Polarização entre Alcides e Vilmar desidrata terceira via em Aparecida

A publicação da lista de exonerações de indicados do deputado federal professor Alcides (PL) na prefeitura de Aparecida deixa a olho nu o rompimento entre o parlamentar e o prefeito da cidade, Vilmar Mariano (Patriota, prestes a filiar-se ao MDB). Há pouco tempo aliado de Vilmarzinho, professor Alcides definitivamente será candidato ano que vem, contrariando as expectativas de que poderia trabalhar pelo projeto de reeleição do atual mandatário. 

Professor Alcides já havia disputado ao cargo, em 2016. O jovem vereador Gustavo Mendanha, sob o batismo da missão de suceder Maguito Vilela na chapa encabeçada pelo MDB, venceu o pleito. Alcides, contudo, nem fez cócegas na disputa, que estava polarizada entre Mendanha e o então deputado Marlúcio Pereira, que disputou pelo PSB. 

Agora, buscando entendimento junto ao governador Ronaldo Caiado, já com aval do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, do mesmo partido de Alcides, o parlamentar quer mostrar força para derrotar um grupo que tem cercado o projeto de reeleição de Vilmarzinho. 

Embora parecesse, nos últimos dias, que como em um rompante o nome de Alcides surgisse na disputa, ele já parecia, nos bastidores, disposto a jogar os cargos para o ar e encabeçar uma briga de cachorro grande. Com isso, a situação do presidente da Câmara Municipal, André Fortaleza – do MDB, mas que vai sair da legenda porque queria ser o candidato da sigla, que vai dar subsídio a Vilmarzinho – fica complicada. 

Em Aparecida, no entanto, onde a política se parece com a relação entre familiares que, ao fim do ano, após rompimentos, brigas, traições, reviravoltas, ceia no Natal o banquete do perdão, há muitas surpresas que podem movimentar o jogo da eleição de 2024.

Não se sabe qual vai ser a força de Vilmarzinho e de seu grupo para aglutinar o máximo possível em torno do seu projeto. Lembrando que o apoio declarado de Gustavo Mendanha é um trunfo que qualquer político aparecidense sonha acordado e, claro, daria tudo para tê-lo. 

Mendanha ficou em segundo lugar na disputa ao governo em 2022 depois de ter se deixado a prefeitura para Vilmarzinho menos de dois anos após ter sido reeleito com quase 98% dos votos. O prefeito mais bem votado do Brasil, com capacidade de influir em praticamente todos os políticos da cidade – com mandatos e sobretudo os que não o tinham. 

Além de Vilmarzinho, André Fortaleza e, agora, professor Alcides, ainda têm alguns nomes que pairam no imaginário de qualquer um que para e pensa sobre quem poderia ficar no meio de Vilmar e Alcides. Seria Glaustin da Fokus (PSC)? 

Há quem acredite que até o ex-secretário de Gustavo Mendanha, Tatá Teixeira, que é filho do ex-prefeito Norberto Teixeira. Ainda existe a possibilidade do ex-prefeito de Aparecida, Ademir Menezes (PSD), tentar retornar ao cargo. Uma pessoa próxima chegou a dizer recentemente que Ademir poderia se dedicar, inclusive, ao plano de lançar o filho, o ex-deputado estadual Max Menezes (PSD). 

Outro nome que era cotado, o deputado estadual Veter Martins (Patriota), decidiu vestir a camisa de Vilmar Mariano e o defendeu da rasteira do Professor Alcides, conforme escreveram os repórteres Felipe Cardoso e Francisco Costa nesta quinta-feira (3). 

Veter classificou como “estranho” a articulação do deputado federal bolsonarista. “É legítimo, claro, qualquer eleitor pode ser candidato. Mas é estranho ele ter o apoio do prefeito Vilmar Mariano incondicionalmente para reeleição de deputado federal, representando a nossa cidade [Aparecida], e hoje tentar construir uma candidatura, quando tinha um compromisso com o prefeito Vilmar”, lembra Veter Martins.