Declaração separatista de Zema abala sua popularidade digital

Após fala considerada separatista, o governador de Minas Gerais perdeu posições e enfrenta desafios na competitiva da direita brasileira. Análise do IPD revela impacto das redes sociais e tendências de projeção nacional

Postado em: 09-08-2023 às 15h34
Por: Tathyane Melo
Imagem Ilustrando a Notícia: Declaração separatista de Zema abala sua popularidade digital
Após fala considerada separatista, o governador de Minas Gerais perdeu posições e enfrenta desafios na competitiva da direita brasileira | Foto: Rafa Neddermeyer / Agência Brasil

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), enfrentou uma queda em sua popularidade digital após ter feito uma declaração interpretada como separatista, na qual defendeu maior protagonismo para as regiões Sul e Sudeste nas discussões nacionais. Essa declaração gerou uma reação crítica nas redes sociais, mesmo após ele ter se retratado posteriormente. Esse declínio na popularidade reverteu a recuperação que ele havia obtido em julho.

A discussão sobre as declarações de Zema reverberou nas redes sociais, com políticos de diversos espectros ideológicos se manifestando. Isso incluiu oposicionistas, figuras de centro e direita. Zema é considerado um pré-candidato de direita para as eleições de 2026 e tem buscado se posicionar em relação ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Por outro lado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador de São Paulo e possível candidato em uma eleição futura, manteve sua liderança em termos de visibilidade digital, mesmo que tenha experimentado uma queda nos números absolutos.

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O Índice de Popularidade Digital (IPD), calculado diariamente pela empresa de pesquisa e consultoria Quaest, revelou essa mudança na percepção pública. O IPD, que varia de 0 a 100, leva em consideração 152 variáveis de plataformas como Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Wikipédia e Google.

A popularidade digital de Zema cresceu em julho, superando a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), que havia sido a vice-líder em junho. No entanto, sua declaração no jornal O Estado de S. Paulo resultou em uma perda de 20 pontos em seu índice, fazendo com que ele retornasse à terceira posição, com 30,08 pontos.

Além disso, a análise da Quaest revelou que a mobilização digital em torno das declarações de Zema foi intensa, gerando mais de 178 mil menções nas redes sociais, com destaque para críticas vindas do Consórcio Nordeste.

Felipe Nunes, diretor da Quaest, disse em entrevista a Folha de S. Paulo que em relação ao contexto político, Zema tenta seguir uma estratégia similar à adotada por Bolsonaro em 2018, onde declarações polêmicas mantêm sua presença nos noticiários e o conectam ao campo político da direita, ainda que isso tenha resultado em perdas temporárias de popularidade.

“No caso do Zema, ele tá apelando para um grupo muito maior, uma divisão muito maior. Porque ele precisa ainda se consolidar como uma liderança antipetista forte, e esse movimento que ele fez é de criação de identidade”, diz o diretor da Quaest.

Para Felipe Nunes a competição no espectro político da direita é acirrada, com Tarcísio, Zema e Eduardo Leite (PSDB) disputando espaço semelhante.

“Hoje a gente vê Tarcísio, Zema e Eduardo Leite disputando a mesma raia, eles estão ali no mesmo espaço, no mesmo campo, e isso gera dificuldades entre eles. O fato do Tarcísio ter conseguido, com o seu posicionamento, perder menos popularidade que o Zema apresenta um desafio maior para o Zema ser o protagonista da direita no âmbito nacional”, afirma Nunes.

O IPD considera cinco dimensões, incluindo número de seguidores, engajamento, mobilização, proporção de reações positivas e negativas e interesse. Cada dimensão é ponderada com base em resultados passados de eleições, fornecendo uma visão abrangente da influência e presença digital dos políticos analisados.

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