Na Câmara, Márcio Correa se projeta para polarizar com Gomide em Anápolis

Em três anos, enquanto havia em Anápolis um clima praticamente definido entre alguns caciques políticos, que ganhara o atual prefeito Roberto Naves (PP) – reeleito em 2020 – e o deputado estadual e ex-prefeito Antônio Gomide, surgia uma figura que passou a ser expectativa real de poder: Márcio Correa. Presidente do MDB municipal, Correa acaba de assumir o cargo de deputado federal. Ele era suplente de Célio Silveira. 

Sob a liberdade do respeito que tem da executiva estadual, no caso, o presidente da sigla, o vice-governador Daniel Vilela, Márcio é o pré-candidato do emedebismo anapolino ano que vem. Com isso, Correa, pé ante pé, ancorado em Brasília, e com o nome cada vez mais viável para polarizar com Gomide, tem suas estratégias. 

O projeto é levado a sério pela cúpula do MDB, que, por ora, busca alavancar Correa para entrar em uma disputa com fortes chances de vitória. Para isso, seria necessário, como é comum, formar uma frente ampla de direita, sem o protagonismo de Roberto Naves e de qualquer um que seja o escolhido para disputar a sucessão. 

Vale lembrar que o PP, do qual Naves é filiado, tem o peso pesado de Alexandre Baldy, atual presidente da Agência Goiana de Habitação (Agehab), ou seja, um grande aliado do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Baldy também preside a sigla do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira. 

Nessa escalada de busca pela consolidação de protagonismo, Correa não deve desperdiçar nenhuma chance. A última delas: levar para o seu time de consultoria, se é possível dizê-lo assim, o ex-secretário de Comunicação de Naves, o jornalista Luís Gustavo Rocha, para Brasília. E, evidentemente, conseguir que Rocha esteja na disputa pelo pleito em 2024. 

Antes de assumir o mandato, Márcio Correa conversou com a reportagem do jornal O Hoje, onde parecia confiante com o cheque em branco que Daniel Vilela havia dado à executiva municipal do MDB para definir nome à disputa e alianças. “O momento é oportuno para disputar. A gente vai trabalhar bastante para definir o projeto do MDB nas eleições. É oportuno e natural o partido ter candidatura própria porque conhece os problemas das cidades”, afirmou ele na entrevista publicada na edição do dia 13 de julho deste ano. 

Na ocasião, ele, atento para não pôr os pés entre as mãos, reconheceu: “A gente encomendou pesquisas para entender o que pensa o eleitor de Anápolis e deve ter essas informações no segundo semestre”. Márcio Correa também comentou a relação com o ex-deputado federal Major Vitor Hugo. “Tenho conversado frequentemente com o Major Vitor Hugo e o presidente do PL Helio Araújo. Até porque nós temos uma grande parte do eleitorado de direita e centro direita. É natural conversar com o PL. Temos um bom diálogo. Se depender de mim, tem tudo para o MDB e o PL andarem juntos. É um desejo da turma que estamos conversando. Independente de nome, de quem seja o candidato. Claro que eles têm o interesse de ter candidatura própria, mas tudo é conversado.” 

Como postulante à cadeira mais importante de Anápolis, ele não deixou de apontar alguns problemas da gestão de Roberto Naves, a quem acusou de fazer mais política do que gerir a cidade. “Se pegar os números da saúde, comparado com outros municípios, Anápolis perdeu muitos serviços”, citou ele na ocasião. 

O presbiteriano Correa tem sido apontado como o nome da direita mais citado comumente em Anápolis. Antes de chegar à Câmara Federal, onde deve permanecer por 120 dias, o político lecionou em escola estadual entre 2003 e 2004, quando ensinou Biologia e Química. Além disso, é o que o tornou mais conhecido, atuando como cirurgião-dentista. Atualmente é empresário e investidor. Ele é pai de dois filhos.