Por que Lula resiste em visitar Goiânia?

Aguardada por muitos, criticadas por outros tantos, a vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Goiânia, não ocorrerá no dia 28 de julho, como era esperada. O petista falará com empresários do agronegócio, indústria, comércio e serviços, mas por videoconferência. Segundo o senador Jorge Kajuru (PSB), a visita ficará para setembro.

A informação da videoconferência também foi confirmada pelo senador, que organizou o evento e a possível participação presencial do gestor. “Lula estará viajando, o vice-presidente Geraldo Alckmin estará como presidente interino”, disse o congressista ao Jornal. A agenda é discutida desde fevereiro.  

Ainda sobre o evento deste dia 28, estão confirmados o vice-presidente Geraldo Alckmin, como esperado, e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. O evento será na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), às 10h.

A ideia é de que haja a participação de 700 empresários no parlamento da capital goiana. Destes, seriam 350 de Goiás e outros 350 do restante do País. Depois da reunião com os representantes da indústria, comércio, agro e serviços, a comitiva do Planalto se encontra com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil).

Visita em setembro

Kajuru revela com exclusividade que trará o presidente presencialmente à capital, em setembro. “Estamos definindo, primeiro, a obra. Mas possivelmente será o aeroporto de carga, em Anápolis. É uma obra parada há mais de 20 anos”, revela o senador, que garante que, mesmo assim, ele passará por Goiânia. 

Outras opções são o Anel Viário de Goiânia-Aparecida ou a duplicação Rio Verde-Itumbiara. “Pode ser uma rodovia.” Kajuru reforça, contudo, que está definido que a primeira visita do presidente a Goiânia será com ele. O senador é vice-líder do governo no Senado.

É preciso dizer, Lula ainda não esteve em Goiás neste mandato – e nem na campanha. Em junho, ele tinha agenda em Rio Verde, mas desmarcou por causa do mau tempo que impediu que o avião pousasse. Ele participaria da inauguração da Ferrovia Norte-Sul, no Sudoeste goiano.

No mesmo dia, ele gravou um vídeo com o ex-presidente José Sarney, na Base Aérea de Brasília, dizendo que reagendaria. “Nos aguardem, que nós ainda vamos inaugurar essa ferrovia”, se dirigiu ao governador Ronaldo Caiado e ao prefeito do município, Paulo Vale (União Brasil), naquele momento.

Análise

Segundo o cientista político e professor, Guilherme Carvalho, quando Lula e o PT fazem os cálculos (eleitorais) eles observam que o Estado é um importante polo para o bolsonarismo. “É possível furá-lo? Quando eles se deparam com uma negativa, percebem que não é um Estado a se investir agenda.”

Ele aponta, ainda, que Goiás é uma unidade federativa, sendo que existem outras muito mais relevantes do ponto de vista do eleitorado (número) e de ampliação de prefeituras para o PT. “Não é que Lula não faça questão, mas é um local de oposição, e que podem ocorrer muitos constrangimentos, e onde ele não conseguiria furar a bolha.”

Na avaliação de Guilherme, é melhor manter certa distância, de fato. “Em termos da realidade concreta é pior para Goiás. Mas é como a população se comporta e é como uma análise da equipe é feita. Ele mantém agenda, mas vai cancelar ou fazer online, como vem acontecendo.”

Por outro lado…

Enquanto Lula não vem, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não deixa o Estado. Somente neste mês foram três vezes. A primeira, em 5 de julho, foi uma passagem discreta por Goiânia, mas deu tempo de gravar um vídeo tomando caldo de cana. Como na última visita, a passagem foi para realização de tratamento odontológico. 

Além disso, ele esteve em Goiânia no último fim de semana pelo mesmo motivo. Desta vez, ele pernoitou de sexta (14) para sábado (15) na casa do governador Ronaldo Caiado (União Brasil).

Já nesta sexta-feira (21), o político estará em Anápolis. O ex-presidente receberá a Comenda Gomes de Souza Ramos no Centro de Convenções. A homenagem é conferida a cidadãos que se destacaram por seus serviços em torno da cidade, desde 1980.