A tendência dos “Lunaristas”, os bolsonaristas que apoiam Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caminha pé ante pé para uma governabilidade que há muito tempo não se via em um País conflagrado desde as marchas de junho de 2013, quando a então presidente Dilma Rousseff, e o Congresso – nada de STF, ainda, na boca da burla que correu às ruas que tornaria popular o discurso da extrema-direita. 

A estratégia de Lula e de seu governo, no entanto, agrada e desagrada. Causa furor ou desconfiança. Traz felicidade ou inveja. Lula pode comemorar um certo avanço. Está indo bem com o Congresso Nacional. Conseguiu uma fatia do reconhecimento na aprovação, nos dois turnos, na Câmara dos Deputados, da reforma tributária. O texto não deve ter nenhuma surpresa no Senado Federal, a ser votado em outubro, sob a promessa de os senadores colocarem uma lupa no texto. Mesmo assim, Lula permanece passível, satisfeito, diante das duas casas do parlamento brasileiro. 

Lula é esperto. Sabe de uma tendência importante à história deste seu terceiro mandato que pode garantir ao Partido dos Trabalhadores – aproveitando a inelegibilidade de Jair Messias Bolsonaro – fôlego para a eleição presidencial de 2026. 

Com isso, o PT está de orelhas de pé com pesquisas de opinião sobre esse primeiro semestre do Lula 3. Algumas delas trazem à tona um cenário animador para o PT: eleitores de Jair Bolsonaro começam a ver o governo lulopetista com bons olhos. A tendência é que tudo melhore neste aspecto, tendo em vista que houve pouca oscilação antes das eleições em 2022. 

Esse público, agora, surge com um novo codinome que pode virar tendência, como publicado pela BBC News Brasil: os lunaristas. Ou seja, aqueles que apoiaram, incondicionalmente, Jair Bolsonaro, mas sentem que o governo Lula está indo bem. Aprovam-no. 

O Ipec mostra que 37% de um grupo entrevistado aprova o governo Lula, classificando-o como ótimo ou bom. E, ainda, 28% das pessoas entrevistadas não aprovam o governo, escolhendo uma das duas opções do questionário: ruim ou péssimo. No total dos entrevistados, 32%  avaliam o governo como regular e 3% não souberam ou não responderam. 

Os pesquisadores do Ipec ouviram 2 mil pessoas entre 1º e 5 de junho em 127 municípios e a pesquisa tem uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. 

Para chegarem à conclusão sobre a tendência de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro aprovarem a atual gestão do governo federal, o Ipec perguntou às pessoas para quem essas pessoas votaram no segundo turno das eleições. A pesquisa mostra que 8% dos entrevistados que afirmaram terem votado em Bolsonaro aprovam o governo do seu principal adversário político ao classificarem-no como ótimo ou bom. 

Outra dúvida que o Ipec quis elucidar é a respeito se aqueles que votaram em Bolsonaro aprovavam, ou não, a atual gestão lulista. Na pesquisa geral, 52% dizem aprovar a forma como Lula governa. Entre os eleitores do petista, 88% aprovam Lula, 8% desaprovam e 4% não responderam. Entre os que dizem ter votado em Bolsonaro no segundo turno, são 19% os que aprovam Lula no Planalto, contra 76% que desaprovam e 5% que não quiseram responder. 

Os dados refletem que, esses lunaristas, correspondem a 55% do sexo feminino e 45 do masculino. Faixa etária: 16 e 24 anos (13%), entre 25 e 34 anos (29%), entre 35 e 44 (16%), entre 45 e 59 anos (30%) e mais que 60 (12%); Pretos ou pardos (52%); brancos (46 %), outros (1%).

Ganham mais que 5 salários mínimos (15%), entre 2 e 5 salários mínimos (29%); mais de 1 até 2 salários mínimos (25%), até 1 mínimo (23%) Católicos (53%); evangélicos (31%), outras religiões (16%). Estudaram até o fundamental (36%), até o ensino médio (42%); têm ensino superior (22%). Por região: Sudeste (32%); Norte/Centro Oeste (30%), Nordeste (22%), Sul (16%).