A ligação da bancada goiana e o centrão

Bloco informal pressiona presidente Lula por cargos, mas petista insiste na tese de que tem ministérios “introcáveis”

Postado em: 17-07-2023 às 08h00
Por: Francisco Costa
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Bloco informal pressiona presidente Lula por cargos, mas petista insiste na tese de que tem ministérios “introcáveis”. | Foto: Roque Sá

O chamado “centrão” é um termo antigo, utilizado para designar os parlamentares que formavam maioria na Assembleia Constituinte que deu origem à Constituição de 1988. Posteriormente, ganhou um novo significado, mas ainda como rede apoio a qualquer governo e com poder de barganha. 

Entre as siglas, os destaques são o PP, MDB, PSD, União Brasil, Republicanos, Podemos e mais. A maioria dos eleitos goianos está nessas legendas: Silvye Alves e Zacharias Calil, União Brasil; Glaustin da Fokus (Podemos); José Nelto e Adriano do Baldy, Progressistas (PP); Célio Silveira e Marussa Boldrin, MDB; Jeferson Rodrigues (Republicanos); e Ismael Alexandrino (PSD). 

Em entrevista recente ao Jornal O Hoje, Ismael Alexandrino falou da composição com o governo federal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Vale lembrar, o PSD também esteve com o ex-presidente Bolsonaro (PL) no passado.

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“O PSD é um partido da centro-direita. É um partido que dialoga com os governos que querem dialogar”, pontua. “Não é intransigente, não é fisiológico. Quer governabilidade por convicção. É muito coeso.” O parlamentar reforça que trata-se de uma das maiores siglas do País. Inclusive, é a maior do Senado, tendo o senador Rodrigo Pacheco (MG) como presidente daquela Casa. 

Destaca-se que o PSD ocupa três ministérios no governo Lula. São eles: Agricultura (Carlos Fávaro), Pesca (André de Paula) e Minas e Energia (Alexandre Silveira). “É natural que, estando como governo, o PSD queira participar”, conclui Ismael Alexandrino.

Pressão

E como disse Ismael, é natural que, quando uma legenda está no governo, ela quer participar. E o centrão quer cargos. O presidente Lula precisou engrossar o tom em relação a alguns ministérios. “Tem ministros que não são trocáveis”, disse o petista em meio à pressões na sexta (14). 

Entre eles está o Ministério da Saúde, comandado por Nísia Trindade, que tem o maior orçamento na Esplanada. “Eu tenho muito orgulho de ter escolhido a Nísia ministra da Saúde.[…] Eu vou viajar agora, eu disse pra Nísia já publicamente. Tem ministros que não são trocáveis. Têm pessoas e têm funções que são uma coisa da escolha pessoal do presidente. Ela não é ministra do Brasil, ela é minha ministra”, deixou claro.

O Ministério do Desenvolvimento Social, de Wellington Dias, também é cobiçado pelo centrão. Na última quinta-feira (13), à Record, ele também reforçou: “Esse ministério é um ministério meu. Esse ministério não sai. A Saúde não sai. Não é o partido que quer vir para o governo que pede ministério. É o governo que oferece o ministério. É só fazer uma inversão de valores. No momento certo, nós vamos conversar. Da forma mais tranquila possível, não quero conversa escondida, não quero conversa secreta.”

Xadrez

Inclusive, a coluna Xadrez, do Jornal O Hoje, apontou que Lula só negocia cargos se houver votos. “Pela terceira vez, o presidente Lula está vivendo a volúpia por cargos do chamado ‘centrão’. Só que agora, para ‘passar mel na boca do eleitor’, líderes influentes desse bloco, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e Marcos Pereira (Republicanos), dizem que apoiam o governo, mas com restrições. No entanto, pedem cargos o tempo todo, ‘principalmente aqueles que furam poço’, ou seja, que têm recursos”, observa o colunista Wilson Silvestre.

Ele completa: “Para contrapor essa volúpia famélica por um naco do poder, o presidente Lula avisa: cargos agora só com o apoio explícito ao governo. O caso da ex-ministra do Turismo, Daniel Carneiro (ainda no União?), gerou desgaste ao presidente, que, pressionado, acabou cedendo a vaga para um aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Embora filiado ao União Brasil, o novo ministro do Turismo, Celso Sabino (PA), é do agrado da bancada federal comandada por Luciano Bivar e Antônio Rueda.”

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