CPMI investiga e-mails de Cid sobre venda de Rolex dado a Bolsonaro por sauditas
E-mails revelam tentativa de Mauro Cid de vender Rolex adquirido em viagem oficial
Por: Tathyane Melo
![Imagem Ilustrando a Notícia: CPMI investiga e-mails de Cid sobre venda de Rolex dado a Bolsonaro por sauditas](https://ohoje.com/public/imagens/fotos/amp/2023/08/lula5281-6-1024x613-1.jpg)
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro obteve acesso a e-mails em que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) está envolvido na negociação de um relógio Rolex, de US$ 60 mil (equivalente a aproximadamente R$ 300 mil), recebido durante uma viagem oficial.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira (4/8) pelo jornal O Globo.
Mauro Cid está preso desde maio deste ano sob investigação da Polícia Federal (PF) por suspeita de envolvimento em um esquema de fraudes relacionado ao cartão de vacinação e por manter conversas de teor golpista.
A PF investiga a tentativa de venda do Rolex junto as informações contidas nos e-mails que a CPMI teve acesso. No mês de abril deste ano, Bolsonaro dirigiu-se à sede da Polícia Federal em Brasília, para prestar esclarecimentos a respeito dos presentes recebidos da Arábia Saudita.
Além dele, outras nove pessoas também foram ouvidas, com cinco depoimentos ocorrendo em Brasília e quatro em São Paulo. Entre os depoentes estava o tenente-coronel Mauro Cid.
Origem da Joia
De acordo com informações dos registros do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica, também obtidos pela CPMI, o relógio foi um presente dado pelo rei Salman Bin Abdulaziz al Saud, da Arábia Saudita, para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante uma visita oficial em outubro de 2019.
O relógio é um modelo Oyster Perpetual Day Date da marca Rolex. O joia é descrita como feita de ouro branco, platina e diamantes, com uma pulseira do tipo Presidente, caixa em madrepérola e diamantes.
Negociações por e-mail
Conforme registros adquiridos pela CPMI, em 6 de junho de 2022, um interlocutor responde a Mauro Cid agradecendo seu interesse em vender o relógio e questiona sobre a presença do certificado de garantia original para o item.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro recebeu um e-mail em inglês, com a mensagem: “Quanto você espera receber por ele? O mercado de Rolex usados está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto. Eu só quero ter certeza de que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa”.
Cid responde à mensagem explicando que não dispõe do certificado, pois o relógio lhe foi presenteado em uma viagem oficial e assegura que o relógio nunca foi utilizado, estimando seu valor em US$ 60 mil (aproximadamente R$ 300 mil).
A identidade do intermediário que possivelmente facilitaria a venda não é informada nas mensagens. Além disso, não há informações se as negociações progrediram para finalização da transação ou se foram abandonadas.