Centrão aproveita fragilidade governista e pressiona Lula por Saúde

Ministra da Saúde, Nísia Trindade, rebate pressão e afirma que decisão de permanência é de Lula

Postado em: 22-06-2023 às 08h00
Por: Yago Sales
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Ministra da Saúde, Nísia Trindade, rebate pressão e afirma que decisão de permanência é de Lula. | Foto: Reprodução

A fritura de ministros não é nenhuma novidade. Parte da oposição, de partidos da base – que cobra por espaço, sobretudo em pastas de privilégio – e da imprensa também, claro, quando o titular pisa na bola. Com dificuldades para angariar maioria na Câmara Federal, o governo Lula da Silva tem enfrentado uma ofensiva por parte do Progressistas, partido do presidente da Casa, Arthur Lira, pelo Ministério da Saúde, que tem como ministra Nísia Trindade. 

Além da Saúde, o Centrão, que tem como líder Arthur Lira, pressiona Lula por mais espaço para, além do PP, União Brasil, Republicanos – que ainda é incerto qual papel terá na base. 

“É normal, faz parte da política”, comentou a ministra em entrevista à CNN, após ser questionada sobre a pressão. Em outra declaração, dada ao programa “Bom Dia, Ministro”, da TV Brasil, Nísia afirmou que cabe ao presidente Lula mantê-la no cargo, que tem sido alvo de obsessão por parte de partidos do Centrão, por conta do orçamento. 

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Antes de assumir o cargo de ministra da Saúde, Nísia, primeira mulher a ocupar o posto, era presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desde 2017.  A escolha de seu nome por petistas se deu devido à atuação dela, que é socióloga, no enfrentamento ao terrível período da pandemia de Covid-19, colocando a Fiocruz à disposição para contrariar o negacionismo científico que predominou por anos no País. Doutora em Sociologia, Nísia ainda é mestre em Ciência Política e graduada em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 

O Centrão, por outro lado, quer uma indicação política – principalmente que seja um deputado. Em defesa à permanência de Nísia à frente dos trabalhos no ministério, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, lembrou que a Saúde não entra em negociação partidária. Ou seja, é uma pasta do presidente – leia-se, do Partido dos Trabalhadores ou quem esteja mais preparado para assumi-la. No caso, Nísia foi escolhida ainda durante a transição do terceiro mandato do petista Lula da Silva. 

Na entrevista à CNN Brasil, Nísia conseguiu definir bem o clima pelo qual passa o governo. “Nós vivemos, como diz o cientista político Sérgio Abranches, um presidencialismo de coalizão. Ou seja, ganha-se a eleição presidencial, mas não se tem maioria parlamentar. Então, eu acho que é normal, faz parte da política, jogos de pressão, críticas”, disse a titular da pasta.

Ela aproveitou o espaço para mandar um recado para quem não acredita que Lula deve ceder às pressões dos que estão interessados nos 190 bilhões previstos pelo orçamento – fora as emendas. 

“O que é muito importante é nós estarmos conscientes neste momento: o meu cargo é um cargo de confiança do presidente Lula. Foi ele e o vice-presidente Geraldo Alckmin que foram eleitos. Então, cabe a ele decidir a manutenção ou não dos ministérios”, disse ela à CNN Brasil. 

“A Saúde tem uma história de contribuições à democracia muito grande, vide a construção de um sistema universal de saúde. Eu tenho, em relação, a todos os parlamentares, uma excelente relação. E acho que o governo, como um todo, e o presidente Lula, tem muito essa sensibilidade, vai fazer todo um esforço para que as agendas de reconstrução do Brasil — porque esse é o lema do governo, inclusive — ela se dê fortalecendo o diálogo entre os poderes”, destaca ela em mais uma defesa da pasta.

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