Bolsonaro deve trabalhar pela construção de novo nome na direita

Presidente tem julgamento no Tribunal Superior Eleitoral em 22 de junho sobre o encontro com embaixadores para atacar as urnas

Postado em: 09-06-2023 às 08h01
Por: Francisco Costa
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Presidente tem julgamento no Tribunal Superior Eleitoral em 22 de junho sobre o encontro com embaixadores | Foto: Marcos Correa/ABr

É possível que Jair Bolsonaro (PL) fique, de fato, inelegível a partir de 22 de junho, quando ocorrerá o julgamento da ação sobre o encontro do ex-presidente com embaixadores para atacar as urnas e o sistema eleitoral brasileiro, em julho de 2022. O próprio PL acredita nesta possibilidade, conforme bastidores, o que deixará o ex-chefe do Executivo de fora do pleito e de olho em um possível aliado para 2026. 

O ex-presidente, por exemplo, pode apoiar um candidato da direita para a presidência entre os Estados que mais lhe deram votos, proporcionalmente. Ao todo, foram 13, inclusive Goiás (58,71% contra 41,29,51% para Lula). Os demais são: Acre (70,3%), Distrito Federal (58,81%), Espírito Santo (58,04%), Mato Grosso (65,08%), Mato Grosso do Sul (59,49%), Paraná (62,4%), Rio de Janeiro (56,53%), Rio Grande do Sul (56,35%), Rondônia (70,66%), Roraima (76,08%), Santa Catarina (69,27%), São Paulo (55,24%). 

Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), reeleito em primeiro turno, apoiou Bolsonaro e é cotado como candidato à presidência. O Estado é reduto bolsonarista e, percentualmente, entregou boas votações para o ex-presidente nos dois últimos pleitos – em 2018, foram 65,52% votos válidos. 

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O ente federativo, todavia, representa 3,11% dos eleitores do País. Nesse sentido, outro nome que desponta, ainda mais próximo de Bolsonaro, é do ex-ministro e hoje governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Em relação àquele Estado, foram 60,38% dos votos em 2018 para o ex-gestor do País. Além disso, São Paulo representa 22,17% do eleitorado brasileiro. Tarcísio, contudo, ainda está em primeiro mandato e é possível que tente a reeleição.

Neste caso, há, ainda, a possibilidade do ex-presidente apoiar outro nome que esteve ao lado dele no último pleito durante o segundo turno. Trata-se do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Nova). Apesar de o Estado ter dado vitória a Lula – 50,20% a 49,80% –, foi um placar apertado. 

Além disso, o gestor estadual foi reeleito em primeiro turno com 56,18% dos votos. Ele superou o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), que tinha o apoio do hoje presidente Lula. E vale citar: Minas é o segundo maior colégio eleitoral do País, 10,41% dos eleitores.

Caiado

Como mencionado, Caiado é o governador do menor colégio eleitoral entre os três. Ele, contudo, é o mais experiente e tem o partido com maior possibilidade de suporte, caso se viabilize. É preciso lembrar que, com exceção de Fernando Collor de Mello, o País não tem tradição em eleger presidente de Estados “pequenos” em eleitores – ele representou o Alagoas. 

O gestor de Goiás não confirma os interesses no Palácio do Planalto oficialmente, mas aliados já discutem e trabalham para isso. Ainda assim, o governador, que participou da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), há alguns dias, fez um “discurso de pré-candidato” no encontro na Câmara dos Deputados.

Nele, além de atacar o movimento, ele enalteceu Goiás tanto na parte de políticas para assentados, como na segurança pública. Foi uma grande propaganda durante a apresentação inicial, que empolgou os direitistas presentes. 

Nesse sentido, Caiado poderá tentar preencher o vácuo deixado por Bolsonaro, caso o ex-presidente fique inelegível. E se ele conseguir o apoio de Jair – e do PL –, fica mais fácil tentar chegar ao Palácio.

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