Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Delação: Élcio de Queiroz dá detalhes da morte de Marielle Franco

O ex-PM, Élcio de Queiroz, revelou em delação premiada novas informações sobre o dia da morte de Marielle Franco

Postado em: 24-07-2023 às 17h48
Por: Tathyane Melo
Imagem Ilustrando a Notícia: Delação: Élcio de Queiroz dá detalhes da morte de Marielle Franco
Delação premiada de Élcio de Queiroz revela novas informações sobre o dia da morte de Marielle Franco | Foto: Reprodução / Instagram

Nesta segunda-feira (24/7), uma operação resultante de uma delação premiada conduzida pela Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) levou à prisão do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, também conhecido como Suel. A delação foi firmada pelo ex-policial militar Élcio de Queiroz, que está detido desde 2019, juntamente com Ronnie Lessa, também ex-policial reformado. Ambos serão julgados pelo Tribunal do Júri pelo crime, mas a data do julgamento ainda não foi definida.

Élcio de Queiroz, em sua delação, forneceu informações detalhadas sobre o atentado que matou a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Além disso, o delator apontou a participação de Maxwell Corrêa no crime e explicou a dinâmica da ação criminosa.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, divulgou as informações nesta segunda-feira e explicou as informações levantadas com a delação. “Tivemos uma delação, uma colaboração premiada, do senhor Élcio Queiroz – como todos os senhores sabem, há alguns anos, essa investigação gira em torno desses dois personagens: Ronnie e Élcio. Nessa delação, o senhor Élcio revelou a participação de um terceiro indivíduo, que é o Maxwell, e confirmou a participação dele mesmo e do Ronnie Lessa”, afirma o ministro.

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De acordo com informações liberadas pelo portal g1, um documento mostra os detalhes revelados por Élcio à polícia. Confira:

Em uma conversa ocorrida no Ano Novo de 2017, Ronnie Lessa mencionou estar planejando um crime, “para pegar a mulher que já estavam monitorando há alguns meses”, mas sem identificar o alvo. Élcio afirmou que, naquela ocasião, Lessa comentou que já havia tentado matar essa pessoa em 2017, mas a ação foi frustrada devido a um problema com o veículo dirigido por Maxwell, levando Lessa a acreditar que Maxwell teria desistido e inventado uma falha mecânica.

Élcio detalha como ocorreram as ações no dia do crime

Na tarde do crime, por volta das 12h, Lessa o contatou, solicitando sua presença e dizendo precisar de alguém para dirigir para ele. Em seguida, Lessa enviou uma foto de algumas mulheres, que Élcio alega não ter conseguido ver, pois a mensagem havia expirado.

Às 16h, Lessa pediu que Élcio o encontrasse em sua residência, localizada na Barra da Tijuca.

Chegando lá às 17h, Élcio conta que deixou seu carro na garagem de Lessa e o acompanhou até um ponto próximo do condomínio, onde um carro já os esperava. A pedido de Lessa, Élcio deixou seu telefone dentro do carro.

Lessa assumiu o banco do carona, e Élcio relatou ter visto pelo retrovisor quando Lessa colocou um casaco preto, retirou uma submetralhadora de uma bolsa, instalou um silenciador, usou uma touca e pegou um binóculo para observar o entorno. Nesse momento, Lessa revelou que estavam a caminho de encontrar Marielle Franco, com motivações pessoais.

Quando Marielle chegou ao local, Élcio disse ter ponderado matá-la na entrada, mas se alertou que haviam muitas pessoas na rua, o que inviabilizou o ato naquele momento.

A perseguição e o assassinato de Marielle e Anderson ocorreram por volta das 21h. Lessa e Élcio seguiram o carro da vereadora, porém, suspeitaram de um veículo preto que pensaram poder ser da polícia e que aparentava estar junto ao carro de Marielle. Lessa decidiu continuar a perseguição, conhecendo um bar para onde Marielle poderia estar indo.

Por volta das 21h30, Lessa percebeu que o veículo de Marielle reduziu a velocidade para esperar um carro que estava na contramão passar. Com o vidro abaixado, Lessa pediu que Élcio se aproximasse do carro e, em seguida, efetuou os disparos que resultaram na morte de Marielle e Anderson. Em sua delação, Élcio disse ter ouvido uma rajada e as cápsulas caindo sobre ele.

Após o crime, eles seguiram para a casa da mãe de Ronnie Lessa, no bairro do Méier, e posteriormente pegaram um táxi para a Barra da Tijuca. A polícia informou que o irmão de Lessa foi quem fez o pedido na cooperativa de táxi, por volta das 21h48, cerca de 18 minutos depois do crime. No endereço da Barra, um bar, encontraram-se com Maxwell.

Élcio afirmou que naquele momento já haviam notícias sobre a morte de Marielle na imprensa e que Maxwell sabia que eles eram responsáveis pelo crime. Juntos, permaneceram no bar bebendo e conversando até as 3h.

Conforme relatado por Élcio em sua delação, no dia seguinte ao crime, ele e Ronnie Lessa encontraram-se com Maxwell Simões Corrêa no bairro do Méier para se livrarem do veículo utilizado no crime. Durante o encontro, eles verificaram o carro e encontraram cápsulas restantes, evidências do crime, que foram descartadas.

Em seguida, Maxwell alterou a placa do veículo e conduziu-o até Rocha Miranda, onde seria descartado por uma quarta pessoa, identificada como Edmilson Barbosa dos Santos, conhecido como “Orelha”.

Investigação

As informações foram revelados por Élcio em sua delação premiada, acrescentando mais detalhes ao desenrolar dos acontecimentos após o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

“Os alvos da busca e apreensão estão relacionados à delação premiada do Élcio. Ou seja, a busca e apreensão, provavelmente, ao longo das próximas semanas, resultará na produção de novas provas, de confirmação da delação e também da indicação do próximo passo da investigação”, finaliza o ministro, Flávio Dino.

O caso Marielle Franco, desde o dia do crime, em 14 de março de 2018, tem gerado comoção pública e repercussão nacional e internacional. Com a identificação de Maxwell Corrêa como outro envolvido, as linhas de apuração policial se ampliaram, o que pode levar a um desfecho final para o caso.

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