Em entrevista, Bolsonaro reclama de julgamento no TSE

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reclamou do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode torná-lo inelegível. Bolsonaro é julgado pelos ataques feitos ao sistema eleitoral brasileiro durante reunião com embaixadores, em julho de 2022, e pode ficar inelegível por 8 anos.

O ex-presidente exige que seu julgamento seja similar ao da chapa Dilma/Temer, em 2017. À época, fatos recentes não foram acrescentados à ação. Bolsonaro também disse que espera um pedido de vista logo no ínicio da votação. Caso haja um pedido de vista, o julgamento poderá ser adiado por, no mínimo, 30 dias.

A acusação pede que seja incluída no processo a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Bolsonaro reclama, também, da anexação de fatos relacionados aos atos terroristas de 8 de janeiro.

“Olha, eu espero que seja feita Justiça, temos aquele precedente de 2017, que virou uma jurisprudência, que no processo original você não pode agregar outros fatos, como fizeram comigo, agregaram até o ocorrido em 8 de janeiro deste ano”, disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Gaúcha.

“Atrás desse voto de minerva, a Justiça Eleitoral não deve existir para cassar mandatos, muito menos de presidente. E estão fazendo muito mais do que cassar mandato, cassando na origem, estão querendo me tornar inelegível na origem”, continuou.

Bolsonaro afirmou que querem “criar um fato” para torná-lo inelegível.

Ele também disse que espera um pedido de vista do ministro Raul Araújo Filho. “O primeiro ministro a votar depois do relator, o ministro Benedito [Gonçalves], é o ministro Raul. Ele é conhecido por ser o o jurista bastante apego à lei. Apesar de estar em um tribunal político eleitoral, há uma possibilidade de pedido de vista. Isso é bom porque ajuda a gente a ir clareando os fatos”, apontou Bolsonaro.

Eleições

Ainda durante a entrevista, o ex-presidente afirmou que quer ter direitos políticos já no ano que vem.

“Eu quero participar das eleições do ano que vem, vou participar, sim. Quero continuar com meu direito, e não tem nada que possa me tirar do direito político, a não ser uma arbitrariedade. A Dilma foi cassada e continuou com seus direitos. Está errado. O Lula foi condenado e foi eleito presidente da República. Está errado ai também”, completou.

Bolsonaro também falou sobre a possibilidade de concorrer em 2026. “Obviamente, me tirando os direitos políticos eu não vou estar morto, mas prefiro poder disputar alguma coisa em 2026. Me tirar agora direitos políticos, sem uma prova, sem algo de concreto que eu tenha feito, isso é um crime”, definiu.