“É quase unanimidade que vou perder a ação”, diz Bolsonaro sobre julgamento do TSE

Jair Bolsonaro (PL) disse em entrevista ao Arena CNN que “é quase uma unanimidade que vou perder a ação”, ao comentar sobre o julgamento que ocorre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira (22) e pode torná-lo inelegível. A Corte analisa uma reunião do então presidente com embaixadores, em Brasília, em julho de 2022. À época, ele atacou o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas.

Na entrevista, contudo, o ex-presidente disse que não fez “nada de errado”. “Eu não sei porque criar uma tempestade em copo d’água. Apenas foi conversado com eles sobre como funcionava o sistema eleitoral. Não falei a palavra ‘fraude’ ali, no tocante a futuras eleições.”

Ele argumentou que foram feitas observações, mas que não foram ataques e, sim, uma resposta ao então presidente do TSE, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, por causa de uma reunião em maio do ano passado.

Ainda segundo Bolsonaro, o direito dele de defesa está sendo cerceado. “Eu estou sendo cerceado do meu legítimo direito de defesa por não poder comungar com vocês, da imprensa, as razões de defesa de cada item que eu estou sendo acusado, em especial, a reunião com os embaixadores.”

Benedito Gonçalves, corregedor-geral da Justiça Eleitoral, não permitiu a retirada do sigilo provisório à ação. “Meu Deus do céu, como eu posso ser acusado de algo secreto? Que ainda não foi apurado?”, questionou o ex-presidente.

Reunião

O encontro de Bolsonaro com embaixadores foi uma resposta à reiunião de Fachin, em maio, com diplomatas sobre a eleição de 2022 e o sistema eleitoral. À época, o então presidente disse que o ministro tinha simpatia por Lula.

Durante o encontro, o ex-presidente também falou sobre a adoção do voto impresso (que já tinha sido rejeitado em 2021) e que as urnas completaram, em 2018, automaticamente o voto no PT. Também disse que elas não têm sistema para auditoria.

Julgamento

O ex-presidente da Jair Bolsonaro poderá perder seus direitos políticos por oito anos caso seja condenado em julgamento do TSE. Braga Netto (PL), vice da chapa de 2022, também é acusado no mesmo processo, que tem duas datas adicionais para julgamento, caso não termine nesta quinta: 27 e 29 deste mês.

O processo começou com uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral apresentada pelo PDT em agosto de 2022, trazendo como questão uma reunião de Bolsonaro com embaixadores no dia 18 de julho de 2022. Na ocasião, o ex-presidente apresentou a representantes de outras nações diversas informações, verdadeiras ou não, sobre as urnas eletrônicas, repetindo diversas vezes que havia levantado antes do evento.

“É inegável que o Senhor Jair Messias Bolsonaro aproveitou-se do evento para difundir a gravação do discurso com finalidade eleitoral, indissociável ao pleito de 2022. Isso porque o ataque à Justiça Eleitoral e ao sistema eletrônico de votação faz parte de sua estratégia de campanha eleitoral”, diz trecho de pedido inicial da ação.

A ação do PDT afirma que Jair Bolsonaro incorreu em duas condutas que levam à inelegibilidade, de acordo com lei eleitoral: abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicação social.