Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Caiado terá quatro meses para articular texto de reforma no Senado

Governador não deu braço a torcer com votação na Câmara e deve ampliar incursões junto aos senadores

Postado em: 12-07-2023 às 07h30
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: Caiado terá quatro meses para articular texto de reforma no Senado
Caiado alinhado com a equipe econômica percorreu Brasília dias antes de a votação ir ao plenário da Câmara | Foto: Reprodução

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) vai ter cerca de quatro meses para buscar um entendimento, junto ao Senado Federal, do que passou, em dois turnos, na Câmara Federal, da Reforma Tributária. Caiado ganhou notoriedade nacional nos últimos meses, e, mais enfaticamente, nas últimas duas semanas, como o governador com críticas mais incisivas ao texto. 

O desafio de Caiado, no entanto, é furar a bolha do Senado de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que confirmou, na relatoria da PEC, o senador Eduardo Braga (MDB-AM). Braga, que foi prefeito de Manaus e Governador do Amazonas, já declarou que não deve “fatiar a PEC”. Ou seja, manter-se-á o texto com o carimbo da aprovação dos deputados federais. 

Em uma entrevista coletiva na última segunda-feira (10), o governador goiano deu o tom que deve manter diante do desafio da tentativa de influir no texto, evitando, entre outros problemas para a administração goiana. “A reforma tributária todo mundo concorda com ela em termos de conceito. O que nós estamos discutindo é o conteúdo, o que está escrito, no projeto que foi aprovado na Câmara. Se nós não recuperarmos no Senado Federal, nós não vamos ter mais incentivo para nosso fundo de arte e cultura, nós não vamos ter mais como investir na lei Goyazes, nós não vamos ter mais recurso para o fundo de combate à pobreza, nós não vamos ter mais o dinheiro do FCO”, disse ele. 

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Na mesma ocasião, o governador disse aos repórteres que o governo tem se preocupado com a carga tributária do prestador de serviço. “Eu falei que a tabela vai chegar a 35%. Muitas pessoas dizem que não é assim, mas aí está. Agora as pessoas estão vendo a incidência do tributo sobre a livre iniciativa, sobre o prestador de serviço, em todas as áreas, todos vão ter uma carga tributária que vai chegar a 35%”, pontuou. 

Caiado alinhado com a equipe econômica percorreu Brasília dias antes de a votação ir ao plenário da Câmara. Ao mesmo tempo em que percebia um antagonismo por uma ala da política que era pró-texto, Caiado ganhou envergadura para um projeto que ele deixou mais claro durante entrevista a uma rádio do interior de Goiás ao comentar sobre as eleições presidenciais de 2026. E, claro, coloca-se à disposição para a disputa. 

“Neste momento, é uma matéria a ser discutida com meu partido. As pessoas sabem que se me for dada essa oportunidade partidária eu não vou deixar de colocar o meu nome neste debate nacional que é a disputa da presidência da República”, reconheceu Caiado, emendando: “Eu sou uma pessoa de posições claras e que tem independência moral e intelectual para debater qualquer tema. Eu sou um homem orgulhoso de ser goiano. Goiás não precisa ficar acanhado porque tem outros estados maiores. Eu entro na luta de igual para igual”.

E esse otimismo está intrinsecamente ligado à labuta de Caiado em busca de alertas sobre os impactos negativos para governos além dos estados do Sul e Sudeste. Em uma de suas entrevistas à mídia nacional, Caiado falou à Jovem Pan. “Não só Goiás, mas vários Estados foram extremamente sacrificados [com a reforma]. No momento que tem tudo aquilo arrecadado pelo Estado e município concentrado em um comitê federativo, isso é algo que exclui totalmente as prerrogativas e as iniciativas dos governantes no seu Estado”, reclamou Caiado. 

Como vinha reafirmando, e deve continuar o fazendo, Caiado tocou em um ponto que deveria interessar aos demais governadores. “Isso é um desrespeito completo à cláusula pétrea do pacto federativo. É mais outra anomalia que foi criada para receber apoio da base do Sudeste. Hoje, somos considerados subnacionais. Agora, criou-se outra categoria. Além de sermos subnacionais, com exceção do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, somos também subsudeste. Isso porque nenhuma decisão do conselho é aprovada sem que haja o compartilhamento do apoio desses três Estados, que representam mais de 55% da população. E nenhuma outra articulação no comitê chegará a 60%, como está no texto da reforma tributária”, complementou.

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