Mineradora multinacional contamina Rio dos Bois que abastece cidade goiana

Prefeito de Campos Verdes trava uma batalha judicial contra a Mineradora Maracá, instalada em Alto Horizonte, município vizinho

Postado em: 30-05-2023 às 07h53
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: Mineradora multinacional contamina Rio dos Bois que abastece cidade goiana
Prefeito de Campos Verdes trava uma batalha judicial contra a Mineradora Maracá, instalada em Alto Horizonte | Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Não é de hoje que a morte de peixes provocada por produtos químicos é um problema preocupante para moradores de Campos Verdes, que dependem da água do Rio dos Bois, um dos mais importantes do Brasil, para beber.  

O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), ano passado, deferiu pedido para que a Mineradora Maracá, instalada em Alto Horizonte, custeasse exames para a população devido ao alto índice de contaminação do rio causado por depósito de substância tóxica pela empresa, que extrai ouro e metal.  

Estudos feitos pela prefeitura de Campos Verdes e, também, pela Saneago, identificaram danos ambientais na água. Recentemente, mais uma vez, uma empresa especializada em análise de águas constatou que o Rio dos Bois segue sendo poluído. 

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O TJ-GO, através da 7° Vara Cível,  por unanimidade de seus integrantes, com relatoria da desembargadora Doraci Lamar, julgou procedente a ação da Prefeitura de Campos Verdes e determinou à  empresa  medidas eficazes  para assegurar, com urgência,  a manutenção e a qualidade da água,  que de maneira superficial,  atende e abastece a cidade de Campos Verdes. 

Um movimento na cidade reivindica que a Justiça responsabilize a empresa e determina, sob pena de altíssimas multas, que este problema seja sanado o mais rapidamente possível. A maior preocupação das pessoas que residem no município, além, claro, da qualidade da água para  o consumo, é a questão ambiental, que já causou sérios problemas, como a mortandade de peixes. 

Em agosto do ano passado, o site Metrópoles conversou com o funcionário público Leonardo OLiveira, de 30 anos, que comentou as consequências da contaminação causada pela mineradora internacional: “Tenho sentido muitas dores nos rins e na cabeça, além de febre e gastrite. Tinha visto peixes morrendo no Rio dos Bois e, quando fiquei sabendo do resultado da [análise da] água, que está poluída, fiquei muito triste”. 

No acórdão, a desembargadora relatora Doraci Lamar citou que o “relatório de ensaios em água bruta de superfície conclui que as amostras coletadas em diversos pontos do Rio dos Bois comprovam que as amostras de água não obedecem a classe II (destinada ao consumo humano) do Conama”. 

A preocupação é ainda maior no gabinete do prefeito de Campos Verdes, Haroldo Naves, que, como ele tem repetido, sofre com o alto custo para tentar diminuir os efeitos da contaminação do curso de água que abastece a população. 

A magistrada então manteve a decisão de primeiro grau contra a empresa, que havia entrado com agravo da primeira decisão. 

Na mais recente nota, por sua vez, a multinacional se defende. “Nossa mina opera com licenças e autorizações válidas e possui diversos programas de gerenciamento e monitoramento em curso. O PGRH, por exemplo, realiza a coleta e análise da qualidade das águas superficiais e subterrâneas em diversos pontos nos rios, córregos e poços de monitoramento na região, além de avaliar a qualidade da água potável dentro da operação”.

“As amostras”, continua a nota, “são coletadas seguindo rígidos padrões de qualidade, transportadas para laboratórios certificados e os resultados são comunicados às autoridades ambientais por meio do Relatório de Controle Ambiental. Assim que tomamos conhecimento das alegações formuladas pelo Município de Campos Verdes, revimos os dados técnicos que detínhamos e contratamos um perito independente para rever esses dados e analisar novas amostras coletadas no Rio dos Bois” 

Ainda na nota, a empresa conclui: “Os resultados das análises indicam que as alegações de danos ambientais e de impactos à saúde pública formuladas pelo Município de Campos Verdes não estão relacionadas às nossas operações.”

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