Nem sempre governadores goianos elegem sucessor
Ronaldo Caiado, que impediu uma sucessão em 2018, aposta em Daniel Vilela
Por: Francisco Costa
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É certo que o vice-governador Daniel Vilela (MDB) deverá ser o sucessor de Ronaldo Caiado (União Brasil). O atual gestor tem ampla base na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e, conforme os últimos levantamentos, goza de prestígio junto à população goiana.
Neste sentido, ele pode, realmente, ter sucesso em fazer o sucessor. Claro, as variáveis são grandes e o cenário político é instável. Ainda assim, as expectativas giram em torno de Vilela. Pelo estado, é preciso lembrar, não há regra e ambos os casos já aconteceram.
Começando pela redemocratização, Iris Rezende “fez” Henrique Santillo em 1987. Contudo, eles romperam e, em 1991, o ex-prefeito de Goiânia retornou ao cargo de Executivo estadual. Naquele ano, o emedebista derrotou Paulo Roberto Cunha com 56,39% dos válidos.
Segundo analistas consultados, Iris tentava manter influência na gestão Santillo, mas, sem sucesso, brigaram. Para assumir em 1995, contudo, o cacique do MDB conseguiu levar um sucessor ao poder: o vice Maguito Vilela. Ele derrotou Lúcia Vânia, com resultado de 56,42% a 43,58% no pleito de 1994.
Maguito até poderia disputar a reeleição em 1998 – já permitida naquele momento –, mas preferiu concorrer ao Senado. Ele tentaria ajudar o ex-governador Iris Rezende a fazer o retorno ao cargo, mas, dessa vez, não houve sucesso em fazer o sucessor.
Em eleição apertada, o segundo turno terminou favorável ao ex-governador Marconi Perillo (PSDB): 53,28% a 46,72%. Em 2002, o tucano se reelegeu e, em 2006, fez o sucessor, o então vice Alcides Rodrigues, que derrotou Maguito por 57,14%.
Com situação semelhante à de Iris e Santillo, Marconi rompeu com Alcides e entrou na disputa em 2010 como oposição. Ele enfrentou, contudo, Rezende, novamente, e venceu por 52,99% a 47,01%. Em 2014, se reelegeu contra o mesmo adversário: 57,44% a 42,56%.
Já no ano 2018, Marconi tentou emplacar o vice, José Eliton, que terminou em terceiro na disputa, com 13,73%. O governador Ronaldo Caiado levou o pleito em primeiro turno com 59,73%. O segundo colocado foi Daniel Vilela, 16,14%.
Caiado se reelegeu em 2022 com Daniel na vice. Em 2026, a expectativa é de emplacar Vilela para governador e fazer o sucessor. O páreo, que ainda está longe, já teve nomes ventilados. O próprio Marconi Perillo pode tentar, mais uma vez, ocupar o Palácio das Esmeraldas. O senador Vanderlan Cardoso (PSD), que encerra o mandato, também é cotado, assim como Wilder Morais (PL), que ainda estará na metade da gestão no Senado. Por fora, o PT também pode colocar um nome na disputa.
Daniel
Caiado tem dado protagonismo a Daniel desde o começo. O governador, que segundo aliados tenta viabilizar uma candidatura à presidência, não disputa mais o governo de Goiás. Vilela, em contrapartida, tenta fortalecer o MDB para 2024 de olho em 2026.
Ele fez as pazes com o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (Patriota), que voltará à legenda, e agora deve buscar emedebistas históricos. Como o prefeito de Catalão, Adib Elias (sem partido), e o ex-prefeito de Formosa, Ernesto Roller (sem partido).
Ao Jornal O Hoje, Adib negou o retorno no momento, mas admitiu não guardar rancor – ele e Roller foram expulsos da legenda em 2019 por apoiarem Caiado em 2018. Fontes ligadas ao prefeito, todavia, garantem que o retorno ao partido já estaria acertado.
O vice ainda estaria em contato com outras lideranças para o retorno ou mesmo filiação ao partido. Caiado, hoje, não tem mais expectativa de poder em relação ao Executivo estadual. Daniel, sim. Assim, o emedebista corre para aparar arestas e garantir força.