60 anos de história, seguirá firme e vigilante, pronto a defender os professores e as professoras com toda a força da sua representação e da lei“, finalizou o sindicato em nota.

O Colégio Expressão, por sua vez, divulgou texto no qual afirma que “a escola não é lugar de propagar ideologias politicas, religiosas ou preconceituosas”. Disse ainda que “jamais induziu, militou ou abordou temas políticos, religiosos ou de gênero”, por acreditar “que essas escolhas devem ser respeitadas e discutidas no âmbito familiar”.

Imagem: Instagram/Colégio Expressão

O Hoje entrou em contato com a assessoria do deputado solicitando posicionamento sobre a repercussão do caso, mas não obteve resposta. O espaço para posicionamento permanece aberto.

Veja Também