Portal divulga áudios inéditos do hacker Delgatti sobre trama para tumultuar eleição de 2022

O portal Metrópoles divulgou áudios inéditos do hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti Neto, nesta terça-feira (22). O material, gravado à época da trama, em 2022, mostra elo do programador com a família da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e protagonismo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Conforme o site, antes do encontro com Bolsonaro, no segundo semestre do ano passado, Delgatti foi gravado dizendo o que sabia da reunião. Antes do áudio, ele esteve na sede do PL com o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.

“Eles vão pegar agora uma urna. Eles mesmo vã fazer isso. Eles vão configurar o código-fonte para dar o resultado que eles querem (inaudível). E eu vou apresentar isso. Tipo assim: eles apresentando, ninguém conhece. Eu vou apresentar: ‘Olha gente, isso aqui é fraudável, porque, ó, eu alterei aqui’. E, ao mesmo tempo, vou falar: ‘A única solução é o TSE autorizando essa fiscalização’. Porque eles pediram hoje e não autorizou.

A data era 9 de agosto. No mesmo dia, ele foi filmado dentro do hotel Phenícia, no Setor Hoteleiro Sul de Brasília. Segundo divulgado pela Veja, um motorista, com placa fria, passou para pegá-lo antes do encontro com Bolsonaro.

Um outro áudio, desta vez de 22 de setembro, cerca de um mês antes da eleição, Delgatti fala do protagonismo do então presidente. “O Lula nunca quis me falar um ‘oi’. O Bolsonaro, ele tá fazendo questão que eu vá lá. Aí, teve uma equipe dele que falou: ‘Irmão, é bom ele não vir aqui, porque pode queimar’. Ele [Bolsonaro] falou: ‘Quem manda aqui sou eu, e ele vai vir’. Ou seja, olha a diferença do Lula e o Bolsonaro. O que que eu vou ficar fazendo atrás do Lula? Eu nunca gostei de esquerda. Eu sempre gostei de arma. Ou você acha que o presidente da República estaria correndo esse risco de me receber lá, se não fosse algo que ajudasse muito ele?”

Já o último áudio divulgado pelo Metrópoles, mostra a relação com Zambelli, que é investigada por ter recrutado o hacker. “Eles estenderam a mão para mim, cara. Ou, a Carla me tratou hoje como se fosse um filho, uma coisa que nunca aconteceu na minha vida. A ponto da mãe dela me servir leite, leite com Nescau, na mesa, e acompanhando ela. Eu fiquei lá (inaudível) com o filho dela, no joguinho…”

Walter Delgatti esteve na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas, na última semana, e afirmou ter recebido promessa de indulto de Bolsonaro, caso fosse pego, além de afirmar que houve um grampo ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Ele também afirmou que foi contratado por Zambelli para tumultuar as eleições.

A defesa de Zambelli disse, em nota, que “refuta e rechaça qualquer acusação de prática de condutas ilícitas e ou imorais pela parlamentar, inclusive, negando as aleivosias e teratologias mencionadas pelo senhor Walter Delgatti”. Advogado da deputada, Daniel Bialski diz que as versões do hacker mudam todos os dias. Segundo ele, a palavra de Delgatti “é totalmente despida de idoneidade e credibilidade”.