O poder de Valdemar Costa Neto, presidente do PL de Bolsonaro

Presidente da sigla que tem grande capital político em Brasília tenta “desdizer” Bolsonaro sem desmenti-lo e garantir sucesso bolsonarista

Postado em: 07-08-2023 às 08h26
Por: Yago Sales
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Presidente da sigla que tem grande capital político em Brasília tenta “desdizer” Bolsonaro| Foto: Valter Campanato/ABr

Um dos homens mais poderosos de Brasília, sem dúvidas, se chama Valdemar Costa Neto: o presidente nacional do Partido Liberal, o PL de Jair Messias Bolsonaro, o ex-presidente do Brasil. O partido de Valdemar tem às mãos o maior quantitativo de deputados na Câmara Federal e um outro tanto significativo de senadores. Entusiasmado com o fenômeno do bolsonarismo, Valdemar cotidianamente precisa responder a questões acerca disso ou daquilo que é dito de radical, da extrema-direita, ou algum voto “isolado” em alguma propositura do governo federal do petista Luiz Inácio Lula da Silva. 

Escrever sobre Valdemar Costa Neto é escrever sobre Jair Bolsonaro e a sua onda devastadora da direita brasileira que ganhou, no ex-mandatário, um porta-voz indiscreto de opiniões que, enquanto os eleitores aplaudem, são um horror à esquerda. E também ao centro que, aos poucos, tem se articulado para zarpar do PL.

Ano que vem o brasileiro volta às urnas para escolher vereador e prefeito. A eleição municipal, tem se discutido tanto, vai ser, outra vez, para compreender o fenômeno do número 22 nas urnas e, quiçá, sob a proteção e benção de São Bolsonaro, um recorde de vitórias para a sigla que agrega alguns dos mais barulhentos representantes da direita e extrema-direita. E veja que muitos outros estão filiados em partidos como Republicanos, União Brasil e, olha só, no Progressistas – sim, o mesmo do presidente da Câmara, Arthur Lira. 

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Lira, inclusive, por pura vocação de oposição nos currais eleitorais, tem sido chamado lá por Alagoas de “esquerdista”, por ter sido protagonista na tramitação da Reforma Tributária no parlamento, com a ajudinha do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outros integrantes do governo Lula 3, como o vice-presidente e ministro da Indústria Geraldo Alckmin. 

Pois bem. Valdemar Costa Neto também tem afinidade com, pelo menos, boa parte do texto aprovado pela Câmara no que tange à reforma tributária. Quando questionado, recentemente, acerca do posicionamento incisivo de Bolsonaro sobre o texto, ele disse, em defesa do pupilo, que houve erro de comunicação. 

Com o poder de fazer uma ponte do que Bolsonaro diz e o que se deveria dizer, Valdemar é costumeiramente chamado para dar explicações sobre um integrante do partido, sem mandato, mas com um salário invejável de R$39 mil apenas para bater perna e mostrar que o partido continua de pé depois de ter perdido o gargalo da Presidência da República e tudo quanto o poder exercido por quem senta naquela cadeira tem pelo País e mundo. 

E, como é sabido, e até reconhecido por Valdemar da Costa Neto, quem manda no partido é o Bolsonaro. Mesmo sob a artilharia pesada da oposição, de suspeitas e investigações, Bolsonaro deverá ser um invejável cabo eleitoral para municípios em todo o País. Inserido no Centrão, do qual foi engolido, vai ficar difícil reconhecer figuras “novatas” do bolsonarismo-raiz. 

Valdemar Costa Neto está certo, como análise publicada no jornal O Hoje recentemente: o eleitor de Bolsonaro não está nem aí para as denúncias contra o ex-presidente. A última, das jóias, não surpreendeu ninguém. E tem a Zabelli, uma aliada considerada inconveniente que, como publicado no final de semana, deve ser jogada aos leões, sem a proteção do partido – é o que Bolsonaro quer. E o que Valdemar Costa Neto precisa acatar.

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