Valdemar está certo: o eleitor de Bolsonaro não se preocupa com escândalos

Eleição do ano que vem deve demonstrar o “tamanho” do ex-presidente Jair Bolsonaro

Postado em: 29-05-2023 às 07h55
Por: Yago Sales
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Eleição do ano que vem deve demonstrar o “tamanho” do ex-presidente Jair Bolsonaro | Foto: Sérgio Lima/Poder 360

Há uma semana, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, concedeu uma entrevista ao Estúdio i, programa apresentado por Andreia Saddi, na Globo News. Sabatinado por jornalistas da emissora, Valdemar foi questionado sobre diversos assuntos – dos discursos golpistas à Michelle Bolsonaro. 

Enquanto foi elogiado pelo bolsonarismo, Valdemar foi motivo de chacota por críticos do ex-presidente. Sem qualquer precipitação, irritação ou fuga, Valdemar desempenhou bem o papel de “advogado” de Bolsonaro, negando ou fingindo desconhecer fatos. 

Mas, ao responder uma pergunta sobre o caso das joias, quando a comitiva presidencial recebeu objetos que podem valer cerca de R$20 milhões durante o mandato e que, segundo a Receita Federal, ficaram retidos na Alfândega, com tentativas de resgates por assessores do ex-presidente. A Polícia Federal entrou no circuito, mas não deve avançar além de uma interpretação moral. 

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Em sua resposta, além de Valdemar dizer que o ex-presidente “errou, mas devolveu”, afirma que “o eleitor de Bolsonaro não leva em consideração”. O presidente do partido de Bolsonaro está certo?

Está, sim. Afinal, e Valdemar da Costa Neto concorda, faltou ao ex-presidente comunicação, pelo menos, para evitar o pior – no caso dos atos antidemocráticos que terminaram com os principais prédios da Praça dos Três Poderes destruídos. De qualquer maneira, há um consenso entre os apoiadores de Bolsonaro de que tudo que for contra ele é barulheira – mentira – da esquerda, da imprensa e do STF – principalmente na pessoa do presidente do TSE, Alexandre Morais. 

Ano que vem tem eleição e é importante entender que parte do eleitorado de Bolsonaro está mandando às favas todos os esforços de dar transparência a atos do ex-mandatário, como o esquema de falsificação de dados em cartões de vacina, das jóias e até mesmo denúncias de maneiras de pagamentos nada comuns de assessores para a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. 

Com o ressentimento demonstrado por ações de contestação das urnas, quebradeira em Brasília, gritaria nas redes sociais, é possível que, de maneira articulada, grupos bolsonaristas organizados, sejam partidários, ou não, venham com força no pleito do ano que vem. 

E, como é sabido, e até reconhecido por Valdemar da Costa Neto, quem manda no partido é o Bolsonaro. Mesmo sob a artilharia pesada da oposição, de suspeitas e investigações, Bolsonaro deverá ser um invejável cabo eleitoral para municípios em todo o País. Inserido no Centrão, do qual foi engolido, vai ficar difícil reconhecer figuras “novatas” do bolsonarismo-raiz. 

Valdemar da Costa Neto está certo: o eleitor de Bolsonaro não está nem aí para as denúncias contra o ex-presidente. Ao mesmo tempo em que Lula patina para conseguir apoio do Congresso, e as redes sociais se mantêm fortes com memes do atual presidente e de sua equipe, há uma manutenção do modus operandi bolsonarista: sob a pauta do antipetismo. 

Para isso, é provável que haja, ao estilo de Tarcísio de Freitas, em São Paulo, que disputou pelo Republicanos uma eleição vitoriosa, que Bolsonaro, com Valdemar, construa chapas que podem atrair, ou confundir até, o eleitorado que não se importa muito com partido, desde que esteja longe do PT, PCdoB, PSOL, etc – esses vermelhos e amarelos, com martelo e foices e estrelas. 

Em Goiás, como foi feito durante a pré-campanha e no percorrer da disputa do ano passado, que levou à vitória de Wilder Morais para a única vaga ao Senado, o PL goiano deve investir em pesquisas para conseguir aplicar uma fórmula infalível de composição de chapas irresistíveis.

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