Segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Embalado pelo otimismo, Lira já cria expectativa sobre reforma administrativa

Em conversa com empresariado, presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, pediu ajuda ao setor para proposta

Postado em: 27-07-2023 às 07h30
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: Embalado pelo otimismo, Lira já cria expectativa sobre reforma administrativa
O assunto veio à tona após declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira | Foto: Câmara dos Deputados

Os nervos do governo e do Congresso Nacional nem se acalmaram – nem tem previsão para tanto – com a tramitação da reforma tributária e, outro tema, bom lembrar, espinhoso, já pauta e tensiona a política de Brasília: a reforma administrativa. E, ainda: reforma administrativa proposta pelo ex-ministro Paulo Guedes. O assunto veio à tona após declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). 

O parlamentar estava com empresários, em reunião do Grupo Lide, em São Paulo, quando soltou essa: “[Reforma administrativa] está pronta para plenário e precisa da mobilização de todos. Ela não fere, não rouba, não machuca direito adquirido e vai dar teto para as nossas despesas, vai dar previsibilidade para o serviço público e é o próximo movimento”. 

Em seguida, o deputado, que tem tido uma relação de ‘mão única’ com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem liberado emendas bem gordas ao parlamento em prol de apoio nestas pautas mais espinhosas, ainda declarou: “É o movimento que depende de cada um dos senhores e senhoras empresários, porque quem banca o custo do Estado está aqui nessa sala”.

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Em entrevista à Jovem Pan, um deputado do Novo, Gilson Marques, de Santa Catarina, disse, entusiasmado: “É uma reforma importantíssima porque pretende gerar eficiência. É fantástico ele [Arthur Lira] assumir essa pauta, já que sequer a alteração constitucional precisa de uma sanção do presidente da República. Caso Lira pegue a pauta para ele e a Câmara se debruce sobre ela, vamos ter uma pauta até que enfim positiva para o Brasil”. 

Ainda sobre a fala de Arthur Lira ao grupo de empresários, é bom lembrar que o assunto é polêmico porque pode ‘acordar o gigante’ que habita em cada servidor público federal. “A versão que se cria é que uma reforma administrativa é para fazer uma intervenção no público, é para acabar com a carreira do servidor público. Não. A reforma que está pronta para plenário na Câmara dos Deputados tem um corte, tem um lapso temporal de que, daquele dia para trás, todos os direitos adquiridos ficam garantidos”, disse. 

O deputado parece contente com o poder que está às mãos, sobretudo depois de ter conseguido, à tira colo o apoio do ministro da Fazenda de Lula, Fernando Haddad, nos dois turnos, o texto da reforma tributária que, nos próximos dias, vai pautar boa parte da discussão no Senado Federal. Na casa, presidida por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem se discutido mudanças no texto que passou pela Câmara, principalmente para atender às críticas de deputados, governadores e alguns setores da economia que identificaram incongruências e problemas que podem, por exemplo, impactar sobremaneira arrecadação – no caso de estados. 

A reforma administrativa, contudo, já está nos planos do governo Lula. Quando a economista Esther Dweck assumiu hoje assumiu o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, ela prometeu uma reforma administrativa que defendeu a ministra à época, para melhorar a estrutura de carreiras e melhorar o atendimento à população. 

Ainda na posse, a ministra defendeu: “Com esse objetivo, também vamos criar o escritório de projetos de inovação na gestão e parcerias com a Enap [Escola Nacional de Administração Pública] e o Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada]. É algo que já existe, mas que vamos incentivar para que facilite a troca de experiências adquiridas”. 

Agora, é esperar como vai ser elaborado o texto e como o tema vai reverberar entre os setores envolvidos, principalmente os servidores públicos que podem ser defendidos no Congresso ou jogados às traças. Em setembro de 2020, uma proposta chegou à Câmara mas foi duramente criticada e acabou ficando na gaveta. Pelo andar da carruagem, é possível que parte deste mesmo texto chegue vitorioso ao Senado, depois de passar pela Câmara. E vai depender de como Lula vai continuar tratando os parlamentares.

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