Daniel terá desafios para manter base e contemplar aliados em 2026

Eleição terá duas vagas ao Senado e vice, mas para Casa Alta do Congresso já circulam os nomes de Gracinha e Mendanha, o que reduz as possibilidades de negociação do emedebista

Postado em: 17-08-2023 às 08h30
Por: Francisco Costa
Imagem Ilustrando a Notícia: Daniel terá desafios para manter base e contemplar aliados em 2026
Por sorte, 2026 terá duas vagas para Senado | Foto: Reprodução

Pode parecer longe, mas 2026 já entra nos cálculos de muitos políticos. Em Goiás não é diferente. O vice-governador Daniel Vilela (MDB) é o sucessor natural do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e, dito isto, vai ter que ‘rebolar’ para manter a grande base que compõe, hoje, o atual governo e se viabilizar. Isso inclui acomodar os aliados na chapa majoritária que ele irá liderar. 

Por sorte, 2026 terá duas vagas para Senado. Além disso, ele ainda tem a vice para negociar. O número de partidos hoje na base de Caiado, contudo, é grande e, claro, vai além dessas posições – sempre há outras acomodações durante o mandato, mas o ‘filé’ está na chapa. 

Em relação ao Senado, ele pode já ter um problema imediato. Apesar de duas vagas, ambas já são visadas: uma delas pela primeira-dama Gracinha Caiado, que já vem sendo trabalhada para o cargo desde o começo do ano, tendo o nome já caído no gosto dos especuladores políticos; e o outro, o companheiro de longa data com quem fez as pazes recentemente, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (Patriota).

Continua após a publicidade

No caso de Gracinha, ela pode entrar pela cota do União Brasil. Já Gustavo deve retornar, em breve, ao MDB, partido presidido no Estado por Daniel Vilela. Dar a vaga ao colega de legenda reduz o espaço de outras siglas, o que pode pesar. Por outro lado, existe a esperança de Mendanha conseguir uma autorização da Justiça para disputar a prefeitura de Goiânia. A consulta será feita pelo presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi. 

A sinalização positiva seria o melhor de dois mundos para Daniel. Abriria espaço na chapa em 2026 e, caso Gustavo terminasse eleito, teria um aliado na prefeitura da capital, cidade mais importante do Estado. Hoje, é preciso dizer, fazem parte da base do governador: União Brasil, MDB, PP, PSD, Solidariedade, PDT, Podemos, PRTB, Avante, PSC, PTB e Pros. A manutenção dessas siglas dependerá de habilidade e amarração. 

Cenário

Professor e cientista político, Marcos Marinho explica que é fundamental ter capilaridade nas eleições estaduais, uma vez que é necessário alcançar todos os municípios. Uma chapa maior, com mais pessoas e partidos envolvidos, leva mais representação às cidades por meio de estrutura, de diretórios, vereadores, além de tempo de rádio e TV. “Além de inibir o levante de outros concorrentes, adversários que cooptem mais partidos para ampliação de estrutura”, destaca. 

Como ônus, ele cita que é necessário, de fato, acomodar todos que auxiliaram no pleito. “Mas para isso existe a máquina do governo. A lógica é incluir, se não na chapa, nos processos governativos, como plano de governo, em secretarias e em vários cargos espalhados pelo Estado.” Ele aponta, ainda, a participação em projetos locais, influenciando nas eleições municipais dois anos após o pleito. “A negociação perpassa tudo isso”.

Em relação a Daniel, ele vê que este terá, naturalmente, mais dificuldade que o chefe do Executivo atual, uma vez que “ele não é Caiado” e que o cenário não será o mesmo. “Vai depender da participação do governador no processo. Se ele estará mais focado na eleição presidencial, ou se dará suporte. A participação de Gracinha, claro, ajuda, trazendo Caiado para dentro da campanha”, avalia.

Mas para além disso, Marinho afirma que o hoje vice-governador precisa se provar. E o próximo passo é a eleição de 2024, que pode dar envergadura a ele [ou não] para 2026. “Ele precisa ampliar a base, eleger prefeitos e costurar boas alianças para, então, em 2026 puxar de volta esse pessoal para o projeto”.

Ele completa: “Serão vários desafios. Há outros players com potencial de crescimento, inclusive na base. Então, essa sucessão natural não é confiável. É só lembrar de Lincoln Tejota [vice de Caiado no primeiro mandato]. Caso não mostre resultado, não será fácil”.

E Caiado?

O governador Ronaldo Caiado deve alçar voos mais altos em 2026. Ele já é tratado no meio política e imprensa como pré-candidato à presidência. O político esteve, na última segunda (14), em São Paulo, para participar do programa Pânico, da Jovem Pan. 

Convidado pela rádio outrora queridinha do bolsonarismo, Caiado aproveitou a chance de, mais uma vez, colocar-se à disposição da opinião pública para representar a direita, sobretudo quem defende o agronegócio. Na entrevista, relembrou o período em que viajou o Brasil com a União Democrática Ruralista (UDR), que transformou o político goiano em uma referência na discussão, durante a Constituinte, de propriedade privada.

Apesar disso, foi modesto sobre 2026. “Eu posso responder levando um pouco a minha experiência e também a minha primeira candidatura”. Antes de continuar, lembrou-se do pai, que, à época em que decidiu disputar a Presidência da República em 1989, o alertou pela idade. “Meu filho, calma lá você tem 39 anos de idade. Você ainda não passou por nenhum cargo, não tem noção de gestão. E eu dizia: ´meu pai, eu caminhei o Brasil todo, já montamos estrutura da UDR, já fomos vitoriosos na Constituinte’.” 

Ainda na resposta, disse que, para se candidatar, é preciso se impor, “mostrar que não está ali vendido, negociando, sua mesa não é balcão de negócio, as pessoas sabem que o negócio é diferente. A sociedade busca uma candidatura de quem realmente é capaz de ter capacidade no governo federal de botar rumo. Dificuldade é para ser resolvida”. 

Perguntado se ele seria o “cara”, Caiado respondeu: “Não é questão de ser o cara. Todo partido terá um candidato. Você sabe que eu sou de um partido que é grande e que terá pré-candidato também.  É claro que vou pleitear lá em 2026″.

Veja Também