Tocantins realiza eleição no domingo para definir Poder Executivo

Lucas de Godoi* 

Cerca de 1,5 milhão de eleitores vão às urnas neste domingo para eleger os chefes do Poder Executivo no estado do Tocantins e em 20 municípios de nove estados. No Estado, o novo pleito foi organizado depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou, em 22 de março deste ano, os mandatos do governador Marcelo Miranda (MDB) e de sua vice, Cláudia Lélis (PV), por arrecadação ilícita de recursos para a campanha de 20 14, em um processo que apurou o uso de caixa dois durante a campanha. 

Na época, uma aeronave foi apreendida com R$ 500 mil em Goiás, além de santinhos. O avião estava em nome do MDB (PMDB na época). Os ministros então cassaram os cargos eleitos por 5 votos a 2.  No julgamento, o ministro Luiz Fux afirmou que os depoimentos e argumentos utilizados pela defesa eram contraditórios e que o dinheiro encontrado na aeronave era destinado a pessoas ligadas ao governador, responsável por pagar custos da campanha. 

Anteriormente, em 2009, o ex-governador Marcelo Miranda já havia sido cassado por abuso de poder político, após prometer vantagens indevidas a eleitores, preenchimento de cargos públicos de forma irregular, distribuição de bens custeados pelo serviço público, uso indevido de meios de comunicação e R$ 14 mil em doações de cheques-moradia. 

Ao todo, sete candidatos concorrem a Governador do Estado: Carlos Enrique Amastha (PSB), Kátia Abreu (PDT), Marcos Costa (PRTB), Mário Avelar (PSol), Márlon Jacinto Reis (Rede), Mauro Carlesse (PHS) e Vicente de Oliveira (PR).

Prefeituras

Eleitores de Niquelândia, município do Norte Goiano, serão os únicos do Estado a votar neste domingo para escolher novo prefeito e vice, para cumprir mandato tampão até 2020. O ex-prefeito da cidade, Valdeto Ferreira (PSB), teve o registro de candidatura às eleições de 2016 cassado no começo de fevereiro, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

É a primeira vez que o município sedia eleições fora de época. Isso por que a chapa do então prefeito da cidade, Valdeto Ferreira, foi cassada no começo de fevereiro deste ano pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por improbidade administrativa em uma gestão anterior, quando o político administrou a cidade entre 1993 e 1996. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), existem 27.537 eleitores na cidade aptos a votarem. 

Disputarão o pleito quatro candidatos: o ex-vice-prefeito Celino Correa (SD), o ex-vereador Denguinho Chimango Dias (PSDC), o médico Fernando Carneiro (PSD) e o empresário Xisto Damas (PHS). Um levantamento realizado pela Áppia Consultoria e Treinamento Empresarial aponta que a disputa está empatada entre os candidatos Dr. Fernando Carneiro (PSD), com 32,49%; e Denguinho Chimango, com 30,25%, conforme pesquisa estimulada, realizada entre os dias 24 a 26 de maio, quando foram ouvidos 1028 eleitores. 

Ato criminoso 

De acordo com o analista do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO), Alexandre Azevedo, o período de campanha na cidade “foi tranquilo e dentro da normalidade”. Segundo ele, a expectativa é que o resultado seja conhecido pouco depois das 17 horas, já que a eleição é apenas para prefeito e o eleitorado é pequeno. 

Apesar de o TRE ainda não ter registrado anormalidades na campanha, na madrugada do último dia 31 um panfleto sem assinatura foi espalhado por bairros da cidade. No material, lideranças políticas e os candidatos a prefeito Fernando Carneiro (PSD) e o vereador Saullo Adorno (PTB), candidato a vice-prefeito são tratados de maneira pejorativa.

Por causa disso, o advogado e presidente da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) em Niquelândia, José Aurélio Silva Rocha, acionou na quinta-feira (31) a Polícia Civil, o Ministério Público Eleitoral (MPE) e o juiz da 41ª Zona Eleitoral da cidade, Jesus Rodrigues Camargos, para que se investigue e identifique os responsáveis pela divulgação do material.

Uma fonte ligada à campanha do candidato Denguinho Chimango Dias (PSDC), que pediu para não ser citada, disse à reportagem que o grupo ligado ao ex-vereador não é responsável pela ação. Segundo disse, apesar de compreender que a eleição provavelmente será decidida entre os dois candidatos, as ações da campanha se pautaram pela legalidade. “Nosso grupo não foi. O processo está tranquilo, todo mundo trabalhando bastante e de maneira honesta”, defende. 

Município possui quatro candidatos 

O processo eleitoral no município é plural. Em regra, vereadores e ex-vereadores se envolveram na disputa, bem como políticos já conhecidos da população, mas tem também alguns principiantes. O clima na cidade é amistoso, sendo que Denguinho Chimango Dias e Fernando Carneiro despontam como favoritos, segundo pesquisa feita em Niquelândia. 

Celino Correa é o vice-prefeito afastado do cargo, junto com o ex-prefeito Vadeto Ferreira. Como vice-prefeito, a chapa possui o vereador Jesus Ferreira França (PRB), que cumpre seu segundo mandato no Poder Legislativo. 

Denguinho Chimango Dias foi vereador por dois mandatos e também presidiu a Câmara Municipal de Niquelândia entre 2011 e 2012. Reeleito em 2012, foi o vereador mais votado da cidade, com 1.018 votos. Compõe como candidato a vice-prefeito João Júnior Leal, que nunca disputou cargo eletivo. A chapa é composta pelas siglas PSDC, PMN, PRP, PSC, PR e Podemos. 

Fernando Carneiro é médico e atuou por muitos anos no Hospital Municipal Santa Efigênia. Nunca concorreu a nenhum cargo político e tem como candidato a vice-prefeito o vereador em segundo mandato Saullo Adorno (PTB), que foi o mais votado da eleição de 2016, com 1.060 votos. Além do PSD de Vilmar Rocha e do PTB, a chapa também recebeu apoio do MDB e PT.

Xisto Damas é empresário e engenheiro civil e foi derrotado nas eleições municipais de 2016, tendo recebido 354 votos. Ele já foi vereador e secretário municipal. No pleito deste ano, disputa com o vereador em segundo mandato Agnaldo Batista Rocha, indicado como candidato ao cargo de vice-prefeito. A coligação conta com PHS, PP, PRTB, PPL; Avante (antigo PT do B), Patriota e PSL. 

Eleitos vão cumprir mandato tampão  

Denominadas suplementares, as novas eleições ocorrem em razão de decisões da Justiça Eleitoral que afastaram os mandatários anteriores dos cargos por indeferimento do registro de candidatura ou cassação do mandato. Os eleitos ficarão no cargo até 2020, quando terão novas eleições regulares. Em todas as cidades onde haverá pleito suplementar, a votação ocorrerá das 8 às 17 horas. 

Os demais municípios que terão novas eleições para prefeito e vice-prefeito são os seguintes:  Jeremoabo (BA); Pirapora do Bom Jesus, Bariri e Turmalina (SP); Umari, Tianguá, Frecheirinha e Santana do Cariri (CE); Teresópolis (RJ), Bom Jesus (RS); Vilhena (RO); Guanhães, Ipatinga e Pocrane (MG); e João Câmara, Pedro Avelino, São José do Campestre, Parazinho e Galinhos (RN). 

Tocantins será o único estado a escolher novos chefes para o Executivo Estadual. Além do pleito deste domingo, no próximo dia 24 de junho eleitores de outros seis municípios também voltarão às urnas para escolher prefeitos e vice-prefeitos. São eles: Santa Luzia, Itanhomi e Timóteo (MG); Cabo Frio e Rio das Ostras (RJ); e Moju (PA). (*Especial para O Hoje)