Fachin autoriza PGR a rever delação de Delcídio

Raquel Dodge investigará omissão do ex-senador sobre propina da Odebrecht ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e ao deputado federal Zeca do PT

Postado em: 08-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Raquel Dodge investigará omissão do ex-senador sobre propina da Odebrecht ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e ao deputado federal Zeca do PT

Rafael Oliveira*


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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, autorizou ontem a Procuradoria-Geral da República (PGR) rever o acordo de delação premiada do ex-senador petista Delcídio do Amaral (MS). Fachin considerou “legítimo” o pedido da PGR, uma vez que a reanálise está prevista em lei que regula as colaborações premiadas. 

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, quer investigar se houve omissão do ex-senador na delação sobre propina da Odebrecht ao atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), e ao deputado federal Zeca do PT (MS), durante campanha eleitoral de 2006. Delcídio apresentou a informação no fim de 2017, mas sua delação foi homologada em março de 2016. 

“Como a normativa de regência preceitua expressamente a possibilidade de retratação da proposta pelas partes contraentes, afigura-se legítima a renovação de vista almejada pela dominus litis, a fim de lhe viabilizar o meticuloso exame dos documentos colacionados e, assim, subsidiar eventual abertura de procedimento interno de revisão do acordo”, diz o ministro.

Fachin autorizou juntada de documentos no processo e determinou que os autos sejam analisados pela PGR no prazo de 15 dias.


Delação

Após ser preso em fevereiro de 2016, Delcídio do Amaral ganhou liberdade pela delação premiada, homologada semanas depois. Em agosto de 2017, procuradores do grupo de tarefas da operação Lava-Jato já queriam pedir a revisão da colaboração por analisarem que os fatos delatados por Delcídio não surtiram efeito prático. 

No depoimento aos procuradores, o ex-senador distribuiu acusações contra o presidente Michel Temer (MDB), a ex-presidente da República, Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente Lula (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que está no exercício do mandato.

Em fevereiro deste ano, Delcídio disse à imprensa que cuida de sua fazenda em Corumbá (MS) e anda a cavalo. O político também tem frequentado a capital de Santa Catarina para ajudar negócios da família. 

Questionado sobre o quadro político brasileiro, Delcídio diz que está “cinzento, esquisito demais. Muito estranho. Absolutamente imponderável”. (*Especial para O Hoje) 

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