Daniel repete Maguito, vai à China como vice e tem agenda com Dilma

Vice-governador comanda comitiva em busca de parcerias com governo e empresários chineses

Postado em: 06-06-2023 às 07h36
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: Daniel repete Maguito, vai à China como vice e tem agenda com Dilma
Daniel busca 120 milhões de dólares para infraestrutura em Aparecida | Foto: Reprodução

Em agosto de 1993, o então governador Iris Rezende Machado deu uma missão ao seu vice, Maguito Vilela, para comandar uma comitiva do Palácio Pedro Ludovico e empresários para uma inédita viagem à China pelo governo goiano. 

Coincidência, ou quiçá um arranjo político ou não, no próximo dia 10 de junho, o filho de Maguito, o vice-governador Daniel Vilela, desembarca em Beijing com uma comitiva de 28 pessoas, entre assessores do governo, empresários e representantes de cidades goianas. O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) deve comandar a comitiva em outra viagem à China prevista para novembro. 

Beijing, ou Pequim, é a capital mais populosa do mundo: são 21 milhões de cidadãos. Antes de dar início à programação, a comitiva sob Daniel vai poder vislumbrar a arquitetura moderna e imperial, como a Cidade Proibida. O lugar, além de sediar o governo chinês, com seu Palácio Imperial, e a famosa Praça de Paz Celestial, palco de desfiles do Exército Chinês, mas também de conflitos violentos de agentes contra manifestantes contrários ao governo, como ocorreu em quatro de junho de 1989 que terminou com quase 3 mil mortos. 

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Como fez Maguito em 1993, Daniel é atraído à cidade pelas oportunidades de fechar negócios, abrindo portas para empresários e, claro, consolidando-se como líder político em Goiás. Afinal, o pai dele voltou a Goiás às vésperas das eleições de 1994 com um feito: transformou Goiás em Estado-irmão da China, criando um elo importante para a indústria e fortalecendo as relações comerciais entre os dois países. 

Com uma comitiva mais modesta, como mostra a fotografia, participaram, em 1993, além de Maguito Vilela, Euler Morais, Sandro Mabel, Francisco Icksy, Eurípedes Junqueira, Erivan Bueno (presidente da Acieg à época), Adair Ribeiro (vice-presidente da Acieg), Wilson Silveira e o então prefeito de Rio Verde, Osório Leão, entre outros. 

Daniel e sua comitiva vão ter dois dias para visitar os locais turísticos e reparar no progresso desenvolvimentista da China. No dia 12, a comitiva de Daniel Vilela se reúne com a Beijing Energy Group, uma usina de resíduos sólidos. Em seguida, almoça com empresários do ramo de investimentos em habitação popular. O dia segue com encontros com representantes do setor mineral e uma reunião na embaixada brasileira em Beijing. À noite, Daniel participa de jantar oferecido pelo governo de da província de Beijing. 

No dia 13, a comitiva chega à Luoyang para conversar com líderes da Província de Henan no Hotel Sofitel Zhengzhou. Ainda na cidade, no dia seguinte participa de uma rodada de negociações com empresários locais. 

No mesmo dia, os goianos vão a outra cidade milenar chinesa: Zhengzhou. Lá, se reúnem na fábrica da YTO para falar sobre o setor de maquinário de agro e construção. A ideia é trazer a empresa para Goiás. Depois de um tour para conhecer a geografia arquitetônica da cidade, a comitiva participa de um seminário com empresários de Louyang, onde vai ser discutido parceria com Aparecida de Goiânia. 

No dia 15, o roteiro vai levá-los para Langfang, uma cidade da província de Hebei, onde Daniel e a comitiva vai se encontrar com a Federação de Agricultura local e, no dia seguinte, encontro com o governo de Hebei para cooperação e implantação de escritórios de representação. Com seus 5 milhões de habitantes, Langfang é uma das referências em tecnologia e manufatura. Como Anápolis e Aparecida, a cidade conta com uma Cidade Universitária e um mega distrito industrial. 

Ainda no roteiro da viagem, a comitiva visita, dia 18, em Xion´an, o Centro de Planejamento Urbano. E, claro, participa de um tour pela cidade considerada do futuro, que teve investimento, em sua construção, do equivalente a 73,2 bilhões de dólares, com realocamento de estruturas de Pequim. Até março do ano passado, a cidade tinha quatro mil empresas registradas. 

No dia 19 a comitiva do governo e empresários retornam a Pequim onde volta a conversar com o setor empresarial local – não há previsão sobre quais os temas.

Com Dilma

No dia seguinte, Vilela e a comitiva têm voo marcado para Shanghai, onde tem encontro marcado com a presidente do Brics e ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff. Um dos assuntos da pauta é projetos relacionados a Aparecida de Goiânia com a possibilidade de conseguir um empréstimo de 120 milhões de dólares para infraestrutura. Em seguida, a comitiva se encontrará com empresários locais – ainda não se sabe o local, mas pode ser no consulado brasileiro. 

Já no dia 21, consta no cronograma da viagem um encontro com Yang, diretor de Governo de Haining. Durante todo o dia, vão ser discutidas parcerias no setor têxtil, farmacêutico, mineração, agricultura, resíduos sólidos e agroindústria – com possibilidade de chineses investirem no setor nas regiões norte e nordeste de Goiás

Tanto a viagem de 1993 quanto a do próximo dia 10 foram organizadas pelo ex-deputado federal Euler Morais. Atualmente assessor do governo, está focado no desenvolvimento de Aparecida de Goiânia – motivo pelo qual a agenda na China vai ter muita conversa de cooperação entre o empresariado, governo e a cidade da Região Metropolitana. 

“Em 1993 a gente foi liderado por Maguito Vilela, onde firmamos acordo de irmandade com Hebei. Disto resultaram vários negócios, como a vinda da montadora de tratores John Deere para Catalão, entre outros empreendimentos. Agora, 30 anos depois, Daniel como vice, lembrei deste momento. E como o governador não promoveu missões na sua primeira gestão e como vários empresários conversam comigo sobre essas missões, eu sugeri a ele a ideia de voltar à China”, disse ao O Hoje. 

O argumento, diz Euler, é dar sequência à relação comercial, cultural, científica, que se criou há 30 anos”. Sobre Aparecida, a delegação deve buscar um investimento de 120 milhões de dólares junto ao Brics”. 

Euler destaca que um dos pontos altos da viagem é a negociação da vinda de uma montadora de tratores e do investimento de um empresário que pretende construir casas populares. “A missão vai a trabalho buscando resultados estrangeiros, concreto e servindo de preparação para a ida do governador no final do ano”, conclui. 

 A ida de Daniel a Shanghai também coincide com a viagem de Maguito Vilela ao País. Como lembra Adair Ribeiro, que era vice-presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços do Estado de Goiás (Acieg), que ajudou a organizar e participou da comitiva em 1993, Shanghai foi visitada pelos goianos em um período em que a China queria demonstrar poder econômico. “Shanghai era um canteiro de obras. Os chineses achavam que a Inglaterra não ia devolver Hong Kong e construíram a cidade com polos industriais, dando incentivos fiscais. Eles convidaram a gente para ver a construção”, lembra ele à reportagem.

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