Polícia Federal tem 13 dias contra Temer
Investigação contra o presidente emedebista ganhou um novo banco de dados para agilizar a investigação e cumprir o prazo dado por Barroso
Por: Sheyla Sousa
Rafael Oliveira*
O Inquérito dos Portos ganhou um novo aliado. A Polícia Federal colocou à disposição dos peritos federais um servidor de armazenamento de dados para arquivar as informações extraídas e fazer o espelhamento dos documentos do inquérito.
A Polícia Federal investiga o presidente Michel Temer (MDB) por um decreto editado pelo Planalto que teria favorecido empresas do setor portuário. O presidente emedebista negou envolvimento.
Os investigadores trabalharão de forma ininterrupta, inclusive nos finais de semana e dias dos jogos do Brasil na Copa do Mundo da Rússia.
A PF mobilizou 25 policiais federais, incluindo alguns ligados à área que apura desvio de recursos públicos e de inteligência do Instituto Nacional de Criminalística (INC) para a análise desses dados obtidos durante todo o período de investigação.
Dois delegados também foram colocados à disposição do investigador que preside o inquérito, delegado Cleyber Malta Lopes, com o intuito de auxiliá-lo no trabalho final da redação do inquérito.
Está sendo utilizada a solução de acesso remoto aos dados (Sard), providenciada pela equipe do INC e pelos peritos de informática, que extraem todas as informações da operação e as colocam de forma disponível para acesso remoto, agilizando a análise e o cruzamento de dados.
A solução de colocar o servidor de armazenamento de dados à disposição da investigação, um “storage”, foi adotada no último fim de semana, como parte de um “mutirão” para concluir a investigação até o próximo dia 10.
Nessa data, se esgota o prazo de 60 dias estipulado pelo ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), para conclusão do inquérito. Barroso autorizou duas vezes a prorrogação do prazo do inquérito.
O inquérito
Na ocasião da abertura do inquérito, em setembro ano passado, Barroso afirmou que as provas colhidas mostravam, à época, que Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado e ex-assessor de Temer, mencionava intermediários de repasses ilícitos para o presidente em troca de favorecimento da empresa Rodrimar. Michel Temer sempre negou envolvimento com Loures e executivos da Rodrimar.
Durante a investigação, houve pedido de quebra de sigilo dos investigados. Policiais que atuam no caso chegaram a desarquivar um processo que tramitou nos anos 1990 e é relacionado a um ex-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (estatal administradora do porto de Santos) indicado para o cargo por Temer.
Sangria
O Porta-voz informal do Palácio do Planalto, ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) manifestou na semana passada desconfiança quanto à prorrogação do prazo das investigações no inquérito. O ministro calcula que há vontade política de desgastar ainda mais o governo Temer.
“Espero que não tenha sido este o objetivo, apesar de desconfiar disso. Entendo que qualquer pedido de prorrogação deveria vir acompanhando do artigo onde a tal empresa foi beneficiada”, respondeu Marun na época.
Marun está em pé de guerra com o magistrado Luís Roberto Barroso desde março, quando o ministro do STF determinou a quebra dos sigilos bancários do presidente e também alterou o indulto natalino assinado por Temer no final do ano passado.
Retaliação
O titular da Secretaria de Governo anunciou, inclusive, que retomaria seu assento como deputado federal para apresentar um pedido de impeachment de Barroso. No entanto, recuou e não voltou à Câmara até agora.
“Entendo que isso é mais um capítulo desta perseguição disfarçado em inquérito”, afirmou Marun. (*Especial para O Hoje)