Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Descobertas revelam esquema envolvendo Arthur Lira e empresas ligadas ao PP

A investigação teve início após suspeitas de um superfaturamento com kits de robótica no MEC

Postado em: 26-06-2023 às 19h51
Por: Vitória Bronzati
Imagem Ilustrando a Notícia: Descobertas revelam esquema envolvendo Arthur Lira e empresas ligadas ao PP
Os indícios de irregularidades ultrapassam os kits de robótica | Foto: Reprodução/Internet

A Polícia Federal (PF) desmantelou uma rede de corrupção que envolve pessoas e empresas interligadas a ministérios e órgãos públicos. Além de compras suspeitas para escolas públicas e relações duvidosas de um assessor do presidente da Câmara dos Deputados, a investigação revelou a rotina de dois entregadores de dinheiro, expondo contratos milionários com indícios de fraudes com ligações ao PP, partido liderado por Arthur Lira.

A investigação teve início após suspeitas de um superfaturamento com kits de robótica no Ministério da Educação (MEC). No entanto, a apuração acabou se estendendo para outras fornecedoras estatais que prestavam serviços para diversos ministérios, entre eles: Cidade, Infraestrutura e Agricultura.

Dentro do MEC, os indícios de irregularidades ultrapassam os kits de robótica. O Instituto Federal de Alagoas (IFAL) e a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) fecharam contratos no valor de mais de R$ 13 milhões com a empresa BRA Serviços Administrativos Ltda, que está na lista das empresas investigadas.

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Murilo Sérgio Jucá Nogueira Junior, dono da empresa investigada, é policial civil alagoano. De acordo com investigações, foi encontrado pela Polícia Federal cerca R$ 4 milhões em dinheiro vivo em um cofre no local, no dia de deflagração. Murilo também é proprietário de um carro utilizado tanto para a entrega de valores no esquema quanto para a campanha de Lira nas eleições de 2022.

Chama atenção o fato de a Reluzir Serviços Terceirizados Ltda, outra empresa de propriedade de Murilo, ter participado da concorrência junto com a BRA no contrato assinado, em 30 de setembro do ano passado, no valor de R$ 1,2 milhão, com o IFAL. Esse fato indica a existência de um jogo prévio combinado para favorecer as empresas ligadas ao esquema.

Conexão com o PP

A conexão com o partido Progressistas também se estende a Brasília. A empresa BRA conseguiu um contrato de quase R$ 70 milhões, em 2019, dentro da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, sem precisar de licitação.

A vitória, inusitada, gerou controvérsias e resultou no cancelamento do edital após contestações na Justiça. O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, foi responsável por dar continuidade à contratação da empresa, mesmo diante do escândalo e das denúncias das concorrentes locais.

Ramificações

As ramificações se estendem para outras esferas federais. A Reluzir, que participou junto com a BRA durante o pregão do IFAL, recebeu aproximadamente R$ 3 milhões da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) para mão de obra em estações de Maceió. Vale ressaltar que apadrinhados de Lira estão a frente da CBTU.

A investigação da PF ainda revelou indícios de uma possível ramificação do esquema na máquina federal. Um ex-diretor do Ministério da Educação, Alexsander Moreira, foi alvo de busca e apreensão devido a transações bancárias atípicas, incluindo depósitos fracionados em dinheiro. Suspeita-se que ele tenha recebido R$ 10 mil de um empresário pernambucano sócio de empresas investigadas por fraudes em vendas de livros escolares.

Envolvimento de Lira

Os recentes desdobramentos do caso resultaram na transferência das investigações para o Supremo Tribunal Federal (STF), já que envolve agentes públicos com foro privilegiado. Isso aconteceu pois, entre os documentos apreendidos durante a Operação Hefesto, alguns fazem menções ao nome “Arthur” em dois endereços relacionados aos alvos da investigação.

A menção levantou suspeitas de pagamentos de despesas relacionadas a Arthur Lira. Entre elas, existem pagamentos feitos a um hotel onde Lira costuma se hospedar, em São Paulo, totalizando cerca de R$ 900 mil.

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