Mauro Cid movimentou R$ 3,2 milhões em 7 meses; operação é incompatível com patrimônio, diz Coaf

Relatório do Coaf classificou a movimentação bancária de Mauro Cid como ‘incompatível’ com relação ao patrimônio do tenente-coronel

Postado em: 27-07-2023 às 19h17
Por: Tathyane Melo
Imagem Ilustrando a Notícia: Mauro Cid movimentou R$ 3,2 milhões em 7 meses; operação é incompatível com patrimônio, diz Coaf
Relatório do Coaf classificou a movimentação bancária de Mauro Cid como ‘incompatível’ | Foto: Lula Marques / Agência Brasil

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentações bancárias consideradas “atípicas” e “incompatíveis” com o patrimônio do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o órgão, Cid movimentou um total de R$ 3,2 milhões ao longo de sete meses, entre junho de 2022 e janeiro de 2023.

As informações foram reveladas pelo jornal O Globo nesta quinta-feira (27/7).

O Coaf destacou que, nesse período, o tenente-coronel realizou operações que totalizaram R$ 1,4 milhão em débitos e R$ 1,8 milhão em créditos. Essa movimentação chamou a atenção, pois sua remuneração mensal como militar era de R$ 26.239, o que levanta dúvidas sobre a origem dos recursos utilizados nas transações.

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Entre as movimentações que chamaram a atenção do órgão estão transferências internacionais realizadas por Cid aos Estados Unidos em janeiro de 2023. Essa remessa de dinheiro ocorreu durante o período em que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e o próprio ex-presidente estavam no país da América do Norte.

O Coaf classificou essa movimentação elevada como indicativa de possível tentativa de ocultação de bens. “Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se indícios do crime de lavagem de dinheiro ou com ele relacionar-se”, explica o relatório.

No relatório, a Coaf informou que existe uma “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e capacidade financeira do cliente”.

Além disso, o relatório do Coaf destaca a participação de quatro pessoas em transações com Cid, incluindo um “caixeiro viajante”, um “ourives”, um tio de sua esposa e o sargento Luis Marcos dos Reis, ex-subordinado de Cid na Presidência e também um dos investigados pela Polícia Federal (PF). Essa ligação levanta mais questões sobre a origem e destino dos recursos movimentados.

Mauro Cid está preso desde maio, em razão da Operação Venire, que investiga esquema de fraudes em cartões de vacinação. A suspeita da PF é de que ele possa ter participado do esquema que teria adulterado os cartões para beneficiar Bolsonaro e pessoas próximas.

Além disso, Cid também é considerado uma peça-chave nas investigações sobre os ataques ocorridos em 8 de janeiro, uma vez que mensagens de teor golpista foram encontradas em seu celular.

A defesa de Mauro Cid, o advogado Bernardo Fenelon, afirmou que “todas as movimentações financeiras do tenente-coronel, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal”.

Diante das suspeitas levantadas pelo Coaf e das investigações em curso, a PF seguirá analisando as informações e dados relacionados às movimentações bancárias de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

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