Federação é “saída” para partidos que não emplacaram em 2022 

No cenário nacional, PSDB-Cidadania ensaia federação com MDB, mas Goiás figura entre os estados com maior resistência

Postado em: 18-07-2023 às 08h30
Por: Redação
Imagem Ilustrando a Notícia: Federação é “saída” para partidos que não emplacaram em 2022 
Em Goiás, o partido foi reduzido a cinco prefeitos | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Felipe Cardoso e Wilson Silvestre

Os partidos políticos, em especial os que se encontram em uma situação mais fragilizada em decorrência do resultado das eleições de 2022, têm buscado cada vez mais alianças que possam garantir a sobrevivência. 

É o caso, por exemplo, do PSDB que precisará, a partir do próximo pleito, conquistar o maior número de prefeituras goianas caso queira continuar no jogo político, especialmente se a eleição de 2026 estiver na mira dos tucanos – o que, todos sabem, é o caso. 

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Em Goiás, o partido foi reduzido a cinco prefeitos. Nos bastidores, porém, a leitura é que só dois são caninamente fiéis ao líder e presidente da legenda, ex-governador Marconi Perillo.

A ideia gestada desde o ano passado era, inclusive, a de aderir a uma federação com o MDB, a exemplo do que tem com o Cidadania, mas faltou consenso entre os caciques para concretizar essa aliança. A barreira para um acordo veio de vários diretórios regionais que tem contencioso e interesses divergentes aos dos tucanos.

A explicação é simples: o MDB não é um partido orgânico embora até junho deste ano, a sigla contava com 2.046.711 filiados, o que corresponde a 12,95% do total de 15.798.227 filiados a partidos no país, não é fácil atender interesses regionais. Tanto que o presidente da legenda em Goiás e vice-governador Daniel Vilela, foi um dos que se opunha a uma federação.

Se a federação fosse efetivada, seria o racha dentro da base do governador Ronaldo Caiado (UB), declaradamente oposição ao PSDB de Marconi Perillo. A consequência seria que Daniel perderia o apoio do governador e teria dificuldades para construir alianças municipais.

Diante desse cenário, a situação leva os tucanos em Goiás a uma situação de isolamento, a não ser que se alie como “recruta político” ao PT e PSB. No entanto, essa tarefa não será fácil já que o presidente nacional do PSDB e governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite alardeia que será oposição ao PT em 2026.

Restaria o PSB, mas também tem contencioso com o senador Jorge Kajuru, hoje um influente aliado do presidente Lula e do vice, Geraldo Alckmin.

De qualquer forma, o HOJE mostrou recentemente que as lideranças têm se preocupado, ao menos, em manter as conversações. A situação, porém, não é das melhores no que diz respeito a uma possível junção do MDB, PSDB e Cidadania. O presidente do Cidadania em Goiás, Gilvane Felipe, declarou, por exemplo, que Goiás tem resistência na união, mas reforça que decisão é nacional

Há duas semanas, os presidentes do MDB, Baleia Rossi, PSDB, Eduardo Leite, e Cidadania, Roberto Freire, se encontraram em Brasília para continuar as conversas sobre a grande federação que juntaria as três siglas – Cidadania e PSDB já estão federados. Contudo, em Estados como Minas Gerais e, principalmente, Goiás há resistência. 

“Goiás tem influência, mas a decisão é nacional. Resistência forte é Minas e Goiás, onde PSDB e MDB são conflagrados. Mas há resistência por todos os lados. Existem resistências no Cidadania, no PSDB… não dá para dizer, por ora, se vai ou não sair”, explica. Questionado se o Cidadania teria resistência, ele diz que o partido ainda não se posicionou a respeito. 

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil), por sua vez, tem, atualmente, como único opositor [praticamente] o ex-governador e presidente estadual tucano, Marconi Perillo. Como se não bastasse, o vice-governador, Daniel Vilela (MDB), é o presidente estadual do MDB.

Além disso, Marconi, durante suas quatro eleições – e o pleito de seu sucessor –, antagonizou com o MDB. São 20 anos de história de rivalidade direta, o que gera resistência em Goiás.

Ainda assim, Gilvane Felipe reforça que o diálogo existe, apesar das dificuldades. “Tem havido muitas conversações neste sentido. Teve um jantar recente com a participação dos presidentes, mas não há nada de definido”, diz e reforça:“Não há decisão, só conversações.” Os encontros, todavia, demonstram que existe interesse.

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