Quinta-feira, 28 de março de 2024

Candidato apoiado pelo governo não vence em Goiânia há mais de 20 anos

Vanderlan Cardoso ficou duas vezes em segundo lugar com o apoio de governadores diferentes

Postado em: 01-06-2023 às 07h39
Por: Francisco Costa
Imagem Ilustrando a Notícia: Candidato apoiado pelo governo não vence em Goiânia há mais de 20 anos
Vanderlan Cardoso ficou duas vezes em segundo lugar com o apoio de governadores diferentes | Foto: Reprodução

A última vez que um candidato a prefeito pela capital venceu com o apoio do governador foi em 2000. À época, Pedro Wilson (PT) superou Darci Accorsi (PTB) no segundo turno com 55,76% dos votos válidos. 

Pedro teve o apoio do governador em primeiro mandato, Marconi Perillo (PSDB). Darci, por sua vez, tinha o ex-governador Iris Rezende (MDB) como cabo eleitoral. 

Em 2004, contudo, a situação não se repetiu. Iris Rezende entrou no páreo e garantiu a vitória sobre Pedro Wilson, que tentava a reeleição, com 56,71% a 43,29% em segundo turno. 

Continua após a publicidade

A partir daquele momento, começou a tradição – ou maldição – do governador do Estado não eleger o prefeito da capital. Em 2008, inclusive, Iris Rezende se reelegeu com 74,16% dos votos ainda em primeiro turno. O segundo colocado foi Sandes Júnior (PP), candidato do então governador Alcides Rodrigues, sucessor de Marconi. 

Antes do páreo, todas as pesquisas já indicavam a vantagem de Iris. Ainda assim, em agosto daquele ano, Alcides acreditava no sucesso de Sandes durante o “lançamento oficial” da campanha: “Começa agora a campanha. E será a campanha da virada.” Não virou. 

Em 2012, Iris fez o sucessor. O então vice, Paulo Garcia, se tornou prefeito. Ele venceu em primeiro turno com 57,68%. Jovair Arantes, então no PTB, era o candidato da base de Marconi Perillo, que retornou ao governo nas eleições de 2010. Ele ficou em segundo lugar, com 14,25%. 

Em entrevista naquele ano, já como candidato, ele comentou o apoio de Marconi – que sofria desgastes pela Operação Monte Carlo. “O governador é um grande companheiro que eu tenho. Um aliado histórico nosso na política de Goiás, um grande líder, um jovem muito inteligente, competente, e vejo que ele está recebendo bullyng político da pior qualidade no Brasil. Outros que estão sendo investigados da mesma forma que ele não têm o mesmo tratamento. Eu acho que a presença dele, a ajuda que ele dá e o alinhamento dele comigo, com a minha experiência política, com governo estadual e governo federal nós vamos fazer uma trabalho magnífico na cidade, fazendo com que Goiânia resolva seus problemas crônicos que aí estão.” A situação pode ter impactado na campanha. 

“Tradição” continua

Quatro anos depois, em 2016, houve o retorno de Iris à prefeitura. O emedebista levou a melhor sobre Vanderlan Cardoso, então no PSB, por 57,7% a 42,3% no segundo turno. O hoje senador tinha o apoio de Marconi. “A maioria dos projetos que nós estamos apresentando tem a participação tanto do governador, como ação efetiva do Governo do Estado”, citou, inclusive, durante entrevista naquele ano. 

E Vanderlan (já no PSD) tentou, novamente, em 2020. Mas naquele momento ele teve o apoio do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Mais uma vez, o gestor estadual não fez o nome para a prefeitura de Goiânia. 

Maguito Vilela (MDB) foi eleito, em segundo turno, com 52,6%. Vanderlan, na segunda posição, teve 47,4%. Em janeiro de 2021, contudo, o emedebista morreu em decorrência da Covid-19 e assumiu Rogério Cruz (Republicanos) que quer disputar a reeleição com o apoio de Caiado. 

E ele não é o único. O MDB, do vice Daniel Vilela, pode ter o nome agasalhado pelo governador. Para isso, tem opções como Gustavo Mendanha – que fará uma consulta jurídica para verificar a possibilidade, uma vez que foi prefeito por dois mandatos em Aparecida e esta seria sua terceira disputa – e Ana Paula Rezende, filha de Iris.

Pelo União Brasil, estão cotados o deputado estadual Bruno Peixoto e o presidente do Detran, Delegado Waldir Soares. Os deputados federais Silvye Alves e Zacharias Calil também aparecem como possibilidades. 

Outras siglas também querem este apoio. Eles, contudo, parecem desconhecer ou ignorar tradição da “não eleição” do candidato do governador. Mas deixando as superstições de lado, 2024 segue aberto ao jogo. E Caiado tem tudo para ser um grande cabo eleitoral.

Veja Também