Emedebistas já não falam a mesma língua 

De um lado Daniel Vilela, que preside o partido e sonha em ‘recuperar’ a prefeitura. Do outro, vereadores que brigam por espaço e não poupam elogios à administração Cruz

Postado em: 06-07-2023 às 09h00
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: Emedebistas já não falam a mesma língua 
Ambos os nomes são vistos com potencial para aglutinar as lideranças | Foto: MDB Nacional

O MDB tem se revelado dividido. A situação pode, inclusive, ser agravada nos próximos meses. O ambiente nebuloso tem como pano de fundo as eleições de 2024. Dois diferentes cenários estão previstos no que diz respeito ao futuro de suas lideranças. Ao passo em que um dos caminhos promete um contexto mais aglutinador, o outro, porém, mira em direção oposta. 

Para entender essa história é fundamental, primeiro, dar dois passos atrás. Nunca é demais lembrar que o MDB rompeu com a atual administração, encabeçada pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos), logo no início da gestão. O que para uns significou um ‘expurgo’ é lido, por outros, como ‘desembarque’. Fato é que a situação levou ao rompimentos de duas lideranças que até então caminhavam juntas: o presidente do MDB goiano Daniel Vilela e o próprio prefeito. 

De volta aos dias de hoje, Daniel, claro, trabalha a todo vapor para tirar das mãos de Cruz o poder da prefeitura. E é nesse ponto que o problema aparece. Vilela garante que o MDB terá candidatura própria. Os nomes prováveis são de Ana Paula e Gustavo Mendanha. A primeira, indecisa. O segundo, por ora, impedido. Ambos os nomes são vistos com potencial para aglutinar as lideranças. Mas caso nenhum dos dois mergulhe na disputa, o problema de hoje será certamente maximizado amanhã. 

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De um lado, emedebistas que devem brigar para caminhar com Rogério. Do outro, uma fatia que prefere ir para o ‘tudo ou nada’ nas urnas. O descompasso tem se mostrado vivo. Em entrevista recente ao jornal O Popular, por exemplo, Daniel Vilela disse que o partido não vai embarcar em um projeto “administrativamente incompetente”. 

Na contramão disso, vereadores do MDB não pouparam elogios a Cruz durante a prestação de contas desta semana. O primeiro a cacifar o prefeito foi Kleibe Morais. “O senhor está entrando na fase de realizar coisas espetaculares. A gestão do senhor, para mim, é competente. O senhor é competente; seus auxiliares são competentes. Basta perguntar para os moradores que habitam os arredores das dezenas de praças que o senhor já entregou, basta perguntar para as pessoas que moram nas ruas e avenidas recuperadas, basta perguntar aos usuários da Saúde e aos servidores públicos”, disse. 

Outro a vangloriar o gestor foi Anselmo Pereira que, vale registrar, é líder do prefeito na Casa de Leis. “O senhor tem cumprido com a sua função. Quero destacar os programas de asfaltamento nos bairros, a maior obra de drenagem do município e as nossas emendas impositivas que possuem voz e vez em sua administração”, disse antes de chamar atenção também para as instalações do sistema de iluminação em LED em bairros específicos da cidade e para o programa de regularização fundiária que, segundo ele, já atingiu mais de 6 mil famílias. 

O vereador Henrique Alves foi na esteira dos colegas. Ele parabenizou a nova política fiscal da cidade e considerou o secretário de Finanças, Vinícius Henrique, um homem “competente”. “Deixo também um elogio ao senhor que praticamente dobrou os recursos destinados aos investimentos em nosso município. Foram 86,5% a mais. Isso representa benefícios para a população”. E pontuou com menção aos servidores: “Se tem um prefeito que efetivamente tem investido no quadro de servidores é o senhor”. 

Pelos discursos, o diagnóstico é que Daniel e as lideranças enxergam a cidade por óticas diferentes. Na contramão dos vereadores, o presidente da sigla disse, ao Popular que em Goiânia “nada acontece, nada dá certo”. “Colocam pessoas que não tem absolutamente nenhuma expertise em áreas importantes da Prefeitura. Estamos a um ano e meio do fim da gestão, há baixa aprovação e pouca eficiência”, pontuou. Quem levará a melhor nessa queda de braço? O tempo dirá. 

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