Mesmo sem tantas vitórias, esquerda tem tradição nas disputas do Paço

Cientista político esclarece necessidade de visibilidade para bandeira, atração de filiados e também para chapa de vereadores

Postado em: 13-07-2023 às 08h30
Por: Francisco Costa
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Em 2024, é certo que o PT terá candidatura própria | Foto: Reprodução

A esquerda em Goiânia marca presença. Em todos os pleitos, independente do resultado, os candidatos estão lá, e não somente do PT, maior expoente do segmento. Principalmente pelo debate.

De fato, com exceção do PT, a esquerda tem pouco sucesso em eleições majoritárias na capital. E mesmo o Partido dos Trabalhadores não ocupa a cadeira de chefe do Executivo desde Paulo Garcia, em 2012, quando se elegeu em primeiro turno com o apoio do ex-prefeito e ex-governador Iris Rezende. 

É preciso dizer, também, que Paulo foi vice-prefeito de Iris. Nesse sentido, ele veio como sucessor do emedebista histórico. Mas de volta às legendas da esquerda, em 2012, ano da eleição de Garcia com 57,68%, a capital teve outros três postulantes ao paço municipal. Nenhum deles chegou a 5% dos votos válidos. Foram eles: Isaura Lemos (PCdoB), 3,34%; Professor Pantaleão (PSOL), 3,16%; e Rubens Donizzeti (PSTU), 0,30%. 

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Já em 2016, retorno de Iris Rezende (MDB) à prefeitura, disputou, de forma inusitada, o hoje senador Vanderlan Cardoso (PSD) pelo PSB. Ele conseguiu chegar no segundo turno por uma sigla de esquerda, apesar de ser um nome conservador. Além dele, o pleito teve a deputada federal Adriana Accorsi (PT), 6,73%; Flávio Sofiati (PSOL), 0,83%; e Djalma Araújo (Rede), 0,35%.

Em 2020, mais uma vez a esquerda marcou presença no pleito goianiense – foi um ano de destaque para o segmento. Desta vez, Adriana Accorsi retornou e melhorou o desempenho, chegando em terceiro lugar com 13,39%.

O pleito ainda teve o então deputado federal e hoje secretário no governo Lula, Elias Vaz (PSB), que chegou a 4,08%. O Solidariedade marcou presença com Alysson Lima, 2,76%; enquanto o PSOL teve Manu Jacob, 077%.

Outras quatro legendas da esquerda lançaram candidaturas em 2020. Foram elas: PV, com Cristiano Cunha, 0,23%; UP, com Fábio Júnior, 0,17%; PCB, com Professor Antônio, 0,06%; e PCO, com Vinícius Gomes, 0,01%.

Neste próximo pleito municipal, em 2024, é certo que o PT terá candidatura própria. Da mesma forma, o PSOL trabalha por um nome na disputa. Partidos menores, como UP, PCB e PCO também tendem a entrar no páreo.

Por que?

Professor e cientista político, Marcos Marinho explica que a lógica dos partidos pequenos de esquerda participarem do pleito, mesmo sem chances reais de vitória, é dar visibilidade para a bandeira. “É preciso, da perspectiva de exposição, atrair filiados e reforçar a ideologia, a identidade”, argumenta.

Ele reforça, contudo, que este não é o caso do PT, que é um partido estruturado e que sai com chances de vitória. “Inclusive, em 2024 pode ser um dos mais fortes em Goiânia, dependendo da composição e de como estará o governo Lula (PT).”

Mas ainda sobre as siglas menores, Marinho esclarece que elas trabalham para manter a legenda viva, especialmente para auxiliar candidatos a vereador. “Ter cabeça de chapa na majoritária dá visibilidade à chapa de vereadores. Partido pequeno, identitário, tem que se mostrar. Colocar-se como vitrine”, pontua. 

Também cientista político e professor, Guilherme Carvalho ressalta que existem dois grandes modelos de partidos: os que fazem política para ocupar cargos e espaço; e os que fazem para expor políticas públicas. “A maior parte ocupa a primeira lista.”

Já essas pequenas legendas de esquerda, ele argumenta que se enquadram no segundo caso, a fim de levar ideias para o debate público. “Em boa parte do cenário, não só local, mas até nacional, temos esses partidos menores na disputa para levar suas ideias e marcar posição, mesmo sabendo que não ocuparão cargos.”

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